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Estadão Conteúdo

Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo

Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo

No último sábado, o mineiro André Rhouglas, de 56 anos, deixou a casa e os filhos e se enfiou num ônibus na rodoviária de Ponte Nova (MG), a 190 quilômetros de Belo Horizonte. Foram 15 horas de viagem e 910 quilômetros, até chegar ao Planalto Central. Nesta quarta-feira (2), dia em que o parlamento vota a denúncia contra Temer, Rhouglas esperava uma multidão no gramado do Congresso Nacional. Encontrou a grama seca e um vazio absoluto da Esplanada. Nenhum outro manifestante sequer. “É uma frustração muito grande”, diz ele. “Brigamos tanto em 2013 por causa de 20 centavos. Hoje não mexemos nem um dedo por centenas de bilhões que são roubados todos os dias. Ficamos parados no sofá, olhando tudo e reclamando, sem fazer nada”. Pedreiro, garçom, pintor e desenhista de faixas, Rhouglas trouxe consigo uma cruz de madeira, para simbolizar “o sacrifício do povo brasileiro”. Com suas sacolas e uma bandeira maltratada do Brasil, Rhouglas, que cursou o ensino médio, pendura um pequeno cartaz no pescoço para pedir a saída do presidente e anunciar que o Congresso Nacional é o “esgoto brasileiro”. Divorciado e pai de filhos com 21, 18 e 15 anos de idade, o manifestante diz que vai começar a voltar para casa na noite desta quarta. Nos últimos três dias, ficou hospedado numa pousada em Brasília. “Vou seguir no meu protesto até o fim do dia, mas depois vou pra casa. Meus filhos já estão grandes, mas preciso voltar para cuidar dos meninos e trabalhar.”

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