Imagem ensaio 1Alguma coisa estava em coerência e ordem. Hoje, os interesses e receios pessoais são o que vale. Procure saber e você não mais se interessará pelos detalhes e episódios infelizes de muitos artistas – que são seres imperfeitos, falhos e com os mesmos ou maiores problemas do que a maioria de nós.

Procure saber quanto os governos estaduais e federal gastarão para impedir qualquer pensamento (se fosse assim possível) contrário aos vergonhosos gastos gigantescos com o “país do futebol”; aliás com o futebol do país do carnaval – para as pessoas e nações que assim vêem o Brasil.

Ainda penso que o número de milhões gastos para conter as vozes que não se calarão durante a Copa, por exemplo, será maior do que os governos obviamente divulgarão. E a sociedade arcando com o “espetáculo da força”…, enquanto maior parte dela tem fome (de saúde pública condigna/avançada/eficiente, de educação gratuita de qualidade, de menos preconceitos e discriminações, de mais oportunidades de trabalho, etc).

Agora, é tudo conveniência: quem escreveu e cantou “afasta de mim este cálice”, “podres poderes” e outros protestos quer (num ontem recente, quase hoje) nublar a voz, a liberdade de escrita e de digna pesquisa de biógrafos/pesquisadores. Em vão, porque o Judiciário, em suas altas cortes – principalmente o STF – jamais tolherá a liberdade de pesquisa e expressão em prol de quem está parecendo ter “rabo preso”.

É óbvio que, se um biógrafo ou pesquisador relatar fatos dos quais não tenha prova ou que cheguem a desabonar (comprovados ou não) as integridades – qualquer delas, especialmente a moral – do biografado, esse pode e deve, a meu ver, acionar judicialmente contra quaisquer inverdades (até que se prove o contrário) ou contra deturpações publicadas/veiculadas a seu respeito, que venham a ferir a sua dignidade, para que sejam retiradas do mercado publicações abusivas – podendo ser, inclusive, indenizado como pessoa ou como figura pública.

Mas os fatos que forem fruto de provas – sejam testemunhais, sejam documentais ou de qualquer outra natureza em direito admitidas (o biógrafo/pesquisador sério sabe muito bem disto) -, relatados com a devida seriedade e conforme ocorreram na vida PODEM ser veiculados de qualquer modo, em qualquer trabalho – inclusive os de cunho biográfico – e sob qualquer formato (livros, revistas, meios impresso, virtual e tantos outros), SEM NECESSIDADE ALGUMA de autorização prévia de quem quer que seja, e isto está em PLENA sintonia com o que a legislação brasileira prevê atualmente.

JAMAIS os tribunais superiores, em face do que prevê o Código Civil em vigor e a própria Constituição Federal sustariam ou limitariam a liberdade de pesquisa/expressão de biógrafos ou pesquisadores de toda natureza, sem uma fundamentação clara que se extraia do próprio ordenamento jurídico. E tal fundamentação ou base legal não existe! 

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Nem precisavam tanta vergonha e exposição dos nossos “ex-ícones ou ídolos” – respeitados em suas carreiras – pelo tão malfadado movimento PROCURE SABER. Feliz resultado: esse esvaziou (“fuou”, como se diz no interior com relação a bombas/fogos de estouro que não causam o menor barulho. Risos…)

Eu sabia que isto iria ocorrer. É a história: “quem não deve não teme”. E os artistas que se enganaram ou supuseram que iriam comover ou convergir a opinião pública (a seus favores?) ficaram desapontados; alguns até desnecessariamente, por ser difícil quem se interesse por escrever, por meio de uma pesquisa documental séria, biografias de alguns deles, cujas vidas interessam muitíssimo pouco à sociedade atenta e crítica no bom sentido. Podem ficar despreocupados: dificilmente alguém escreverá ou se interessará por ler, principalmente depois do contraditório “procure saber”.

Por seu turno, analogicamente, quem se ombreou nas guerrilhas ou articulações física e ideológica contra o lamaçal da Ditadura Militar brasileira (a própria Presidente) recorre ao uso da força exagerada atualmente (e, em breve, veremos nitidamente isto), temendo as vozes das ruas; vozes, reflexões, reivindicações e mudanças de atitude que formam, quando amadurecidas/sérias/sensatas, o único caminho possível para mudar panoramas tristes do nosso país: a luta política no seu sentido sério (jamais partidária); a luta político-cidadã à qual se referia, continuamente, o saudoso e admirável professor-educador Calmon de Passos. A luta política contra injustiças, corrupções, continuísmos viciosos; a luta dos labores de conscientização de “Mabéis”, “Alans”, “Marys Castros”, “Crimeias”, “Enézios”…

Logicamente, olhares, atuações e desejos idênticos nunca serão possíveis nos caminhos desta honrosa luta. Sempre haverá os dissonantes depredadores e que misturam, convenientemente, interesses vis.

Mas a dignidade da luta é a mesma, de modo que eu repito o que Elba Ramalho, de quem tanto gosto, na linda gravação histórica de NORDESTE INDEPENDENTE, disse e foi repreendida (logo depois e até hoje, aplaudida):

“Povo do meu Brasil, políticos brasileiros, não pensem que vocês nos enganam, porque o nosso povo NÃO É BESTA!”

Enézio de Deus é escritor, advogado e servidor público baiano, natural de Retirolândia; Mestre e Doutorando em Família pela UCSAL.

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