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Por G1

Foto: Edu Andrade

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o Fies, programa federal para estudantes de baixa renda financiarem mensalidades do ensino superior [em universidades privadas], é “bolsa para todo mundo” e “um desastre”.

Em reunião do Conselho de Saúde Complementar na última terça (27), Guedes contou de forma anedótica que “o filho do porteiro do prédio” tirou zero em todas as provas e conseguiu financiamento.

“Teve uma bolsa do governo, o Fies, uma bolsa pra todo mundo. [….] O porteiro do meu prédio virou pra mim e falou: ‘Eu tô muito preocupado’. Eu disse: ‘O que houve?’ Ele disse: ‘Meu filho passou na universidade’. Eu: ‘Ué, mas vc não tá feliz por quê? Ele: ‘[Meu filho] tirou 0 na prova. Tirou 0 em todas as provas. Recebi um negócio financiado escrito ‘parabéns seu filho tirou…’ Aí tinha um espaço pra preencher… e lá 0. Seu filho tirou 0 e acaba de se ingressar na nossa escola. Estamos muito felizes.”

O ministro da Economia disse em outro comentário sobre o Fies “foram até outro extremo. Deram bolsa para quem não tinha nenhuma capacidade. Botaram todo mundo… Exageraram. Foram de um extremo ao outro. Então, eu tô falando isso porque nós temos que ter muito cuidado quando a gente vai entrar em credenciamento”.

“Desastre”

Em outro momento, Guedes chama o Fies de “desastre” ao complementar uma comparação entre sistema público e privado de saúde.

“Hospital privado chega e bate todo dia lá na porta do [paciente] Fez a cirurgia ontem de apendicite. De manhã cedo: Tá tudo certo? Tá com febre? Não. Vamo embora. Sai da cama aí. Vai ficar na cama não. Tem que desalojar. No sistema público o cara fica oito dias deitado. Aí tem uma fila no corredor querendo entrar. […] Por mais que nós trabalhemos nós não vamos dar conta do desafio se a gente não se encontrar com o setor privado a mil por hora. Eu acho que até exageraram no caso do privado, por razões e outras. Deram aquele fundo para educação [Fies]. Exageraram, deram R$ 40 bilhões, enriqueceram meia dúzia de empresários, foi um desastre. Exageraram. E aí não conseguiram manter.”

Ao jornal “O Globo”, o ministro defendeu as falas e disse que a intenção era alertar para a baixa qualidade de faculdades privadas.

“Eu estava dizendo de quão importante foi o investimento privado para permitir acesso ao ensino superior. O Fies foi um programa exitoso, deu acesso, embora eu prefira voucher para as famílias mais pobres, e aí citei o dilema que estava o porteiro do meu prédio. Isso é fato, é verídico”, afirmou.

“Eu dei um exemplo de uma caça-níqueis privada que aprovou alguém com média zero e possivelmente foi a base do Fies. Não tem nada a ver com filho de porteiro. O filho de porteiro foi um exemplo de uma pessoa humilde que me consultou preocupada com a qualidade da educação do filho.”

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