Carreta pega fogo após bater contra trem no interior da Bahia
Por g1 BA e TV Sudoeste
Uma carreta pegou fogo após bater contra um trem na BR-030, trecho da cidade de Brumado, no sudoeste da Bahia. O acidente aconteceu na noite de segunda-feira (18).
De acordo com a VLI, empresa responsável pela logística ferroviária na região, a batida aconteceu após a carreta tentar cruzar um trecho da rodovia cortado por uma ferrovia, no momento em que o trem passava pelos trilhos. Ainda conforme a empresa, todos os procedimentos de segurança foram adotados pelo maquinista, mas não foi possível evitar o choque.
Em imagens registradas por moradores, é possível ver as chamas que atingiram os veículos. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a pista foi interditada por duas horas, para o combate ao fogo. O incêndio foi controlado com o auxílio de carros-pipa.
Conforme a companhia, a região é sinalizada quanto à estrutura ferroviária. Apesar do susto, o maquinista não teve nenhum ferimento e o motorista da carreta sofreu apenas lesões leves. Ele foi encaminhado por equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o Hospital Municipal de Brumado.
Estudo da OMS diz que uma em cada três pessoas no mundo sofre de pressão alta; números do Brasil preocupam ainda mais
Por Bom Dia Brasil
Um estudo da Organização Mundial da Saúde mostrou que em todo o mundo, um em cada três adultos sofre de hipertensão. E a questão é ainda mais alarmante: quase metade não sabe se tem a doença, ou então não recebe o tratamento adequado.
As estatísticas, porém, são ainda mais preocupantes no Brasil: mais de 50 milhões de brasileiros com idade acima de 30 anos convivem com hipertensão, também chamada de pressão alta.
A hipertensão é uma doença silenciosa que, se não for adequadamente diagnosticada por médicos cardiologistas e bem tratada, pode levar à várias outras intercorrências na saúde da pessoa, principalmente a longo prazo, como acidente vascular cerebral, infarto e morte. De acordo com o estudo da OMS, no Brasil, apenas 33% por cento dos 50 milhões de hipertensos controlam a pressão arterial.
A pressão é criada pela força do sangue contra as paredes das artérias ou vasos sanguíneos. Quando essa pressão chega ou ultrapassa 14 por 9, ela pode causar danos em muitas partes do corpo, especialmente no cérebro, coração e rins.
De acordo com o estudo, no Brasil, a doença atinge 45% da população adulta – 50 milhões de pessoas entre 30 e 79 anos. Destes, 62% estão tratando a doença, mas só 33% estão com a pressão controlada.
O fato da doença quase nunca gerar sintomas é o grande desafio do tratamento. E mesmo após fazer um exame que aponta a pressão alta, muitas pessoas desprezam o resultado.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda que todos os adultos façam um exame para medir a pressão pelo menos uma vez por ano. Se houver o diagnóstico, a pessoa tem que tomar remédios e adotar hábitos saudáveis, como reduzir o sal, a bebida alcoólica, não fumar e fazer exercícios físicos. Essas medidas podem, inclusive, adiar as complicações relacionadas à hipertensão.
“Os hábitos saudáveis vão fazer com que a gente postergue o uso da medicação, e postergue que uma herança genética que a gente tenha. Se eu tenho meu pai, meus irmãos hipertensos, provavelmente eu vou ser hipertenso. Mas eu posso jogar isso mais para frente. Ao invés de começar a usar remédio com 40 anos, 35 anos, eu vou começar a usar remédios com 50, 60 anos”, argumentou Fausto Stauffer, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia do Distrito Federal.
“As medicações, apesar de serem boas, a gente sabe que elas têm efeitos colaterais, também. Então se a gente tem uma medida eficaz para controle de pressão arterial pelo menos na fase inicial da doença, a gente deve fazer isso”, recomendou.
De acordo com o relatório da Organização Mundial de Saúde, se o Brasil melhorar as taxas de tratamento de hipertensão, o país poderia evitar cerca de 365 mil mortes até 2040.
Testemunhas de Jeová voltam a realizar grandes congressos em 2023
Por Ascom Testemunhas de Jeová
Após uma pausa de três anos por causa da pandemia, os congressos das Testemunhas de Jeová voltarão a ser realizados presencialmente em centenas de países. Milhões de pessoas irão se reunir em vários lugares para assistir ao programa de 2023, com o tema: “Seja Paciente”.
A cidade de Valente, na região sisaleira da Bahia, foi uma das escolhidas para receber o congresso com duração de três dias — de sexta a domingo, a partir das 9h20 da manhã. O primeiro evento começa no dia 29 de setembro e o último no dia 10 de outubro. O congresso será realizado no Ginásio Municipal de Esportes Arnaldo Santos, localizado às margens da rodovia BA-120.
Até 2019, milhares de pessoas viajavam para diferentes cidades brasileiras para assistir aos congressos das Testemunhas de Jeová, movimentando a economia local. Mas em 2020, elas cancelaram seus eventos presenciais e passaram a realizá-los virtualmente, devido ao coronavírus. Agora, em 2023, os grandes congressos das Testemunhas de Jeová voltam ao formato presencial. O porta-voz regional das Testemunhas de Jeová, Israel Maia, comenta: “Foi muito bom assistir aos congressos virtualmente, mas nada se compara a estarmos juntos de modo presencial, com as pessoas”.
Cerca de 6 mil congressos da série “Seja Paciente” ocorrerão durante 2023 ao redor do mundo. No Brasil, serão cerca de 600 congressos em 14 idiomas, incluindo o espanhol, crioulo haitiano, língua brasileira de sinais e algumas línguas indígenas. As palestras, vídeos e músicas vão destacar como a Bíblia pode ajudar as pessoas a terem mais paciência. Os que estiverem presentes ainda poderão assistir ao batismo, que acontece no sábado.
“A paciência é uma linda qualidade que todo cristão deseja desenvolver em sua vida diária”, disse Israel Maia. “Apesar das nossas boas intenções, ter paciência ao enfrentar problemas pode ser um desafio. Por isso, passar três dias estudando como desenvolver essa qualidade será muito bom para todos”, concluiu.
Você e sua família estão convidados para assistir ao congresso “Seja Paciente”! A entrada é gratuita e não são feitas coletas.
Santaluz sente peso da falta de gols e perde para Crisópolis no agregado, mas é salva pela repescagem e se classifica para a 3ª fase do Intermunicipal
Santaluz empatou em casa com Crisópolis por 0 a 0 na tarde de domingo (17), mas perdeu no placar agregado o confronto de mata-mata válido pela segunda fase do Intermunicipal, já que havia sido derrotada por 2 a 1 no jogo de ida, e só não acabou eliminada de forma precoce da competição por causa da repescagem – o critério é que entre as vinte seleções desclassificadas na segunda fase, Santaluz foi uma das doze mais bem colocadas nas duas primeiras fases.
Pressionada, a seleção luzense enfrenta Ipirá no próximo domingo (24) com a missão de provar para a torcida que mereceu a sobrevida no mata-mata e o desafio de superar a campanha marcada até aqui por falta de padrão de jogo, erros de passes, muitas mudanças na equipe e baixo aproveitamento. Para se ter ideia, com o tropeço em casa diante de Crisópolis, Santaluz chegou ao quinto jogo consecutivo sem vencer no Intermunicipal. A última vitória foi há mais de um mês, contra Jacobina, pela terceira rodada.
Ao todo, a seleção luzense já empatou quatro partidas, venceu duas e sofreu a mesma quantidade de derrotas. Conquistou somente 10 dos 24 pontos disputados. O aproveitamento é de apenas 41,6%.
Além de tentar reencontrar o caminho das vitórias, Santaluz ainda vem buscando equilíbrio defensivo e ofensivo. Em oito rodadas, conseguiu ficar quatro jogos sem ter a defesa vazada, mas também em quatro partidas não fez um gol sequer.
Salvo pela repescagem, o treinador Diego ganhou mais uma semana inteira para preparar o time. E, pelo visto, há muito trabalho a fazer.
Notícias de Santaluz
Blindados da Polícia Federal são enviados à Bahia para reforçar combate ao crime organizado
Por TV Globo e Globo News
Três viaturas blindadas da Polícia Federal foram enviadas à Bahia nesta segunda-feira (18), para reforçar o combate ao crime organizado. Os veículos foram embarcados em um navio da Marinha, no porto do Rio de Janeiro, e devem chegar entre quarta (20) e quinta-feira (21) à capital baiana.
De acordo com a Polícia Federal, os blindados serão utilizados por equipes do Comando de Operações Táticas (COT) e do Grupo de Pronta Intervenção (GPI). O envio dos veículos, que são utilizados por outras superintendências regionais, estava na programação da instituição.
“As viaturas estavam definidas para reforçar o nosso trabalho. Não se trata de uma medida nova. Outros estados têm os seus blindados e, agora, a Bahia está sendo contemplada”, explicou o Superintendente Regional da PF na Bahia, Flávio Albergaria.
Com o reforço, a PF baiana passará a atuar com cinco veículos blindados nas operações da força-tarefa de segurança no combate ao crime organizado.
A Bahia vive uma onda de violência entre julho e setembro deste ano. A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) e a Polícia Federal se reuniram no sábado (16), para discutirem ações de combate ao crime organizado e ampliação de esforços para que sejam encontrados todos os suspeitos de envolvimento no confronto que resultou na morte do policial federal Lucas Caribé.
Na reunião, que aconteceu no Centro de Operações e Inteligência (COI) da SSP, situado no Centro Administrativo da Bahia (CAB), estiverem presentes o secretário da Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, o diretor Executivo da PF, Gustavo Paulo Leite de Souza, o diretor de Inteligência da PF, Rodrigo Morais Fernandes, o superintendente Regional da PF na Bahia, Flávio Albergaria, e integrantes das Polícias Militar e Civil. Eles discutiram novas ações de inteligência e de repressão qualificada.
De acordo com Werner, todos os recursos estaduais e federais estão disponíveis. Ele destacou que o trabalho integrado entre a SSP-BA e a Polícia Federal está focado no combate às facções criminosas.
Desde agosto, a Polícia Federal participa de operações na Bahia como parte de um acordo de cooperação entre o governo estadual e federal para reprimir a criminalidade no estado.
O grupo criminoso se escondeu em uma região de mata fechada, do bairro periférico da capital baiana, de acordo com a secretaria da segurança da Bahia.
A força de segurança que reúne PF e polícias Civil e Militar está atuando com 400 homens.
Atletas de Santaluz conquistam 18 medalhas em competição de jiu-jitsu
Atletas de diversas cidades se encontraram no domingo (17) para disputar a 15ª edição do Bonfim Open de Jiu-Jitsu, considerado o maior evento da modalidade nas regiões norte e nordeste da Bahia.
A competição é idealizada pelo multicampeão Vugner Silva e foi realizada na cidade de Senhor do Bonfim, no norte do estado, contando com a participação de 320 atletas nas categorias mirim até master.
Com uma delegação de 16 alunos/atletas, o projeto Santaluz Luta Social conquistou 18 medalhas [7 de ouro, 7 de prata e 4 de bronze] e ajudou a Nova União Bahia a garantir o primeiro lugar na disputa por equipes.
“Gostaria parabenizar o mestre Vugner Silva pela organização de mais um evento grandioso, e agradecer aos pais dos alunos/atletas pela confiança no nosso trabalho, que já dura 14 anos, fomentando o jiu-jitsu como ferramenta de inclusão social não só pelo seu viés esportivo, mas também promovendo ensinamentos como convivência em grupo, comprometimento, disciplina e respeito”, afirma o policial militar, professor e árbitro de jiu-jitsu e coordenador do projeto Santaluz Luta Social, Herikinho Reis.
Notícias de Santaluz
Concurso para professor é cancelado em Feira de Santana após erros em 20 das 35 questões
Por g1 BA e TV Subaé
Um concurso público com vagas temporárias para professores da rede municipal de Feira de Santana foi cancelado após os candidatos identificarem que ao menos 20 das 35 questões apresentavam erros ou não estavam em conformidade com o edital.
A prova seria aplicada para 3.200 candidatos na manhã de domingo (17), em dois pontos da cidade: na sede da Unex e na Faculdade Anísio Teixeira. No entanto, ao perceberem os erros, as pessoas deixaram as salas e, na frente dos prédios, pediram o cancelamento do concurso.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação informou que houve um equívoco cometido pela empresa responsável. A prefeitura afirmou ainda que não teve acesso à prova antes dela ser aplicada por questões de sigilo e segurança.
Mais de 3.200 candidatos se inscreveram para concorrer a 80 vagas disponíveis. Cada pessoa pagou R$ 80. As inscrições para a prova aconteceram entre 2 a 10 de setembro.
Também em nota, a empresa responsável pela aplicação da prova lamentou o ocorrido e reconheceu que a situação causou transtornos e inconveniências para os candidatos. A empresa pediu desculpas pelas frustrações causadas e disse que vai remarcar a avaliação.
Vírus que rouba Pix faz limpa em quase todo o saldo da conta sem você notar
Uma nova ameaça descoberta pela Kaspersky, empresa especializada em softwares de segurança, permite que cibercriminosos roubem valores de Pix de um celular “infectado” sem que a pessoa perceba logo de cara. O vírus afeta apenas aparelhos com sistema Android.
Funciona assim: um trojan bancário (um programa disfarçado instalado no celular) consegue trocar a chave Pix durante uma transferência bancária para uma do criminoso.
O vírus pode não só alterar o destino do dinheiro, como mudar também o valor da transferência — com base no quanto a vítima tem no banco. De diferente no processo, há apenas um certo tremor na tela.
Em um vídeo obtido pela empresa e visto pela coluna Tilt, do UOL, a companhia verificou que há modalidades desta “praga” que conseguem roubar quase todo o saldo da conta.
O vídeo mostra uma pessoa que tenta transferir R$ 1 para um conhecido. Na hora de digitar a senha para concluir o processo, ela volta para verificar se está correto, mas há o nome de outra pessoa e o valor de R$ 636,95 (97% do valor do saldo da pessoa, que no caso era R$650). Neste caso, a vítima só notaria a perda do dinheiro após verificar o saldo.
Chamado de Brats, o trojan bancário já foi detectado mais de 1.500 vezes de janeiro até o momento, segundo a empresa. A Kaspersky alerta que há risco de a ameaça se espalhar ainda mais. Já é o segundo trojan bancário com mais detecções pela companhia, mesmo tendo sido descoberto apenas no fim do ano passado.
Este trojan é uma evolução do chamado golpe da mão invisível. O “Br” do nome Brats vem do Brasil —até um momento é uma exclusividade do país. E o “ats” vem da sigla em inglês de sistema automatizado de transferência.
No golpe da mão invisível, um smartphone infectado ao entrar em um app bancário notifica o cibercriminoso. Ele, então, consegue ter acesso remoto ao aparelho e tomar conta, podendo alterar valores de transferências e realizar outras operações.
“Este novo trojan, o Brats, não exige que o cibercriminoso esteja em frente ao computador para executar a transferência bancária. O criminoso pode estar na praia enquanto o malware está roubando as pessoas. Isso faz com que eles consigam ganhar no volume”, afirma Fabio Marenghi, analista de segurança de informação da Kaspersky.
Cibercriminosos têm preferência pelo Pix por promover transferência instantânea de dinheiro: uma vez transferido o dinheiro, ele é rapidamente enviado para diversas contas para dissipar os valores.
Pacientes que usam flores de maconha temem ficar entre a farmácia e o tráfico
Por Folhapress
Pacientes que fazem tratamento com flores de Cannabis no Brasil para amenizar sintomas de doenças como câncer, epilepsia, mal de Parkinson, esclerose e fibromialgia estão numa corrida contra o tempo.
Eles foram pegos de surpresa, em julho passado, pela nota técnica da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) que proibiu a importação de flores de maconha para fins medicinais e deu prazo de 60 dias para as últimas importações.
A data limite de postagem de produtos importados ao país é o próximo dia 20, quarta-feira, o que gerou corre-corre de pacientes, uma avalanche de pedidos nas importadoras e ainda questionamentos na Justiça.
“Quando soube da notícia, tive uma crise de pânico”, afirma o cenógrafo e DJ Fabrizio Pepe, 34, que tem de fibromialgia e, desde janeiro, faz uso de três tipos de flores de cannabis importadas da Califórnia e vaporizadas para o controle de dores e efeitos colaterais.
“As flores são como um analgésico de efeito imediato, e também melhoraram meu sono, que era horrível por causa da rigidez muscular provocada pela dor”, afirma, ressaltando que as flores têm zero ou baixíssima concentração de THC (tetrahidrocanabinol), responsável pelo efeito psicotrópico da planta cannabis.
Quando suas últimas flores desembarcarem no país, seu prognóstico é retomar os medicamentos convencionais que havia abandonado. “É tudo o que eu não queria porque o remédio para dor leva ao remédio para a depressão e a outro para dormir”, relata.
Outros pacientes que usam flores vaporizadas agora temem ter que buscar alternativas de tratamento, seja nas prateleiras das farmácias ou no mercado ilegal de drogas.
Empresas e associações estimam que cerca de 5.000 pessoas façam uso medicinal de flores de maconha no Brasil, importadas por meio da resolução 660 (RDC 660) da Anvisa, de 2022. Não há dados oficiais.
A norma permite que pacientes cadastrados na agência importem produtos com THC e com CBD (canabidiol) mediante prescrição médica e a assinatura de termo de esclarecimento e responsabilidade sobre a ausência de segurança e de comprovação científica da eficácia dos produtos para tratamentos.
O argumento da falta de evidências, que vale para a quase todos os produtos derivados da Cannabis importados via RDC 660, foi apresentado pela Anvisa como uma das justificativas para o recente veto apenas à importação de flores. Para a agência, neste caso, há “alto potencial de desvio para fins ilícitos”.
A agência tem respondido a ações na Justiça com registros de propagandas irregulares de flores de maconha, que é um produto controlado, e de promoções de empresas do setor que prometem “legalizar” o consumo de flores de maconha por meio da obtenção de receitas médicas.
Um caso emblemático foi o da empresa The Hemp Complex, que tem como um dos sócios o rapper Marcelo D2, ex-Planet Hemp, e que lançou em julho passado uma campanha cujo slogan era “Bora ficar legal”. Poucos dias depois, a Anvisa publicou a nota proibindo a importação de flores.
Kennedy Filho, CEO da Just Hemp, que comercializa óleos e cremes de cannabis e também importava flores para fins medicinais até a proibição, afirma que era sabido que algumas empresas praticavam irregularidades. “Mas é triste ver que, no lugar de criar regras e conter abusos, a Anvisa tenha adotado uma medida arbitrária que prejudica pacientes.”
O neuropediatra Eduardo Faveret explica que a vaporização de flores de maconha é um complemento importante ao tratamento com óleos de cannabis, via oral, cujo efeito demora para ocorrer.
“A vaporização é muito adequada como via de urgência, nos momentos de agudização de dores e ansiedades”, afirma. “Em comparação com a administração via oral, a via inalatória gera níveis de 3 a 5 vezes maiores de concentração dos princípios ativos no sangue do paciente. A vantagem é a rapidez do efeito e sua duração mais curta.”
Caroline Heinz, CEO e fundadora da Flowermed, que afirma atender a 2.600 pacientes na importação de flores, contesta os argumentos da Anvisa para a proibição. “A Anvisa não provou que houve desvio dos produtos nem que a forma vaporizada de administração da cannabis não tem evidência científica.”
“Muitas empresas que investiram na comercialização de óleo em farmácias [permitida pela RDC 327 e que requer grandes investimentos] estavam incomodadas com o volume de vendas das empresas que trabalhavam com a importação de flores de cannabis”, diz.
Não existem dados oficiais sobre o volume de importação de flores de maconha medicinal, cujas autorizações cresceram mais de 90 vezes em sete anos. Em 2015, primeiro ano da importação de produtos à base de maconha medicinal, a Anvisa autorizou 850 importações. Em 2022, foram 79.995.
A Anvisa não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre eventuais pressões de empresas do setor de óleo de maconha. Em nota, a agência informou que o conceito de produto à base de Cannabis está regulamentado na RDC 327 e que a “normativa sanitária veda o uso sob a forma de droga vegetal ou suas partes”. A nota não explica por que, então, flores eram importadas até julho passado.
Para o advogado Emílio Figueiredo, pioneiro no país no uso de habeas corpus para garantir o cultivo pessoal para uso medicinal, a decisão da Anvisa de proibir flores de cannabis “fortalece as empresas que vendem o produto na forma óleo e que vinham sentindo um crescimento abaixo do esperado por conta do sucesso das flores importadas”.
Em nota, a BRcann (Associação Brasileira das Indústrias de Canabinoides), que reúne empresas do setor dedicadas à produção de óleo para venda em farmácia, nega eventuais pressões na Anvisa e diz que apoia a decisão da agência por considerá-la “uma reação taxativa contra o uso indevido” da RDC 660.
A Abrace (Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança), primeira instituição do país a obter autorização judicial, em 2017, para cultivar maconha para fins medicinais, diz que vai recorrer aos tribunais mais uma vez, agora para poder oferecer flores aos seus associados.
A proposta é limitar o fornecimento de flores somente para pacientes com câncer, epilepsias, doenças neuropáticas, Parkinson, Síndrome de Tourette e transtorno de ansiedade generalizada.
“Nossa missão é lutar para que os pacientes tenham acesso a tratamento, não importa se é flor, se é pomada, se é óleo. A dor não pode esperar”, diz Cassiano Gomes, fundador e diretor-executivo da Abrace, que tem 40 mil associados.
Catarina Leal, 41, tem câncer metastático nos ossos e diz precisar da planta. “A quimioterapia dificulta a alimentação e a vaporização melhora o meu apetite.”
“O óleo, além de demorar para fazer efeito, às vezes provoca efeitos gástricos indesejáveis. Eu não faço uso recreativo, é uma necessidade”, afirma ela, para quem a negação do tratamento vai empurrar as pessoas para o mercado ilegal.
Fentanil: nova onda de overdoses assola EUA e mata quase 300 por dia
Por BBC
Cada vez mais americanos morrem por overdose de fentanil, à medida que uma nova onda da epidemia de opioides começa a se espalhar pelas comunidades dos quatro cantos do país.
Há seis anos, Sean morreu de uma overdose acidental por fentanil em Burlington, no Estado de Vermont. Ele tinha 27 anos.
“Cada vez que ouço falar de uma perda devido ao abuso de substâncias, meu coração se parte um pouco mais”, escreveu a mãe dele, Kim Blake, em um blog dedicado ao filho.
“Mais uma família despedaçada. Sempre de luto pela perda de sonhos e celebrações.”
Neste ano, os Estados Unidos testemunharam um marco sombrio: pela primeira vez, as overdoses mataram mais de 100 mil pessoas em todo o país num único ano.
Dessas mortes, mais de 66% estavam ligadas ao fentanil, um opioide sintético 50 vezes mais poderoso que a heroína.
O fentanil é um produto farmacêutico que pode ser prescrito por médicos para tratar dores intensas.
Mas a droga também é fabricada e vendida por traficantes. A maior parte do fentanil ilegal encontrado nos EUA é traficado a partir do México e usa produtos químicos provenientes da China, de acordo com o Drug Enforcement Administration (DEA), órgão federal encarregado da repressão e do controle de narcóticos.
Em 2010, menos de 40 mil pessoas morreram por overdose de drogas em todo o país, e menos de 10% dessas mortes estavam ligadas ao fentanil.
Naquela época, as mortes eram causadas principalmente pelo uso de heroína ou opioides prescritos por profissionais de saúde.
A mudança de cenário é detalhada num estudo divulgado recém-publicado por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA).
O trabalho examina as tendências nas mortes por overdose no país entre 2010 e 2021, utilizando dados compilados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA.
Os dados mostram claramente como o fentanil redefiniu as overdoses nos Estados Unidos na última década.
“O aumento do consumo de fentanil fabricado ilicitamente deu início a uma crise sem precedentes”, escreveram os autores do artigo.
Praticamente todos os cantos dos EUA — do Havaí a Rhode Island — foram tocados pelo fentanil.
O aumento das mortes relacionadas à droga foi observado pela primeira vez em 2015, revelam as estatísticas.
Desde então, o entorpecente se espalhou pelo país e a taxa de mortalidade cresceu de forma acentuada.
“Em 2018, cerca de 80% das overdoses por fentanil aconteceram a leste do rio Mississippi”, disse à BBC Chelsea Shover, professora assistente da UCLA e coautora do estudo.
Mas, em 2019, “o fentanil passa a fazer parte do fornecimento de drogas no oeste dos EUA e, de repente, esta população que estava resguardada também ficou exposta, e as taxas de mortalidade começaram a subir”, segundo a pesquisadora
Na pesquisa recente, os especialistas alertam para outra tendência crescente: as mortes relacionadas ao consumo de fentanil em conjunto com drogas estimulantes, como a cocaína ou a metanfetamina.
Essa tendência é observada em todos os EUA, embora de formas diferentes devido aos padrões de consumo que diferem de região para região.
Os investigadores encontraram, por exemplo, taxas de mortalidade mais elevadas relacionadas ao consumo de fentanil e cocaína em Estados do nordeste dos EUA, como Vermont e Connecticut, onde os estimulantes geralmente são de fácil acesso.
Mas em praticamente todos os cantos do país, da Virgínia à Califórnia, as mortes foram causadas principalmente pelo uso de metanfetaminas e fentanil.
Blake, que também é médica, disse que seu filho usava cocaína esporadicamente, embora o exame toxicológico tenha encontrado apenas fentanil em seu organismo.
Ela aprendeu que muitos misturam diferentes substâncias para obter uma sensação prolongada.
“Não é nenhuma surpresa para mim esse aumento tão grande nas combinações de estimulantes e opioides”, observa Blake.
Quando o fentanil chegou pela primeira vez aos EUA como parte do tráfico, “muitas pessoas não o queriam”, lembra Shover. Mas o opioide sintético tornou-se amplamente disponível porque é mais barato de produzir em comparação com outras drogas.
Ele também é altamente viciante — isso significa que dependentes ficam expostos ao entorpecente e muitas vezes o procuram como uma forma de evitar abstinências dolorosas relacionadas a outras substâncias.
Nos EUA, o estudo identificou que Alasca, Virgínia Ocidental, Rhode Island, Havaí e Califórnia como os estados com as taxas mais elevadas de mortes por overdose em que há mistura de fentanil e estimulantes.
Esses locais têm taxas historicamente altas de uso de drogas, segundo Shover. Com a chegada do fentanil, esse consumo tornou-se ainda mais letal.
Um problema que atravessa classes sociais
A crise dos opioides tem sido tradicionalmente retratada como um “problema dos brancos”, destaca Shover.
No entanto, o estudo recente revelou que os afro-americanos estão morrendo ao combinar fentanil e estimulantes a taxas mais elevadas, em todas as faixas etárias e limites geográficos.
Para Rasheeda Watts-Pearson, especialista em redução de danos baseada em Ohio, nos EUA, os dados refletem o que é visto na prática.
Ela faz um trabalho de divulgação com a A1 Stigma Free, uma organização fundada há apenas oito meses para combater um aumento notável de mortes por overdose na comunidade afro-americana de Cincinnati.
Como parte do trabalho, Watts-Pearson visita frequentemente barbearias, bares e mercearias para falar com as pessoas sobre os impactos do fentanil.
Ela considera que há falta de conscientização sobre o tema, motivada em parte pelas disparidades históricas de saúde vivenciadas por grupos raciais e étnicos.
Mesmo as campanhas de marketing feitas para conscientizar sobre a crise dos opioides não incluem a experiência dos negros americanos, critica ela.
“Se eu dirigir até a cidade de Avondale agora mesmo, há um outdoor que fala sobre a ‘Crise dos Opioides’, mas na mensagem aparecem duas pessoas brancas”” exemplifica Watts-Pearson.
Ela aponta que as drogas misturadas com fentanil são uma grande barreira para a comunidade. Segundo a ativista, muitas pessoas acabam consumindo o entorpecente sem saber — e desenvolvem uma dependência.
“Os legistas veem pessoas com overdose que morreram por causa de cocaína, crack e vestígios de fentanil”, diz ela.
“Isso está infiltrado na comunidade negra e não há gente suficiente falando sobre o assunto.”
Quarta onda
O abuso de fentanil em combinação com outras drogas marca o início de uma “quarta onda” da crise nos EUA, avaliam os pesquisadores.
A primeira onda de overdoses aconteceu no final dos anos 1990, com mortes por opioides com prescrição médica. Em 2010, houve uma segunda onda de overdoses, dessa vez causadas por heroína. E em 2013, surgiu uma terceira onda, graças à proliferação de drogas ilícitas análogas ao fentanil.
Especialistas como a professora Shover alertam que as opções de tratamento para a quarta onda não acompanham a demanda.
“Nosso sistema de tratamento contra dependência geralmente se concentra em uma droga de cada vez”, conta ela.
“Mas a realidade é que muitos usuários usam mais de um tipo de droga.”
Para manter viva a memória de seu filho, Blake decidiu falar abertamente sobre a perda e tenta ajudar outras famílias a passar pela mesma dor.
“Todo mundo tem uma história e, para um pai que perdeu um filho, isso dura para sempre”, diz ela.
Seu filho fez tratamentos contra dependência algumas vezes.
A experiência ensinou à Blake que as opções terapêuticas variam de Estado para Estado e, em muitos casos, o que está disponível não é suficiente.
“O ideal seria que as pessoas recebessem tratamento rapidamente, sempre que quisessem e a longo prazo”, destaca ela.
Blake também sugere a criação de locais para a prevenção de overdose, onde as pessoas pudessem usar drogas com segurança e sob supervisão.
Esses lugares estão amplamente disponíveis no Canadá — que tem a sua própria crise de fentanil — mas existem apenas duas instalações do tipo nos EUA inteiro.
Acima de tudo, Blake apelou à compaixão e à compreensão para aqueles que lutam contra o uso de substâncias.
“A maioria das pessoas com quem converso dizem que seus filhos não queriam morrer.”