Presidente do Uruguai diz que ficou ‘surpreso’ com fala de Lula sobre ‘narrativas’ contra Venezuela
Por g1 e TV Globo
O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, disse nesta terça-feira (30), durante a reunião com os presidentes de 11 países da América do Sul, que ficou “surpreso” com a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre “narrativas” contra a Venezuela.
“Devo dizer que fiquei surpreso quando se falou que o que acontece na Venezuela é uma narrativa. Já se sabe o que nós pensamos da Venezuela e do governo da Venezuela. Se há tantos grupos no mundo que tentam intermediar para que a democracia seja plena na Venezuela, para que se respeitem os direitos humanos, o pior que podemos fazer é tapar o sol com o dedo. Coloquemos o nome que tem, e vamos ajudá-los”, disse o presidente do Uruguai.
Na segunda-feira, durante conferência de imprensa ao lado de Maduro, a quem recebeu para uma reunião bilateral, Lula afirmou que havia se construído uma “narrativa de antidemocracia a autoritarismo” contra a Venezuela.
“Se eu quiser vencer uma batalha, eu preciso construir uma narrativa para destruir o meu potencial inimigo. Você sabe a narrativa que se construiu contra a Venezuela, de antidemocracia e do autoritarismo”, declarou o presidente do Brasil. “Está nas suas mãos, companheiro, construir a sua narrativa e virar esse jogo para que a gente possa vencer definitivamente e a Venezuela volte a ser um país soberano, onde somente o seu povo, através de votação livre, diga quem é que vai governar aquele país.”
Ao receber o presidente venezuelano no Itamaraty para um almoço, Lula perguntou aos jornalistas que os esperavam: “Quantas vezes vocês ouviram que Maduro é um homem mau?”, ao que o venezuelano respondeu: “Muitas e muitas vezes.”
Em seu discurso nesta terça, Pou também afirmou que o Uruguai enviou uma representação diplomática à Venezuela porque sua afinidade é com o povo venezuelano e não com governos.
“Até pouco tempo não tínhamos embaixador na Venezuela e nós nomeamos um embaixador na Venezuela, como temos em Cuba e em tantos outros lugares, porque nossa afinidade é com o povo venezuelano e não nos compete eleger o governo, mas temos sim a possibilidade de opinar”, declarou.
O presidente uruguaio disse ainda não ser à favor de criar novos mecanismos multilaterais para organizar a integração dos países sul-americanos.
Segundo Pou, esses grupos acabam se transformando em “grupos ideológicos” que ficam sujeitos aos interesses políticos do governo que está à frente de cada país no momento.
Para o presidente do Uruguai, seria mais interessante utilizar as ferramentas das organizações já existentes.
Presidente do Chile diz que viu o horror dos venezuelanos e que não é narrativa
O presidente chileno, Gabriel Boric, afirmou em uma entrevista coletiva que a situação na Venezuela não é uma narrativa, mas, sim “real e sério”.
“Expresso, respeitosamente, que tenho uma discrepância com o que disse o senhor presidente Lula, no sentido de que a situação dos direitos humanos na Venezuela foi uma construção narrativa, não é uma construção narrativa, é uma realidade, é grave e tive a oportunidade de ver, vi o horror dos venezuelanos. Essa questão exige uma posição firme”, afirmou.
Boric disse que está contente que a Venezuela volte a instâncias multilaterais porque acredita que nesses espaços é onde os problemas se resolvem. “Isso, porém, não pode significar fazer vista grossa às questões que são importantes para nós desde o início”, disse.
Professor de boxe fica ferido após cair de moto ao passar por quebra-molas na BA-120, em Santaluz
Um professor de boxe, identificado como Reinaldo, ficou ferido na manhã desta terça-feira (30) após sofrer um acidente no trecho urbano da BA-120 em Santaluz, região sisaleira da Bahia. De acordo com a Polícia Militar, ele caiu da moto que conduzia ao passar por um quebra-molas em uma curva próximo a arena Aliança, na saída para o município de Queimadas. O redutor de velocidade foi instalado há cerca de um mês, com o intuito de diminuir os riscos de acidentes no local. Ainda de acordo com a PM, Reinaldo bateu a cabeça no asfalto e foi socorrido inconsciente por uma equipe do Samu. Ele foi levado para o hospital da cidade e em seguida transferido para outra unidade em Feira de Santana. Conforme a polícia, o estado de saúde dele é considerado grave. Não há detalhes sobre as circunstâncias do acidente.
Notícias de Santaluz
Médico receita sorvete de chocolate e jogo ‘Free Fire’ para criança com sintomas gripais
Por g1 SP
Sorvete de chocolate e “Free Fire”, um jogo de ação disponível no celular, foram receitados por um médico para uma criança com sintomas gripais junto com uma lista de remédios, como amoxilina e dipirona.
O atendimento foi realizado na UPA Jardim Conceição, em Osasco, na Grande São Paulo, na madrugada do dia 18.
Depois de chegar em casa e mostrar a receita para um parente, Priscila da Silva Ramos, mãe do menino de 9 anos que foi atendido, percebeu que o médico tinha debochado dela e da criança. “Como meu filho vai tomar sorvete de chocolate? Ele está com a garganta inflamada”, disse.
A mãe contou que a criança tinha “tosse, gripe muito forte, dor de garganta, tonturas e começou a vomitar” próximo ao horário em que foi levado ao hospital.
Durante o atendimento, Priscila disse que o médico não examinou a criança, apenas perguntou o que ele estava sentindo e “começou a receitar um monte de remédio”. “Alguns eu conhecia, como dipirona, os outros eu não conhecia, e ele não me explicou nenhum”, afirmou.
Sem se levantar da cadeira atrás da mesa, o médico perguntou para o menino se ele queria “sorvete de chocolate ou morango”. Ele optou por chocolate “e aí o médico prescreveu na receita: sorvete de chocolate duas vezes ao dia mais Free Fire diariamente”.
O médico está atualmente com o CRM ativo no Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), mas não tem especialidade registrada. No carimbo da receita, ele se identifica como neurologista.
O g1 disse que questionou o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), que afirmou não ter sido notificado oficialmente sobre o caso e que “após o recebimento da denúncia, o Conselho iniciará o processo apuratório do caso em questão”.
Questionada, a Prefeitura de Osasco afirmou, em nota, que o menino chegou à unidade com quadro de nasofaringite aguda. De acordo com o exame físico descrito em prontuário pelo médico, a criança encontrava-se com quadro inflamatório agudo e sem sinal de gravidade da doença.
“O médico refere ter prescrito o sorvete para alívio da dor, já que a ingestão de gelado exerce efeito anestésico e assim a criança conseguiria se alimentar durante a fase aguda da doença.”
A prefeitura ainda afirma que, “devido à conduta indevida com o paciente e seus familiares e o não esclarecimento das condutas tomadas, o médico foi desligado do quadro de prestadores de serviços.”
Homem é preso em Feira de Santana ao ser flagrado transportando 490 mil cigarros contrabandeados
Um homem foi preso na noite de segunda-feira (29), na BR-101, trecho do distrito de Humildes, em Feira de Santana, ao ser flagrado transportando 40 caixas de cigarro contrabandeado que estavam escondidas em um caminhão com placas de São Paulo. Segundo a Polícia Federal (PF), enquanto agentes da polícia rodoviária solicitavam a documentação do condutor do veículo, viram na cabine uma caixa de cigarros de origem paraguaia. Os policiais resolveram, então, fiscalizar a carga transportada e encontraram mais 40 caixas do cigarro contrabandeado. Segundo a PF, o condutor do caminhão, morador de Feira de Santana, informou que a mercadoria foi carregada em São Paulo, tendo como destino o Feiraguay, centro de comércio popular da cidade. O homem foi indiciado nas sanções do crime de contrabando e ficou preso à disposição da Justiça. No total, segundo a polícia, foram contabilizadas 490 mil unidades de cigarro.
Notícias de Santaluz
Em fórum com presidentes da América do Sul, Lula propõe moeda comum e intercâmbio de estudantes
Por TV Globo e g1
O presidente Lula propôs 10 temas para discussão entre os presidentes e representantes que participam da reunião da cúpula dos países da América do Sul, em Brasília, nesta terça-feira (30).
Entre as questões para análise, estão medidas para ampliar a integração dos países da região na área energética, em acordos comerciais e na mobilidade de estudantes e pesquisadores.
Lula também reforçou o desejo de estabelecer uma moeda local para o comércio na América do Sul, em vez do dólar.
Antes de sugerir as medidas, o presidente deixou claro que as iniciativas eram apenas sugestões e que os temas ainda seriam discutidos ao longo do dia pelos mandatários sul-americanos.
Veja abaixo a lista de propostas do presidente:
“Moeda comum”: criação de uma “unidade de referência comum para o comércio, reduzindo a dependência de moedas extrarregionais” e mecanismos de compensação mais eficientes. Entenda melhor o projeto encabeçado pelo Brasil.
Economia: colocar a poupança regional a serviço do desenvolvimento econômico e social, mobilizando os bancos de desenvolvimento como a CAF, o Fonplata, o Banco do Sul e o BNDES;
Regulação: implementar iniciativas de convergência regulatória, facilitando trâmites e desburocratizando procedimentos de exportação e importação de bens;
Atualização da cooperação: ampliar os mecanismos de cooperação de última geração, que envolva serviços, investimentos, comércio eletrônico e política de concorrência;
Infraestrutura: atualizar a carteira de projetos do Conselho Sul-Americano de Infraestrutura e Planejamento (COSIPLAN), reforçando a multimodalidade e priorizando os de alto impacto para a integração física e digital, especialmente nas regiões de fronteira;
Meio ambiente: desenvolver ações coordenadas para o enfrentamento da mudança do clima;
Saúde: reativar o Instituto Sul-Americano de Governo em Saúde, que nos permitirá adotar medidas para ampliar a cobertura vacinal, fortalecer nosso complexo industrial da saúde e expandir o atendimento a populações carentes e povos indígenas;
Energia: lançar a discussão sobre a constituição de um mercado sul-americano de energia, que assegure o suprimento, a eficiência do uso de nossos recursos, a estabilidade jurídica, preços justos e a sustentabilidade social e ambiental;
Educação: criar programa de mobilidade regional para estudantes, pesquisadores e professores no ensino superior, algo que foi tão importante na consolidação da União Europeia;
Defesa: retomar a cooperação na área de defesa com vistas a dotar a região de maior capacidade de formação e treinamento, intercâmbio de experiências e conhecimentos em matéria de indústria militar, de doutrina e políticas de defesa.
Na fala, Lula sugeriu a criação de um grupo formado por representantes pessoais de cada presidente, para aprofundar o debate sobre as questões.
A proposta é que, com base nas decisões tomadas na reunião desta terça, o grupo tenha 120 dias para apresentar propostas de integração para a América do Sul.
Além de Lula, estiveram presentes no encontro os presidentes Alberto Fernández, da Argentina; Luís Arce, da Bolívia; Gabriel Boric, do Chile; Gustavo Petro, da Colômbia; Guillermo Lasso, do Equador; Irfaan Ali, da Guiana; Mário Abdo Benítez, do Paraguai; Chan Santokhi, do Suriname; Luís Lacalle Pou, do Uruguai; e Nicolás Maduro, da Venezuela.
STF anula condenação de Eduardo Cunha a quase 16 anos de prisão na Lava Jato
Por TV Globo
A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal anulou uma condenação do ex-deputado federal Eduardo Cunha na operação Lava Jato. Ele havia sido sentenciado pela Justiça Federal do Paraná a quase 16 anos de prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A Corte determinou ainda o envio da investigação para a Justiça Eleitoral. Caberá ao novo juiz decidir se restabelece ou não a condenação de Cunha, além da validade das provas, ou se o caso será retomado da estaca zero.
A defesa do ex-deputado disse que a decisão mostra como Cunha foi alvo de “perseguição”.
“A decisão do Supremo fez justiça e confirma aquilo que a defesa sustenta desde o início do processo e que agora está ficando claro para todo o país: Eduardo Cunha, assim como outros inúmeros réus, foi vítima de um processo de perseguição abusivo, parcial e ilegal e julgado por uma instância manifestamente incompetente”, diz a nota divulgada pelos advogados.
O Ministério Público Federal (MPF) afirma que o ex-deputado foi beneficiado por um suposto pagamento de propina nos contratos de construção de navios-sonda da Petrobras, fechado entre a estatal e o estaleiro Samsung Heavy Industries.
Os ministros analisaram, no plenário virtual, uma ação da defesa de Cunha contra a condenação. Os advogados argumentaram que a sentença violava entendimento do STF de que cabe à Justiça Eleitoral julgar os casos de caixa dois, mesmo quando relacionados a outros crimes, como corrupção e lavagem de dinheiro.
Em 2019, a maioria do plenário do STF entendeu que Justiça Eleitoral, por ser especializada, tem prevalência sobre a Justiça comum, seja federal ou estadual, para analisar esses casos de crimes eleitorais conexos.
Processo de Cunha
Relator da Lava Jato, o ministro Edson Fachin votou, em dezembro de 2022, para rejeitar a ação de Cunha. O ministro citou entendimento da Procuradoria-Geral da República de que os fatos não se enquadram em crimes eleitorais. O voto do relator foi seguido pelo ministro Ricardo Lewandowski.
Os ministros Nunes Marques e André Mendonça divergiram e entenderam que a competência para analisar as acusações contra Cunha era da Justiça Eleitoral.
Nunes Marques citou que os próprios delatores reconhecem a conexão de supostos crimes de corrupção e lavagem com os delitos eleitorais.
O ministro afirmou que a investigação foi aberta para apurar supostos pagamentos de vantagens indevidas a título de contribuições destinadas a “caixa-dois” eleitoral, e que delatores citaram que os recursos seriam usados na campanha de Cunha.
“Tais fatos, segundo penso, dão indícios de que teria ocorrido o cometimento, pelo investigado, do crime de falsidade ideológica eleitoral, previsto no art. 350 do Código Eleitoral. Assim, a competência para a persecução criminal é da Justiça Eleitoral, pois esse é o juízo competente para apreciação dos crimes comuns conexos ao crime eleitoral, nos termos da jurisprudência desta Suprema”, escreveu Nunes Marques.
Após pedir mais tempo para analisar o caso, o ministro Gilmar Mendes votou também pela incompetência da Justiça Federal e envio da investigação para a Justiça Eleitoral.
Mais de 500 famílias do MST ocupam ruas de cidade da Bahia; grupo reivindica suspensão de liminar de despejo
Por g1 BA
Cerca de 530 famílias do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), que vivem no acampamento Osmar Azevedo, no município de Itabela, no extremo sul da Bahia, ocuparam as ruas da cidade, na manhã desta segunda-feira (29). O objetivo do grupo é reivindicar a suspensão de uma liminar de despejo.
De acordo com o MST, o documento assinado pela juíza Tereza Julia do Nascimento, da Vara dos Feitos de Relações de Consumo, Cível e Comercial de Itabela, foi concedido no dia 15 de fevereiro deste ano, mas até então não havia sido cumprido pela Polícia Militar.
No entanto, conforme os manifestantes, foi agendado para esta segunda, uma reunião para tratar da execução da decisão judicial. Com a mobilização, as famílias acreditam que a juíza vai analisar os pedidos de suspensão de despejo que foram feitos pela Procuradoria Geral do Estado da Bahia (PGE-BA) e pelos acampados.
O MST informou que a PGE se envolveu no processo por causa de “forte indícios de devolutividade de grande parte da Fazenda Conjunto São Jorge”. Os manifestantes afirmam que mais de 400 hectares do imóvel não possuem matrícula registrada no Cartório de Registro de Imóveis e outra parte tem indicativos de ilegalidades nas matrículas.
Além disso, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), através da Câmara de Conciliação Agrária, instaurou um processo administrativo e nos próximos dias poderá analisar a viabilidade da área para criação de um assentamento de reforma agraria.
Ainda segundo o MST, a área não cumpre com a função social, porque “estava praticamente abandonada pelos herdeiros do suposto proprietário quando foi ocupada pelas família em fevereiro deste ano”.
Inteligência artificial ajuda a criar antibiótico contra superbactéria mortal
Por BBC
Cientistas usaram inteligência artificial (IA) para desenvolver um novo antibiótico capaz de matar uma espécie mortal de superbactéria.
A tecnologia ajudou a filtrar uma lista de milhares de compostos químicos em potencial, reduzindo-os a apenas alguns que poderiam ser testados em laboratório.
O resultado foi um potente antibiótico experimental chamado abaucina, que vai precisar passar por mais testes antes de ser usado.
Os pesquisadores, do Canadá e dos EUA, dizem que a IA tem o poder de acelerar consideravelmente a descoberta de novos medicamentos.
É o exemplo mais recente de como ferramentas de IA podem ser uma força revolucionária na ciência e na medicina.
Os antibióticos matam as bactérias. Mas existe uma escassez de novos medicamentos há décadas — e as bactérias estão se tornando mais difíceis de tratar, à medida que desenvolvem resistência aos antibióticos que temos disponíveis.
Estima-se que mais de um milhão de pessoas morram por ano de infecções resistentes ao tratamento com antibióticos.
Os pesquisadores se concentraram em uma das espécies mais problemáticas de bactéria — a Acinetobacter baumannii, que pode infectar feridas e causar pneumonia.
Você pode não ter ouvido falar dela, mas é uma das três superbactérias que a Organização Mundial da Saúde (OMS) identificou como uma ameaça “crítica”.
Muitas vezes, é capaz de ignorar vários antibióticos — e é um problema em hospitais e casas de repouso, onde pode sobreviver em superfícies e equipamentos médicos.
Jonathan Stokes, da Universidade McMaster, no Canadá, descreve a bactéria como o “inimigo público número um”, uma vez que é “muito comum” encontrar casos em que é “resistente a quase todos os antibióticos”.
Em princípio, a inteligência artificial poderia analisar dezenas de milhões de compostos químicos potenciais — algo que seria impraticável de fazer manualmente.
“A inteligência artificial aumenta a taxa e, em um mundo perfeito, diminui o custo com o qual podemos descobrir essas novas classes de antibióticos de que precisamos desesperadamente”, afirma Stokes.
Petrobras teria que cortar preço da gasolina em 14% para compensar volta de impostos federais
Por O Globo
A entrada em vigor da nova política de preços da Petrobras vai coincidir, nas próximas semanas, com uma mudança no valor do ICMS sobre combustíveis e com o fim da desoneração de tributos federais. Com isso, o consumidor poderá lidar com uma gangorra nos preços.
Segundo cálculos de Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Rena, a Petrobras precisará reduzir o valor do litro da gasolina em 14% até julho para evitar que a alta de impostos pressione o preço final nas bombas.
Atualmente, as alíquotas do ICMS são definidas por cada estado e variam de 17% a 20%, segundo números do Comitê dos Secretários de Fazenda dos Estados e do DF (Comsefaz). A partir de quinta-feira, 1º de junho, o imposto estadual cobrado será de R$1,22 por litro de gasolina ou etanol anidro em todo o território nacional.
Na prática, o imposto vai subir, visto que o valor médio do ICMS está em R$ 1,08 por litro, considerando o preço atual da gasolina e as alíquotas dos estados.
A redução de 12,6% da gasolina nas refinarias, anunciada pela Petrobras e que passou a valer no último dia 17, pode mais do que compensar o custo do imposto estadual a partir de junho no preço de revenda do combustível ao consumidor.
Mas não dará fim à gangorra dos preços: se a tendência é de leve redução em junho, a perspectiva é de aumento no mês seguinte, o que vai em direção contrária à estratégia do Palácio do Planalto de controlar a inflação e agradar à classe média.
No dia 1º de julho está prevista a volta integral da cobrança de impostos federais (PIS/Cofins e Cide) sobre a gasolina e o etanol, que foi zerada no período eleitoral pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e mantida parcialmente pelo governo Lula, até o dia 30 de junho, via medida provisória.
No dia 1º de julho está prevista a volta integral da cobrança de impostos federais (PIS/Cofins e Cide) sobre a gasolina e o etanol, que foi zerada no período eleitoral pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e mantida parcialmente pelo governo Lula, até o dia 30 de junho, via medida provisória.
— Se não tivesse ocorrido a redução pela Petrobras, o preço da gasolina teria uma alta de 2,35% em junho — calcula a economista.
Já a reoneração total dos tributos federais Cide e PIS/Cofins, prevista para julho, deve levar o preço da gasolina a uma alta de 5,64%, segundo Andréa.
Mas ela avalia que, em função da mudança em sua política de preços — que passa a não depender exclusivamente das cotações do câmbio e do petróleo no mercado internacional —, a Petrobras deve anunciar nova queda para conter o impacto no bolso do consumidor. Para isso, calcula ela, a estatal precisa anunciar uma redução de 14% no preço nas refinarias.
— No cenário atual da inflação e das expectativas do mercado, analistas acreditam que vem alguma coisa para amortecer esse efeito da alta — diz a economista. — Pode ser que, na fórmula nova, a Petrobras encontre espaço (para queda).
Em entrevistas recentes, o presidente da estatal, Jean Paul Prates, tem dito que vai analisar a possibilidade de absorver a reoneração dos combustíveis em julho.
— Não sei, vamos ver até lá… Tudo será feito com muita parcimônia, análise, não é chute — disse Prates à Globonews
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também afirmou, em audiência pública na Câmara, em meados deste mês, que a Petrobras ainda teria espaço para reduzir mais os preços dos combustíveis e que há perspectiva de a estatal anunciar uma nova queda no início de julho, utilizando essa “gordura”.
— O aumento de preço previsto para primeiro de julho (com a volta integral dos impostos federais) vai ser absorvido pela queda do preço (dos combustíveis), que foi deixada para esse dia. Nós não baixamos tudo que podíamos, justamente esperando o 1º de julho — afirmou Haddad na época.
Para Pedro Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), é difícil dizer para onde vai o preço de venda da Petrobras em meio a uma nova política de preços cuja fórmula contém variáveis “obscuras e nada previsíveis”.
— Uma nova redução vai depender de como a companhia vai operacionalizar essa nova política de preços. Se a política de preços ainda fosse a do PPI (paridade de importação), com a volta de Cide e Pis/Cofins, eu não vejo um cenário para redução. Mas temos que ver como a nova política vai funcionar — diz.
Melhora na arrecadação
Levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP) mostrou que na semana passada os preços da gasolina e do diesel tiveram nova queda nas bombas. Segundo a ANP, o valor médio do litro da gasolina nos postos caiu pela terceira semana seguida, de R$ 5,46 para R$ 5,26, um recuo de 3,66%. É o menor patamar desde fevereiro deste ano.
Enquanto isso, o preço médio do litro do diesel nos postos caiu pela 16ª semana seguida, passando de R$ 5,39 para R$ 5,17. Foi uma queda de 4,08%, levando o preço ao menor patamar desde o fim de 2021.
A aplicação de um valor único de ICMS é vista por especialistas como positiva para os estados, mas há ressalvas quanto ao impacto para o consumidor. Na avaliação de Rodrigues, do CBIE, é positivo porque o estado “deixa de ser um sócio da volatilidade do barril”, ao passo em que simplifica e melhora a arrecadação. Emerson Kapaz, presidente do Instituto Combustível Legal, concorda que a medida trará maior previsibilidade arrecadatória e transparência, além de mitigar possíveis situações de sonegação.
Já Gabriel Quintanilha, advogado e professor da Fundação Getulio Vargas, sinaliza os riscos que podem vir a reboque da redução de preços:
— O consumidor vai enfrentar um aumento no combustível (com a reoneração), a não ser que a Petrobras segure o preço de forma artificial. Se ela reduzir, vai ser ruim para a empresa e para o governo. A Petrobras, que distribuiu dividendo no ano passado, vai ter que torrar o seu lucro segurando o preço do combustível para que não haja impacto ao consumidor.
Lula pede a ministros para não lavarem ‘roupa suja’ em público
Por Blog do Valdo Cruz
Em reunião de equipe, o presidente Lula pediu a seus ministros para lavarem “roupa suja” dentro de casa e pararem com os ataques públicos entre colegas.
O petista lembrou que esse tipo de embate só traz mais desgaste ao governo, gerando a imagem de uma crise permanente na Esplanada dos Ministérios.
Segundo assessores, Lula fez questão de fazer a reprimenda em sua equipe porque avaliou que, na última semana, as críticas públicas entre ministros atingiram um patamar muito negativo.
O presidente disse, de forma muito direta, que não quer embates da equipe em público e que está aberto a receber ministros no Palácio do Planalto para debater as divergências.
Lula, por sinal, não gostou nem um pouco das críticas feitas a ele pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, que em entrevista cobrou abertamente do presidente um esforço maior para evitar o esvaziamento de sua pasta.
Segundo assessores, Lula avaliou que as críticas públicas da ministra a ele se devem à sua inexperiência no posto, mas que elas não podem se repetir.
O presidente também não gostou do embate entre os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e a do Meio Ambiente, Marina Silva, em torno da licença para pesquisa de petróleo na bacia da foz do Amazonas.
Os dois trocaram farpas em entrevistas durante a semana passada e Lula acabou pedindo a seu ministro da Casa Civil, Rui Costa, que reunisse os ministros para “lavar a roupa suja” dentro do Palácio do Planalto.