3 a cada 10 brasileiros são analfabetos funcionais, indica pesquisa
Por g1

Estudante faz lição em sala de aula | Foto: IBGE
O Brasil não tem avançado no combate ao analfabetismo funcional, e cerca de 29% dos brasileiros de 15 a 64 anos eram analfabetos funcionais em 2024 — mesmo patamar mesmo de 2018, quando foi realizada a edição anterior do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf).
O levantamento considera analfabeto funcional a pessoa que consegue apenas ler palavras isoladas, frases curtas, ou apenas identificar números familiares, como contatos telefônicos, endereços, preços, etc…
O estudo foi coordenado pela Ação Educativa e pela consultoria Conhecimento Social, correalizada pela Fundação Itaú, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, Instituto Unibanco, Unesco e Unicef.
Para mapear as habilidades de leitura, escrita e matemática dos brasileiros, foram ouvidas 2.554 pessoas de 15 a 64 anos, entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025, em todas as regiões do país. A margem de erro varia entre dois e três pontos percentuais.
Os resultados foram divididos em cinco categorias: analfabeto, rudimentar, elementar, intermediário, proficiente
Outros destaques do levantamento:
A proporção de analfabetos funcionais ficou em queda de 2001 a 2009, quando estagnou em 27% e assim permaneceu até voltar a crescer em 2018, indo para 29%, onde permanece.
O percentual de analfabetismo funcional é maior entre pessoas de 40 a 64 anos, chegando a atingir 51% das pessoas com 50 anos ou mais.
Em contrapartida, o maior percentual de pessoas funcionalmente alfabetizadas se encontra nas faixas de 15 a 29 anos (84%) e 30 a 39 anos (78%).
A desigualdade também se mantém no aspecto racial, e de maneira drástica. Em 2024, 41% dos que se declararam brancos foram considerados alfabetizados consolidados (intermediário ou proficiente). Entre os pardos e pretos, apenas 31% estavam na mesma categoria, e ainda menos (19%) amarelos e indígenas alcançaram os mesmos níveis.
Em uma tendência já observada nos anos anteriores, as mulheres ficam, em média, em patamares superiores aos dos homens: 73% das mulheres são consideradas funcionalmente alfabetizadas, enquanto a proporção é de 69% entre os homens.
O levantamento conclui que a alta taxa de alfabetizados entre os mais jovens evidencia o “efeito positivo das políticas de inclusão e valorização da escola para crianças e jovens realizadas nas últimas duas décadas”, já que a brasileiros dentro deste recorte de idade “são os que se beneficiaram das políticas de inclusão massiva da população na escola.”
Ana Lima, coordenadora do estudo, destaca que esses resultados já eram observados há duas décadas, o que evidencia uma transformação no panorama educacional brasileiro. Mas não pode parar por aí.
“O importante agora é assegurar avanços no desenvolvimento contínuo das habilidades de letramento e numeramento dos brasileiros, tanto para aqueles que ainda estão na escola quanto para os que já estão fora dela.”