‘Me olho no espelho e gosto de mim’, diz atleta e modelo argentina que teve 88% do corpo queimado na infância
Por g1
Brisa tinha apenas sete meses de idade quando um incêndio tomou conta do quarto em que dormia e deixou 88% do seu corpo queimado.
Natural de Salta, a mais de 1,7 mil quilômetros de Buenos Aires, a agora modelo e atleta superou todas as dificuldades e lutou contra os prognósticos dos médicos.
“Me olho no espelho hoje e gosto de mim”, disse Brisa ao site do hospital Garrahan, instituição que salvou sua vida.
Após o acidente, que atingiu zonas bastante sensíveis como a cabeça e os braços – um deles chegou a ser amputado –, Brisa volta à instituição de saúde com frequência para contar sua história.
Aos 21 anos ela coleciona uma série de medalhas como corredora que conquistou nos Jogos Nacionais Evita, competição criada em 1948 pelo governo da Argentina, voltada a crianças e jovens
Mas em 2020 ela resolveu encarar outro desafio: o das passarelas.
Em plena pandemia da Covid-19, uma foto publicada em suas redes sociais viralizou pelo país e Brisa foi convidada a participar do concurso Miss Belleza Mundial.
Na competição, a primeira do tipo que participou, ela recebeu três reconhecimentos: o prêmio de foto mais votada nas redes, o de miss simpatia e o de mulher forte.
Além disso, ela foi contratada por uma agência de modelos em sua cidade natal para seguir com o sonho e poder se dedicar profissionalmente a ele.
Aprendeu a não se esconder
Brisa disse saber que muitos meninos e meninas – que assim como ela, tiveram acidentes graves e carregam queimaduras bastante aparentes –, tentam se esconder, mas que ela não quis isso.
A modelo disse que os olhares de estranhos a acompanharam por toda a vida, mas aprendeu a superar a vergonha para acabar com a estigmatização.
Com os anos, ela conta ter aprendido a responder à discriminação: “Eu retribuo o olhar até que parem de encarar.”
“Ninguém é mais nem menos que o outro, somos todos iguais”, afirmou a jovem.
Seu próximo desafio agora é começar os estudos para se tornar professora de educação física. Ela disse que quer se especializar no ensino de crianças com deficiência.
“Eu aprendi a defender o que é meu, mas nem todos têm a mesma possibilidade. Então eu quero ajudar de alguma forma”, disse a futura professora.