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Por O Globo

Bolsonaro acenou aos apoiadores na sede do PL, logo após chegar ao Brasil | Foto: Luis Nova/EFE

Noventa dias depois de deixar o país, ainda como presidente da República, Jair Bolsonaro voltou ao Brasil nesta quinta-feira (30) com a pretensão de reassumir o posto de principal líder da direita, embora rejeite o rótulo de líder da oposição a Luiz Inácio Lula da Silva. Em solo brasileiro, porém, terá que lidar com apoiadores que o criticaram por ter deixado o país logo após a eleição em que saiu derrotado e, com isso, aberto mão de fazer os primeiros enfrentamentos à nova gestão petista.

No vácuo de três meses deixado por Bolsonaro, outras lideranças ganharam espaço na direita e já são tidas como alternativas para disputar a eleição presidencial pelo campo conservador em 2026. Nessa lista estão os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e até a ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro. Para muitos, ela tem a imagem menos desgastada do que a do marido e pode ser lapidada para se tornar um ativo eleitoral importante nos próximos quatro anos.

Nesse cenário de incertezas sobre quem melhor pode rivalizar com Lula, Bolsonaro precisará articular com a centro-direita para amainar insatisfações, superar desconfianças e se reposicionar no tabuleiro político nacional. Na ausência dele, ex-aliados enfileiraram críticas à partida do ex-presidente e o cobraram publicamente sobre a decisão de deixar o país antes mesmo de encerrar seu ciclo na presidência da República.

Em fevereiro, a deputada Carla Zambelli (PL-SP), uma das líderes da tropa de choque bolsonarista na Câmara, disse que o ex-presidente deveria estar no país para liderar a oposição.

“A gente teria mais capacidade e força”, justificou, em entrevista à “Folha de S.Paulo”.

Em março, foi a vez do presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), se dizer frustrado pela postura do ex-presidente. Ele disse que Bolsonaro não era mais líder da oposição e, sim, “um turista nos Estados Unidos”. O Republicanos foi um dos partidos que apoiou o ex-presidente na eleição do ano passado.

Bolsonaro chega ao Brasil em meio às acusações de que ele tentou levar para si três estojos de joias, que valeriam mais de R$ 15 milhões, além de armas que deveriam ficar com o acervo histórico da presidência. Os bens foram presentes dados por autoridades estrangeiras ao Estado brasileiro. Depois que o caso veio à tona, revelado pelo “Estado de S.Paulo”, ele decidiu devolvê-las ao patrimônio público. Como revelou a colunista do GLOBO Bela Megale, ele deverá prestar depoimento sobre o caso à Polícia Federal na próxima quarta-feira.

O PL, comandado por Valdemar das Costa Neto, montou um roteiro de atividades políticas para Bolsonaro após o seu retorno ao país. Michele também deve participar. A ideia que o casal comece a viajar no primeiro semestre para arregimentar apoios e fortalecer a legenda para a disputa do ano que vem, que ocorrerá em outubro de 2024. Uma das possibilidades é que o ex-presidente retome as motociatas que marcaram suas passagens por diversas cidades durante a campanha eleitoral do ano passado.

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