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Foto: Eloi Corrêa/GOVBA

A Bahia carrega com orgulho o título de estado mais negro do Brasil. Quase 80% da população se declara preta ou parda, fazendo do povo baiano uma das maiores representações da cultura e da história afro-brasileira. Mas, por trás desse orgulho. Um levantamento da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais (SEI), com base em dados de 2023 do IBGE, jogou luz sobre a dura realidade de quem é maioria, mas segue enfrentando barreiras gigantes no dia a dia.

A Bahia tinha no ano passado o terceiro maior número de negros do Brasil: quase 12 milhões de pessoas. E, mesmo sendo um símbolo da representatividade negra, as desigualdades sociais continuam um problema. Na educação, por exemplo, só 9,7% dos negros baianos com 25 anos ou mais chegaram a completar 16 anos de estudo. Entre os brancos, esse índice é quase o dobro, 17,7%.

No mercado de trabalho, a situação também não é das melhores. O desemprego entre negros na Bahia foi de 13,8% em 2023, enquanto para os brancos ficou em 10,1%. Para as mulheres negras, o cenário é ainda mais complicado: 18,6% delas estavam desempregadas. Isso é mais do que o índice de desemprego das mulheres brancas (13,2%) e dos homens negros (10,1%).

Além disso, a informalidade afeta mais da metade dos trabalhadores no estado, mas pega em cheio os negros. Entre os que têm emprego, 54,3% estão na informalidade, enquanto, entre os brancos, a taxa é de 51,1%. No trabalho doméstico sem carteira assinada, as mulheres negras são maioria absoluta: 82,2% desse grupo.

Se já é difícil conseguir um emprego, ganhar bem é um desafio ainda maior. Em média, negros baianos ganharam R$ 1.662 por mês em 2023. Já os brancos receberam R$ 2.365. Essa diferença, de mais de 40%, cresce ainda mais quando se olha para as mulheres negras, que ganham em média R$ 1.550. As mulheres brancas, por sua vez, receberam R$ 2.326.

Outro dado que preocupa é o desalento — aquele momento em que a pessoa para de procurar emprego porque acha que não vai conseguir. Na Bahia, 12,5% dos negros fora do mercado de trabalho estavam nessa situação, contra 9% dos brancos. Homens negros foram os mais atingidos, mostrando o tamanho do impacto da desigualdade.

A Bahia tem uma identidade profundamente marcada pela cultura e história negras, mas os números mostram que ainda há um longo caminho a percorrer para transformar essa representatividade em oportunidades reais. Políticas públicas que combatam as desigualdades e promovam inclusão são urgentes. No mês da Consciência Negra, os dados deixam claro: mais do que um debate, a luta por justiça racial é uma necessidade imediata.

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