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O ministro da Educação, Milton Ribeiro | Foto: Luis Fortes/MEC

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (22) uma operação que tem como alvos o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e pastores suspeitos de montar um gabinete paralelo para liberação de verbas dentro do MEC.

A TV Globo apurou que Milton Ribeiro e os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura são alvos de mandados de prisão. Até a última atualização desta reportagem ainda não havia confirmação da prisão deles.

A PF investiga Ribeiro por suposto favorecimento aos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura e a atuação informal deles na liberação de recursos do ministério. Há suspeita de cobrança de propina.

O inquérito foi aberto após o jornal “O Estado de S. Paulo” revelar, em março, a existência de um “gabinete paralelo” dentro do MEC controlado pelos pastores.

Dias depois, o jornal “Folha de S.Paulo” divulgou um áudio de uma reunião em que Ribeiro afirmou que, a pedido de Bolsonaro, repassava verbas para municípios indicados pelo pastor Gilmar Silva.

“Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar”, disse o ministro no áudio.

“Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar”, complementou Ribeiro.

Após a revelação do áudio, Ribeiro deixou o comando do Ministério da Educação.

Em vídeo, o presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer que botava “a cara no fogo” por Ribeiro.

O caso envolve suspeitas de corrupção. Prefeitos denunciaram pedidos de propina – em dinheiro e em ouro – em troca da liberação de recursos para os municípios. Milton Ribeiro disse que pediu apuração dessas denúncia à Controladoria-Geral da União.

Tráfico de influência

De acordo com apuração da TV Globo, a operação deflagrada nesta quarta investiga a prática de tráfico de influência e corrupção na liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado ao Ministério da Educação.

Foram cumpridos cinco mandados de prisão e 13 de busca e apreensão nos estados de Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal.

Prisão de Milton Ribeiro desgasta Bolsonaro

A prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro desgasta a imagem do presidente Jair Bolsonaro e fragiliza ainda mais o discurso do chefe do Executivo Federal, que sempre fez questão de dizer que não havia corrupção na sua administração.

A avaliação é de assessores e aliados de Bolsonaro, que preparam uma estratégia para minimizar os efeitos negativos para o Palácio do Planalto.

Um aliado lembrou ao blog do Valdo Cruz que Bolsonaro defendeu seu ex-ministro da Educação e chegou a afirmar que, em breve, assim que as investigações fossem concluídas, ele voltaria para o posto de ministro. O comentário do presidente ocorreu publicamente durante cerimônia no Palácio do Planalto.

Além do presidente Bolsonaro, a prisão de Milton Ribeiro e dos pastores também gera desgaste e apreensão entre líderes do Centrão, afinal o FNDE é comandado hoje por diretores indicados pelo Progressista e pelo Partido Liberal.

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