Polícia investiga se médico que confessou matar Dr Andrade usou CRM com nome de outra pessoa para atender pacientes
Por TV Subaé
A Polícia Civil da Bahia investiga se médico Geraldo Freitas Junior, que confessou matar colega de profissão, o acreano Andrade Lopes Santana, 32 anos, usou o registro do Conselho Regional de Medicina (CRM) com nome de outra pessoa para atender pacientes na cidade de Santa Terezinha, a cerca de 210 km de Salvador.
A informação foi divulgada pelo coordenador de polícia da região, delegado Roberto Leal, nesta segunda-feira (14), durante o programa Bahia Meio Dia, da TV Subaé, afiliada da TV Bahia.
“Todo médico estrangeiro recebe uma autorização do Ministério da Saúde apenas para trabalhar no serviço Mais Médicos. Ele poderia trabalhar apenas nessa situação. Contudo, já há informações juntadas aos autos, de que ele, usando o CRM de outro médico, exerceu funções na cidade de Santa Terezinha. Nós estamos aprofundando as investigações e inclusive vamos ouvir o médico titular do CRM, para que ele esclareça mais sobre essa situação do médico investigado”, explicou.
Roberto Leal disse que até o momento a polícia ainda não descobriu a motivação do crime e que não descarta a participação de outras pessoas. “Várias pessoas ainda serão ouvidas. A Polícia Civil não acreditou na versão apresentada pelo investigado. Nos fatos narrados há muitas inconsistências principalmente em relação a esse planejamento citado por ele entre Andrade e Alan, que poderiam estar planejando a sua morte”.
Segundo Roberto, é preciso também esclarecer se havia algum tipo de dívida em relação aos dois. “Vamos ver se havia algum tipo de problema em função dessa situação, do médico investigado não possuir o CRM, então tudo isso a gente vai investigar, inclusive se o médico investigado estaria usando em algum momento o CRM tanto do médico que foi testemunha, bem como de Andrade”, acrescentou.
O crime
Andrade Lopes foi encontrado morto no dia 28 de maio, no rio Jacuípe, na cidade de São Gonçalo dos Campos, a cerca de 120 quilômetros de Salvador.
Ele desapareceu no dia 24 de maio, quando saiu de Araci, onde morava e trabalhava, com destino a Feira de Santana, que fica a 23 quilômetros de São Gonçalo dos Campos.
Segundo os peritos do Departamento de Polícia Técnica (DPT), foi constatado um disparo de arma de fogo na nuca e uma corda no braço amarrada a uma âncora para o corpo não emergir nas águas do rio Jacuípe.
Diretor de hospital prestou depoimento
Um médico, que mora em Salvador e atua como diretor de um hospital na capital baiana, prestou esclarecimentos sobre a morte do também médico Andrade Santana Lopes. O depoimento aconteceu no Complexo de Delegacias em Feira de Santana, na quarta-feira (9).
Segundo o delegado, o diretor foi citado por Geraldo Freitas, no depoimento em que ele, Geraldo, confessou o crime, como a pessoa que trocou mensagens com o médico morto.
No depoimento, de acordo com o policial, o médico afirmou que não é mais amigo de Geraldo Freitas, disse que não falava com ele há mais de um ano e negou ter planejado, com a vítima, a morte de Freitas.
O delegado Roberto Leal explicou que o motivo da briga entre os dois médicos, de acordo com o depoimento do diretor da unidade de saúde, foi o fato de o suspeito ter comprado uma caminhonete em nome dele, porque não tinha nome limpo no Serasa, e não ter efetuado o pagamento acordado.
O delegado disse ainda que o médico que prestou depoimento era amigo de Andrade Santana, mas que ele informou que as mensagens, enviadas para a vítima, não faziam menção alguma ao suspeito. O celular de Andrade foi encaminhado para perícia.
Defesa alega que tiro foi acidental e não houve ‘premonição’
A defesa de Geraldo Freitas, preso por matar o médico Andrade Lopes Santana, disse na quarta-feira, ao G1, que o crime não foi provocado por nenhum tipo de premonição, como seu cliente teria contado em seu depoimento à polícia. Freitas teria dito que uma guia espiritual avisou que ele seria assassinado por dois colegas de profissão.
O advogado revelou que a suposta guia em questão é a mãe do suspeito.
O advogado disse ainda que o cliente, que também é médico, não tinha a intenção de matar. A polícia acredita que houve premeditação.
Leal confirmou que a mulher teve um sonho meses antes do ocorrido e comentou com o filho, como um alerta, mas garantiu que isso não tem a ver com a morte de Andrade.
O delegado Roberto Leal informou que ao menos seis pessoas foram ouvidas até agora sobre o caso.
A polícia apura se há outros envolvidos e ainda deverá ouvir outros depoimentos. Além disso, são esperados os resultados de laudos periciais para a conclusão do inquérito.
Para o delegado, Geraldo levou Andrade para o meio do rio de propósito, para cometer o crime.
Entre os fatores apontados para comprovar a linha investigativa estão o fato de o suspeito estar armado e ter levado uma âncora para o local do passeio, no rio Jacuípe.