Sem quadra e R$ 0,24 para merenda: o drama de uma escola vizinha ao estádio onde o Brasil enfrenta o México nesta terça
A bola não rola do outro lado da avenida do Castelão, palco do segundo jogo do Brasil na Copa, nesta teça-feira, diante do México. A gorduchinha quica entre pedras e estilhaços de tijolos, em trecho desnivelado do terreno improvisado como quadra da Escola Estadual Deputado Paulino Rocha. A inexistência de espaço próprio para as aulas de educação física é só um dos problemas enfrentados pelos 812 alunos da instituição de ensino, cujo portão de entrada fica de frente para o estádio reformado para o Mundial com R$ 518 milhões do Governo do Ceará.
Insatisfeitos com a estrutura sucateada do local de estudo, sem refeitório e com salas de aula degradadas, os alunos se mobilizaram e pintaram os muros do colégio no último dia 7 com protestos contra o governador Cid Gomes (Pros), no cargo desde 2006 e reeleito em 2010.
– Vieram quatro viaturas do Cotam (Comando Tático Motorozado) com fuzis gigantes para falar com os alunos. Impressionante! – relata Révia Nepomuceno, que sonha ser jornalista.
A Secretaria de Educação do Ceará (Seduc) agiu rápido e, para evitar exposição das mazelas para os turistas e para a imprensa na Copa, apagou com tinta branca as mensagens de reivindicação, na última sexta, véspera de Uruguai 1×3 Costa Rica.
A grana também é curta para a diretora Juraciara Soares, que não quis se pronunciar, providenciar merenda para os estudantes. Com 812 cadastrados, a verba para o lanche é repassada pelo Governo Federal – R$ 40 mil anuais, o que, em 200 dias letivos, representa R$ 0,24 por aluno.
– A gente recebe quatro bolachas e um suco aguado, que vem mais água do suco – conta Herlon Chagas, estudante de 17 anos.
A reportagem é do LANCE!Net, que procurou a Superintendência das Escolas Estaduais de Fortaleza e foi informado de que a escola será toda construída. Entretanto, o prazo exato para a obra sair do papel não foi estipulado.