Vamos à Parada? Não, muito obrigado! – por Enézio de Deus
Nunca me senti representado pelas chamadas “Paradas LGBTTT” (ou qualquer outro nome que já tiveram ou lhe sejam dadas) no Brasil. Ao contrário de um caráter cívico-político ou de ativismo realmente organizado para exigir respeito aos direitos (“nada menos; nada mais”), a exemplo de muitas que ocorrem em outros países, a forma “carnavalesca”, desnecessariamente exagerada como elas são estruturadas e têm se apresentado nos diversos rincões do nosso país somente me envergonham. Na época das edições do meu primeiro livro jurídico e quando membro da Comissão da Diversidade da OAB/BA (até quando pensei que essa também me representava; felizmente, pedi para sair), compareci, rapidamente, ou acompanhei, sobre trios, partes de pontuais edições de paradas em Salvador e em Feira de Santana, tendo-se em vista homenagem que nos prestaram pela nossa defesa do direito de adoção por casais homossexuais realmente estáveis e da pretérita atuação da incipiente composição da referida comissão da OAB.
Salvo motivo institucional ou de grande relevância diversa, nem eu nem meu companheiro comparecemos (felizmente, ele já comungava da mesma posição antes de nos relacionarmos), porque, apesar da importância de tais oportunidades de visibilidade e de militância sólida, as/os LGBTTTs sensatas/os não negam que a maioria se mobiliza mesmo para a “festa” (para a dança, a “aparição”, os flertes, paqueras, para o sexo – quanto mais ilimitado, melhor/melhor mesmo? -, para os flashes, etc) e, por ela, pela festa, para conhecerem “pessoas novas”, para viajarem país afora, movem “céus e terra” – alguns/mas que conheço, mesmo sem poderem financeiramente; mas se “endividam ou dividem” nos cartões, se for o caso.
Os eventos que se propõem sérios, que quase sempre precedem ou integram as paradas, como seminários acadêmicos, atos políticos públicos, dentre outros, não tem mais que ínfima parte dos/as milhões (muitas/os aparentemente “ensandecidos/as”) percorrendo, com seu baixíssimo senso crítico ou de conhecimento sobre sua própria realidade (com exceções, é lógico, porque há gente sensata/séria que ainda vai, expondo-se), as ruas, ao som de trios elétricos. Encontros para debates centrados/fundamentados/
Os vistos como conservadores e homofóbicos continuarão falando e bradando – em alguns pontos – com certa razão? Lógico! Não é querendo que a sociedade “engula” imagens ridículas a todo custo, que essa o fará ou respeitará/admirará as diversidades sexuais e de (trans)generidade humanas. Apesar da procedência/relevância da nossa luta pública em prol de tal respeito às diversidades (luta da qual não desistiremos nem abriremos mão – haja vista as nossas palestras, participações na mídia, pesquisas, livros e outras publicações), justamente como pessoa centrada e como pesquisador não “afetado” pelos desvarios de alguns/mas militantes, prosseguiremos esclarecendo – a tantos/as quantos/as for necessário – que estes eventos, no geral, NÃO me representam (à exceção de atividades realmente científicas, políticas e/ou outras sérias que os precedam), assim como, tenho certeza – porque ouço de incontáveis outras/os LGBTTTs o mesmo – não representam outro grande sem número de homossexuais e transgêneras/os.
Nenhuma posição é absoluta, porque o bom senso comporta/identifica sempre contrapontos e exceções. Mas, no geral, é isto. Por exemplo: será que alguma lésbica ou gay cristã/ão, em mínima “sã consciência” e harmonizada/o com a sua livre fé, sentiu-se bem ao ver representações absurdas, de baixíssimo nível, relacionadas ao nosso Amado Mestre Jesus? Lógico que não. Sentiram-se ofendidos num evento que diz estimular o “respeito à diversidade”. Será mesmo que as paradas têm conseguido tal respeito ou têm gerado mais efeitos contrários? Para que elas têm servido mesmo, afinal? Se se cogitasse uma representação religiosa deturpada e ofensiva à base/fé de matriz africana, ao Candomblé mais especificamente, que desconfigurasse o que tal matriz ensina, duvido que tal fosse inserido nas paradas, porque também virou, de há muito, uma espécie de “tendência ou moda”, no meio LGBTTT, dizer-se do Candomblé, da Umbanda ou ser “sincrético” (porque, afinal, a “diva” artista – cantora em especial tal e qual – o é assumidamente há anos, canta sua fé tão bela, assume, fala e, então, também seremos ou nos daremos a oportunidade de também sermos ou dizermos que somos/admiramos o Candomblé!).
De outro lado, por conta de haver certo número de cristãos radicais ou fundamentalistas (que também jamais nos representam; a maioria evangélica), assumir-se, harmoniosamente, lésbica, gay ou travesti e cristã/cristão, atualmente, passou a ser alvo de preconceitos vindos de tantos/as próprios/as outros/as gays, lésbicas e transgêneras/os ou militantes. Se o discurso é em prol do respeito à diversidade, por que não testemunhá-lo realmente?
Concluo pelo incontestável: na histórica/complexa rede de absurdos desrespeitos a LGBTTTs, infelizmente, muitas/os deles/as – pelo que temos comprovado -, são bem menos vítimas e mais (lamentável!) colaboradoras ou provocadores daquilo que “dizem/dançam” combater.
Costumo repetir, aos/às mais próximos/as, que um gay (trazendo para o “meu espelho”) pode ter os bens materiais mais “invejados”; honoríficos ou acadêmicos títulos admiráveis do mundo: mas, assim como qualquer outra/o cidadão/ã, se não entender o seu papel e postura no mundo do respeito que tanto exige, dando o primeiro exemplo, JAMAIS será respeitado. Se o for, se-lo-á mais por hipocrisia/interesses outros alheios, do que, de fato, pela sua missão no mundo. Quem tem senso crítico/transformador/
Não me orgulho da minha orientação sexual, nem o faria se fosse/estivesse no rótulo “hétero”: ela é um fato tão medíocre (no sentido de trivial da vida), como eu me manter ou não com barba, por exemplo. Jamais me envergonhei de tudo que me compõe, mas cada parte é, igualmente, uma dentre tantas outras. Estar harmonizado e livre com os próprios desejos e com as escolhas na forma de experienciá-los é bom? Sim, é maravilhoso! – tão maravilhoso quanto eu escrever este ensaio (como diz um militante: “nem menos, nem mais” rsss).
Algo, porém, orgulha-me, sinceramente, no melhor sentido: ainda enfrentando alguns reveses, eu me manter honesto/íntegro num mar de tantas corrupções/”jeitinhos”, de todos os tamanhos, que nos cercam lado a lado. Orgulha-me, também, a minha livre/serena opção pela proposta ética de Jesus e ser, também assumidamente, um cristão neste mundo de calamidades. Tais posturas/traços são nobilíssimas/os para mim, porque só almas fortes combatem, com ternura, humanismo, dignidade e respeito, estes difíceis “bons combates”. Muitas outras almas, que se dizem “defensoras disto, daquilo ou combatentes”, estão bem mais combalidas, em verdade, ou, no mínimo, sobremaneira desarmonizadas – ávidas por câmeras e flashes, por exemplo, para, “em nome da defesa”, sentirem-se “importantes”, bajuladas ou úteis no “mundo midiático” ao qual amam com especial ardor; com muito mais problemas do que maior parte de vocês, leitores/as, às/os quais agradeço a oportunidade das reflexões, aqui por mim/por nós tomadas com a maior seriedade.
Enézio de Deus – Doutorando e Mestre em Família pela Universidade Católica do Salvador; Advogado e servidor público efetivo do Estado da Bahia.
Falou td meu amigo querido.
Mesmo q quisesse retocar seu sentimento não teria como, as imagens e as declarações veiculados sobre essa passeata em especial, mostram um completo desprepara dos organizadores e o q reforça meu pensamento sobre esse despreparo, é o aumento das provocações q vem acontecendo ano após ano nessa manifestação. Tenho certeza q provocações acirram ainda mais os ânimos além de servir como plano de fundo para os radicais contrários
Nada mais feio do que pessoas amestradas. Tá querendo ganhar biscoito dos héteros, ou tá querendo ganhar uma estrelinha?
Que tristeza esse texto. O fervo e nossos corpos tb são política! Para de pedir esmolas jurídicas à tradicional família brasileira e começa a pensar em produzir novos modos de se viver em nosso mundo heteronormativo cristão e doente. Por que não? O seu repúdio à performance de Viviane não passa de transfobia disfarçada de ciência e “bom-senso”. Afinal, porqque Cristo não pode ser representada por uma trans? Qual a ofensa nisso? Afinal Cristo louro, de olho azul e desnudo pode, mas Cristo trans-mulher não? MELHORE!
Infelizmente as pessoas não sabem revidincar direitos, para o meu direito ser garantido, eu preciso respeitar o direito dos outros, o mais grave, é o dinheiro do contribuinte pratocinando uma absurdo desse, lamentável.
Parabéns pelo sensato ensaio Dr. Enézio de Deus. Eu comungo do seu posicionamento. Para ser respeitado é preciso respeitar, principalmente quando esse respeito é direcionado ao Nosso Senhor Jesus Cristo, ao Divino e a qualquer religião. A fé não é e não deve ser objeto de repressão ou protesto. Eu também não me sinto representado por tamanha insensatez vista em quase todas as paradas.
A crítica não é referente ao gay, mas da maneira agressiva e imoral como o movimento se representa ultimamente. É só irem à alguma parada ou movimento gay na avenida Paulista…Tirará suas conclusões de maneira mais realista…Fazer sexo na rua, orgias, deturpando, usando, drogas, roubo e edonismo, usando uma imagem tão religiosa e degradando-a às margens de orgia sexual ao invés de gerar inclusão, gera exclusão social. A marginalidade também é provocada por essas atitudes, e não só a sociedade hetero que o exclui. De certo que esse “carnaval fora de época”, para muitos, pode ser uma maneira de manifestação, mas representar moral e direitos de um cidadão de bem homoafetivo acho muito duvidoso. Isso nunca me representará.
Muito bem Enezio ,é bom mostrar que existe este lado de gente que tem esta postura de respeito , (ALGUNS)Homossexuais querem respeito ,mas nao tem ética, não respeitam nem a si próprio.
Existem formas mais sábias e saudaveis de cobrar e revindicar direditos sem praticar essa libertinagem,isso só piora a visão da sociedade em relacão ao assunto !
Parabéns amigo Enezio,por esclarecer com total exatidão o seu pinti de vista,e por expressar os seus pensamentos ,abraço!
Muito bem Enezio ,é bom mostrar que existe este lado de gente que tem esta postura de respeito , (ALGUNS)Homossexuais querem respeito ,mas nao tem ética, não respeitam nem a si próprio.
Existem formas mais sábias e saudaveis de cobrar e revindicar direditos sem praticar essa libertinagem,isso só piora a visão da sociedade em relacão ao assunto !
Parabéns amigo Enezio,por esclarecer com total exatidão o seu ponto de vista,e por expressar os seus pensamentos ,abraço!
Em um país em que as pessoas são pouco acostumadas a assumirem suas próprias responsabilidades, fica ainda mas claro que o exercício da liberdade pressupõe o da responsabilidade. Ressalvo que a liberdade de expressão termina onde começa o direito à integridade. Concordo que o movimento realizado dessa forma é contrário há uma moralidade à todos nós. Parabéns Enézio de Deus pelo artigo.
Gostaria de parabenizar ao meu amigo ENEZIO pelas palavras tão bem proferidas seu texto apresenta um sentimento lúdico,sensato e moral a respeito das opções de cada um.
Parabéns pelo texto Dr. Enezio de Deus muito rico, Adorei foi bastante realista ao discorrer este ensaio,a ideia é está temos que ir pela razão, pelo lado certo da vida, de fato foi algo rude, desumano nas atitudes por parte deles cadê a empatia,a sensibilidade onde fica.Para uma a ação gera a reação, consequências virá a tona mais cedo ou mais tarde.Na Bíblia consta que Saulo perseguia a Deus e deu de cara por terra.Ficou cego!!!Desperta sociedade não apoie o errado, não se conforme com estas situação.
“Quem quer respeito, dá respeito…”
Parabéns! Para mim tu és exemplo de bom senso e inteligência, em tudo, particularmente referindo-se ao tema citado e tão bem exposto, visto que és essa unanimidade no assunto, por ser estudioso em tal temática. Tu ao se expressar, fala com sabedoria, lucidez e amor. Porque eu te vejo inerente ao amor. Logo, tal sabedoria e poder de critica nascem da tua brilhante alma. Teu ensaio é digno de aplausos sim!! Sempre. Porque expõe a verdade de um homem cristão, puro e sincero mas sobretudo de um homem de caráter literalmente prodigioso. Te amo meu amigo.