Países ricos reservaram mais da metade de futuras doses de vacinas contra covid-19, diz ONG
Por RFI
Um grupo de países ricos que representa 13% da população mundial comprou mais da metade das doses de vacina prometidas pelos laboratórios contra a covid-19, de acordo com um relatório da ONG Oxfam divulgado na quarta-feira (16).
A organização analisou os acordos fechados pelas empresas que desenvolvem e fabricam as cinco principais vacinas contra o coronavírus e que estão atualmente na última fase de testes clínicos: AstraZeneca, Gamaleya/Sputnik, Moderna, Pfizer e Sinovac.
“O acesso às vacinas que salvam vidas não deveria depender de onde se vive ou de quanto dinheiro se tem”, declarou Robert Silverman, diretor da Oxfam. “O desenvolvimento e a aprovação de uma vacina segura e eficaz é crucial, mas é igualmente importante garantir que as doses estejam disponíveis para todos. A covid-19 está em todos os lugares”, lembrou.
Segundo cálculos da Oxfam, os laboratórios deverão produzir 5,9 bilhões de doses. Isso seria o suficiente para cerca de 3 bilhões de pessoas, o que leva a crer que serão necessárias duas doses.
Até agora, 2,7 bilhões (51%) das 5,3 bilhões de doses negociadas foram encomendadas por países, territórios e regiões que incluem Estados Unidos, Reino Unido, União Europeia, Hong Kong, Macau, Japão, Suíça e Israel. As outras 2,6 bilhões de doses foram adquiridas, ou receberam promessas de aquisição, de países em desenvolvimento como Brasil, Índia, Bangladesh, China e México, entre outros.
A ONG pediu que uma “vacina do povo”, que seria distribuída gratuitamente e com base nas necessidades de cada país, também seja disponibilizada. “Isso só seria possível se as corporações farmacêuticas permitissem que as vacinas fossem produzidas compartilhando gratuitamente as patentes, em vez de proteger seus monopólios e vender em função da melhor proposta”, concluiu.
A organização calculou que o custo estimado do suprimento da vacina para cada habitante do planeta é inferior a 1% do impacto previsto na economia mundial pela covid-19.