‘Eu fui abraçada pelo assassino, mataram meu filho de joelhos’, diz mãe do médico Andrade Santana
Os familiares do médico psiquiatra Andrade Santana Lopes, de 32 anos, estiveram no Departamento de Polícia Técnica de Feira de Santana (DPT), na tarde desta sexta-feira (28) para fazer o reconhecimento do corpo. Horas antes, ele foi encontrado morto, com um tiro na nuca, no Rio Jacuípe, na Localidade Xavante, em São Gonçalo dos Campos, após cinco dias desaparecido.
Um médico formado na Bolívia, amigo da vítima, foi preso no bairro Santa Mônica, em Feira de Santana, como suspeito do crime.
A mãe de Andrade, Domitila Lopes, que saiu do Acre para acompanhar as investigações sobre o desaparecimento do filho, disse ao Acorda Cidade, que estava muito triste e que foi abraçada pelo suspeito. Ela disse que ele chegou a ir com a irmã de Andrade ao local onde o carro dele foi encontrado e ficava apontando pessoas como suspeitas.
“Isso é um absurdo né? É muito triste. A gente não merece isso. Eu fui abraçada pelo assassino, ele me confortava, chorou comigo, sentiu a minha dor junto comigo. Isto é muito triste. Ninguém merece isso, eu estou arrasada com isso. Eu reconheci o corpo do meu filho pelos pés porque o resto estava deformado. Mataram meu filho de joelhos. Eu creio que meu filho teve tempo de se consertar com Deus. Meu filho tinha um projeto de ajudar os pobres, ele trabalhava na assistência social, ele era um menino de ouro. Era um menino bom, não merecia ter morrido assim. Eu estou arrasada, eu estou tendo conforto das orações do Brasil, que está sentindo a minha dor junto comigo. Meu filho foi traído, confiou no amigo. Se dizia doutor, não sei se é doutor, dava plantão e tudo, e depois fazer uma coisa dessas com um ser humano tão bom”, desabafou.
“Ele começou a culpar os amigos dele. Olha, cuidado com fulano porque fulano não tem uma cabeça legal, e ficava jogando um contra o outro, tentando maquiar, né. Maquiar a participação dele no crime. Graças à oração do Brasil, Deus permitiu que viesse à tona. Minha filha estava perto, foi junto com ele ver onde estava o carro, ele disse que estava falando com a mãe dele sobre Londres, ele já estava querendo ir embora do Brasil. Deus não permitiu. Ele vai pagar por tudo isso. Se você é cristão tem que perdoar né, mas a pena dele, ele vai ter que pagar né”, declarou a mãe da vítima ao Acorda Cidade.
Suspeito comprou âncora
Em entrevista ao Acorda Cidade, o coordenador de Polícia Civil da 1ª Coorpin de Feira de Santana, delegado Roberto Leal, relatou que logo após a polícia dar início às investigações sobre o desaparecimento do médico, a polícia percebeu que as informações prestadas na delegacia pelo suspeito não estavam condizentes com as investigações preliminares.
“Inicialmente, no dia do desaparecimento e no dia seguinte, quando um colega de trabalho do médico compareceu à delegacia de polícia informando sobre o desaparecimento, as investigações foram iniciadas pela 1ª Coorpin e também pela Furtos e Roubos, e de imediato começou-se a perceber que as alegações prestadas pelo colega não estavam relacionadas corretamente com o que foi angariado durante as investigações preliminares. As investigações continuaram, e no dia 27, chegou-se a uma testemunha, que acabou relatando algumas informações que apontam para a participação dessa pessoa com o crime”, informou Leal.
Segundo o delegado, também no dia 27, através das equipes de inteligência, chegou-se a um estabelecimento comercial e foi verificado que o mesmo indivíduo que é suspeito, comprou uma âncora, a mesma que foi encontrada amarrada ao corpo de Andrade, e por esse motivo foi representada a prisão temporária do suspeito.
“Até o momento não conseguimos apontar corretamente a motivação para o fato. Em relação à venda da moto aquática, está descartada, principalmente pelos depoimentos coletados de amigos e outros colegas de Andrade, de que ele não veio a Feira de Santana para negociação desse Jet Sky. Ele veio justamente resolver uma pendência junto ao exército para aquisição de uma arma de fogo”, relatou.