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Por Chico Alves, colunista do Uol

Caminhão abastecendo o tanque com óleo diesel em posto de combustíveis de São Paulo Foto: Edilson Dantas/Agência O Globo

A indefinição entre o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, e a Petrobras sobre a continuidade ou não do Preço de Paridade de Importação (PPI) para definir quanto o consumidor vai pagar nos postos motivou duras críticas por parte dos líderes caminhoneiros.

Na quarta-feira, o ministro anunciou em entrevista à Globonews que o PPI iria acabar, mas a Petrobras, por meio de nota, informou que a empresa não recebeu nenhuma proposta de Silveira nesse sentido. Os caminhoneiros defendem há muito tempo o fim da paridade de importação.

O método atual, usado a partir de 2016, determina que os preços dos combustíveis no Brasil variem de acordo coma cotação do barril de petróleo no mercado externo e das oscilações do dólar. Com isso, se o preço do petróleo sobe no mercado internacional, o aumento tem que ser repassado às refinarias da Petrobras no Brasil.

“A gente fica sem saber o que eles vão fazer de fato, ministério e Petrobras estão batendo cabeça”, reclamou à coluna Wallace Landim, conhecido como Chorão, presidente da Abrava (Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores).

“Há uma promessa de campanha do atual presidente da República, como teve do anterior, de acabar com o PPI. Queremos saber qual o planejamento da Petrobras, precisamos ser autossuficientes no refino, para não depender do mercado estrangeiro. Lula vai ter que ter pulso firme”.

Diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti Dahmer tem a mesma opinião.

“Não tem motivo para o Brasil, que tem condição se ser autossuficiente, praticar preço de mercado internacional, quando temos condições internas de resolver isso com lucro e diminuir o valor para quem paga na bomba”, afirma ele.

“Tudo em favor de quem joga na bolsa. Os acionistas da Petrobras já ganharam demais às custas do povo brasileiro”.

“Mudar o PPI é nossa luta desde 2018, quando paramos o Brasil por sofrer com o preço do diesel cobrado em dólar”, recorda Plinio Dias, presidente do CNTRC (Conselho do Transporte Rodoviário de Cargas).

“Nossa moeda se chama real e os salários não acompanham o valor do dólar, mas infelizmente o ex-presidente Michel Temer criou essa situação”.

Dias lembra que os caminhoneiros passaram quatro anos brigando com o governo de Jair Bolsonaro, que não cumpriu sua promessa de acabar com o PPI.

“O presidente Lula também prometeu acabar com esse método de fixar o preço dos combustíveis e esperamos que ele honre com a sua promessa. Nós não aguentamos essa situação”, reivindica Dias. Para ele, para atingir esse objetivo a Petrobras deve mudar os conselheiros por “pessoas que pensam no Brasil”.

O presidente da Abrava pede uma definição por parte do governo.

“Em quem a gente vai acreditar? Ministério das Minas e Energia fala uma coisa e a Petrobras desmente, enquanto a população e a economia do país ficam sofrendo”, lamenta Chorão.

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