‘Esta cadeira estar comigo é uma cagada’, disse Bolsonaro durante reunião com ministros
Por g1
O então presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, na reunião convocada com ministros em julho de 2022 para discutir as eleições, que o fato de ocupar a Presidência da República era uma “cagada”.
“Essa cadeira aqui é uma cagada, estar comigo é uma cagada. Vou explicar a cagada. Não vai ter uma cagada dessa no Brasil. Cagada do bem, deixar bem claro”, afirmou.
O vídeo do encontro foi apreendido pela Polícia Federal em um computador de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que fechou acordo de colaboração premiada. O sigilo da gravação foi retirado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, nesta sexta-feira (9).
A reunião da alta cúpula do governo ocorreu em 5 de julho de 2022. À ocasião, Bolsonaro disse a ministros que era necessário agir antes das eleições para que o Brasil não virasse “uma grande guerrilha”.
No momento da frase sobre ocupar a Presidência da República, Bolsonaro fazia uma crítica a ministros do STF. Em seguida, voltou a reforçar que sua eleição foi incomum.
“Como é que eu ganho uma eleição? Um fudido, um fudido como eu, deputado baixo clero, escrotizado dentro da Câmara, sacaneado, gozado. Uma porra de um deputado, uma porra de um deputado, de 513. Não consigo entender como alguns não entendem o que está acontecendo.”
A gravação é uma das peças que embasaram a operação da PF contra militares e ex-ministros suspeitos de participarem de uma tentativa de golpe de Estado.
Segundo a PF, na reunião, o então presidente ordenou a disseminação de informações fraudulentas para tentar reverter a situação na disputa eleitoral.
“Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil, vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira no Brasil. Agora, alguém tem dúvida que a esquerda, como está indo, vai ganhar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão ganhar as eleições”, disse.
As supostas fraudes eleitorais alegadas por Bolsonaro ao longo de quatro anos de mandato nunca existiram. A lisura do processo e a confiança no resultado foram reafirmadas por autoridades nacionais e internacionais, diversas vezes.