Exoneração do pai de vereador é vista como retaliação do prefeito após eleição da Câmara em Santaluz

Vereador Higor de Paulo ao lado do prefeito Arismário | Foto: Redes sociais
A exoneração de Paulo Henrique Lima dos Santos, pai do vereador Higor de Paulo, publicada na segunda-feira (31) pela Prefeitura de Santaluz, acendeu um alerta nos bastidores do grupo político do prefeito Arismário. A decisão veio poucos dias após a eleição da nova Mesa Diretora da Câmara, vencida pela vereadora Jó com o apoio de Higor — contrariando a orientação do próprio prefeito, que havia declarado apoio a Pedro do Salão. Higor, Jó e Pedro são todos da base política de Arismário.
O movimento é visto como retaliação direta dentro do grupo. Para aliados da chapa vencedora, a exoneração foi um recado claro, num momento em que se buscava pacificação entre os poderes. A leitura entre interlocutores próximos é que o gesto do prefeito não teve tom administrativo, mas político — e que mira o vereador que escolheu manter a autonomia diante de uma disputa interna entre nomes do próprio grupo.
Higor de Paulo tem adotado um discurso público de moderação. Em entrevista recente, o vereador afirmou: “Fiz parte de um processo legítimo, com dois nomes da nossa base disputando. Minha escolha pela vereadora Jó foi construída com diálogo, ouvindo os colegas e pensando no que seria melhor para o funcionamento da Câmara. Em nenhum momento me afastei do grupo ao qual pertenço.”
Mas a exoneração do pai do vereador, mesmo com o discurso de harmonia ensaiado após a eleição da mesa — e reiterado por nomes como Jó e o ex-presidente Sérgio Suzart —, colocou esse ambiente em xeque. A avaliação entre aliados é que o gesto do prefeito reforça uma postura de intolerância diante de qualquer sinal de autonomia, especialmente quando essa autonomia (mesmo que institucional) contraria sua vontade direta.
O prefeito ainda não se pronunciou oficialmente sobre os motivos da exoneração. Higor, até o momento, também não comentou publicamente o afastamento do pai.
O episódio também trouxe à tona comparações com o comportamento do ex-prefeito Júnior do Max, adversário político de Arismário. Segundo interlocutores ouvidos reservadamente, mesmo sendo chamado pelo atual prefeito, em diferentes momentos, de “autoritário”, Júnior teria adotado uma postura mais republicana que Arismário durante a eleição da Câmara.
Um exemplo citado é o do vereador de oposição Louro do Rio Verde, aliado de Júnior, que votou em Pedro do Salão, candidato do prefeito na eleição para presidente da Câmara. Louro justificou a escolha como uma decisão pontual: “Como não havia um candidato da oposição na disputa, eu precisei escolher. E optei por Pedro. Mas deixo claro: isso não muda minha posição. Continuo sendo oposição ao governo.”
No último domingo (30), Louro participou da entrega de um trator na zona rural ao lado de Júnior do Max, reforçando a manutenção do vínculo com seu grupo político. Para interlocutores do grupo que governa o município, o gesto da oposição mostrou que é possível lidar com divergências internas sem recorrer a retaliações públicas.
No grupo do prefeito, por outro lado, a avaliação é que a disputa pela presidência da Câmara ainda não foi totalmente absorvida por Arismário. E a exoneração do pai do vereador Higor deixa evidente que, apesar do discurso de recomposição por parte de alguns aliados da base, a tentativa do prefeito de reorganizar a influência no Legislativo ainda passa por movimentos de pressão e desgaste.
Além disso, aliados do prefeito têm questionado, nos bastidores, a capacidade dele de manter coesa a base política, que hoje soma dez dos treze vereadores da Câmara. A avaliação é de que gestos como o afastamento de figuras próximas a parlamentares podem enfraquecer o diálogo interno e provocar o racha dentro do grupo.
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