“Tá dando atestado de incompetência ao deixar o equipamento sem uso”, diz deputada ao cobrar prefeito de Santaluz por mamógrafo parado há quatro anos

A deputada estadual Olívia Santana (PCdoB) fez uma cobrança bem direta ao prefeito de Santaluz, Arismário Barbosa Júnior (Avante), sobre um assunto que tem incomodado muita gente na cidade: o mamógrafo que foi entregue ao município em 2021 e até hoje nunca foi usado.
O equipamento custou mais de R$ 189 mil e foi comprado com recursos de uma emenda parlamentar da própria deputada. Quatro anos depois, continua sem atender ninguém.
A cobrança foi feita nesta terça-feira (11), durante uma entrevista ao programa Estação Notícias, da rádio Estação FM. Segundo Olívia, o mamógrafo já deveria estar sendo usado para exames de prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama, mas isso ainda não aconteceu por falta de iniciativa da gestão municipal.
Ela disse que já cobrou o prefeito — e fez questão de lembrar que ele é médico — além de ter acionado a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) para tentar resolver o impasse. A deputada também sugeriu que o equipamento seja devolvido, caso a prefeitura siga sem colocá-lo em funcionamento. E contou que a cidade de Cansanção já demonstrou interesse em receber o aparelho.
O recado foi claro e direto:
“Em respeito à necessidade das mulheres de Santaluz, peço ao prefeito Arismário, que é um médico, realmente aja com seriedade e implante esse equipamento. Ou ele implanta, ou devolve. Ele não quer dar um atestado de incompetência devolvendo o equipamento, mas tá dando esse atestado de incompetência ao deixar o equipamento sem uso. O dinheiro público é do povo e tem que ser respeitado.”
O impasse envolve também a inauguração do Centro de Especialidades Médicas, que custou mais de R$ 7 milhões aos cofres públicos. O prédio parece estar pronto há mais de um ano, mas ainda não foi inaugurado.
Em maio, o prefeito disse que a entrega dependia da ligação elétrica pela Coelba. A empresa fez o serviço. Depois, em julho, Arismário gravou um vídeo com o secretário municipal de Saúde dizendo que o centro seria entregue durante os festejos de aniversário da cidade. Só que não foi.
Agora, o prefeito afirma que está esperando o governador Jerônimo Rodrigues para fazer a entrega oficial da unidade. Mas aí fica o questionamento: se a obra é municipal, por que ela depende da presença do governador para começar a funcionar? O prédio tá pronto, o equipamento tá lá e a população — principalmente as mulheres que precisam desse serviço — continua esperando.
Nos bastidores, o assunto já virou motivo de desconforto até entre aliados do prefeito. Tem gente dentro do próprio grupo político de Arismário dizendo que essa demora só gera desgaste e mostra falta de sensibilidade com a população. Afinal, o mamógrafo é um equipamento de saúde pública parado há quatro anos, e o centro de especialidades médicas é uma estrutura pronta, mas com as portas fechadas.
Uma fonte do grupo político do prefeito, ouvida sob condição de anonimato, resumiu o que muita gente vem dizendo nas ruas: “Se o espaço é do povo, a prioridade precisa ser atender quem mais precisa.”
Segundo essa mesma fonte, a crítica dentro do próprio grupo reforça a pressão por mais responsabilidade — e menos marketing — na forma como a saúde pública vem sendo tratada. “Enquanto serviços essenciais seguem fora do alcance da população, usar a entrega de equipamentos de saúde como vitrine política só aumenta o desgaste de uma gestão que já enfrenta outros problemas”, completou.
A deputada Olívia Santana, por enquanto, ainda aposta numa mudança de postura por parte do prefeito. Mas já avisou: se até o fim do ano o mamógrafo não estiver funcionando, vai acionar o Ministério Público. A ideia, segundo ela, é garantir que um equipamento público — que já poderia estar salvando vidas — finalmente cumpra o papel para o qual foi comprado.
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