Mulher trabalhava há mais de 40 anos sem receber salário na Bahia
Bahia Notícias
Uma mulher que trabalhava em condições análogas de escravidão no interior da Bahia foi resgatada por uma ação conjunta do Ministério Público do Trabalho (MPT) e Polícia Federal (PF). De acordo com auditores fiscais do trabalho que integraram a força tarefa da ação que ocorreu na quarta-feira (20) e quinta (21), a mulher trabalhava como empregada doméstica em uma residência no município de Elísio Medrado, no Vale do Jiquiriçá, sem direito a férias, a sair da casa e ainda sofria agressões físicas dos seus patrões. Ela realizava atividades do dia-a-dia como lavar pratos, roupas e limpar a casa há 40 anos e, como pagamento, recebia apenas comida, roupas e remédios. A trabalhadora laborou todos esses anos sem gozar de qualquer dia destinado a repouso, bem como jamais tirou férias. A auditora fiscal do trabalho Liane Durão afirmou que “houve desrespeito geral e sistemático aos diversos limites de jornada estabelecidos na legislação pátria, destinados a proteção da saúde e segurança do trabalhador”. Para Jackson Brandão, auditor fiscal que também integrou a ação, o acontecimento “é um hábito ainda vivo na cultura brasileira”: “O empregador mantém como agregados pessoas em condição de vulnerabilidade social”. O Ministério Público do Trabalho analisará a viabilidade de firmar Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) ou ajuizamento ação civil pública em busca da reparação indenizatória pelos danos causados à mulher. Os relatórios de fiscalização serão encaminhados à Polícia Federal, que vai investigar o crime de redução de trabalhadores a condições análogas às de escravo.