Voluntários do Sertão mudam a vida de Arivaldo: ‘o pequeno grande homem’ de Santaluz

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Foto: Divulgação
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Com apenas 6 anos de idade Arivaldo Mota, mais conhecido como “Prancha”, não brinca como as outras crianças da sua idade. Quando ele não está na escola fica pelas ruas de Santaluz, na região nordeste da Bahia, só que não faz as mesmas coisas que os meninos do seu bairro. Prefere ir atrás de mantimentos para ajudar a mãe a alimentar os seus sete irmãos, com quem vive em uma casa de aluguel, com quatro cômodos e em condições bem precárias no entorno da cidade. Quase sempre falta água e sobram moscas rodeando as crianças. Os banhos são em uma bacia. A comida, muitas vezes trazida pelo menino, é feita sob fogo à lenha e nem sempre dá para todos.

Prancha tornou-se o responsável por ajudar no sustento da casa, pois a mãe não tem condições de trabalhar e deixar os filhos. “Ele não é o mais velho dos meus filhos, mas eu sinto que ele já assumiu que é o homem da casa” diz a mãe Cremilsa Mota, de 24 anos, segurando no colo a filha recém-nascida e ainda sem nome. O pai não conheceu a filha e não é certo que verá um dia. Foi preso em Santaluz no mês passado sob acusação de estupro de uma jovem e está à mercê do judiciário ou a “justiça” imposta no cárcere a quem é acusado por esse tipo de crime. “Não sei se meu marido volta. Não acredito que ele fez isso. Talvez tombem (matem) ele lá né”, diz a esposa, resignada e ainda em luto pela morte do tio de Prancha, assassinado semana passada. O pequeno Arivaldo se lembra do dia que o pai foi preso dentro de casa pela polícia. E tem pesadelos esperando todas as noites pela sua volta.

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Nessa semana em que Santaluz recebeu a ação dos Voluntários do Sertão – em parceria com a Prefeitura e o Governo do Estado -, trazendo alegria a uma população tão sofrida, Prancha aproveitou a chance para tentar realizar um desejo que para ele seria praticamente impossível até então. O sonho de ir ao dentista pela primeira vez. A perseverança do menino e o desejo incomum a um garoto de 6 anos, comoveu uma das voluntárias quando foi abordada por ele, perguntado se poderia ser atendido sozinho, ficando na fila sem os pais. “Quero ficar bonito. Tudo branquinho. Pode?”, perguntou o menininho.

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O gesto do pequeno Arivaldo desencadeou uma corrente do bem e chamou a atenção para as condições precárias em que vive, mas que não é uma exceção. Nessa semana a família recebeu amparo jurídico dos Voluntários e em breve passará a desfrutar não apenas dos R$ 400 do Bolsa Família, mas também dos benefícios do Auxílio Reclusão. O bebê, que deverá ser batizada como Vitória, recebeu atendimento de um Médico da Família. Já o pequeno grande homem da casa, ganhou um tratamento dentário completo e o coração de todos. Agora poderá sorrir sem vergonha dos colegas da escola que debochavam dele. E poderá exibir um sorriso ainda mais lindo, e que nunca se apagou mesmo diante de tantas dificuldades.

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