Com alta acumulada de 15% em 12 meses, o preço do pãozinho deve continuar pressionado pelo dólar nos próximos meses. Já a decisão do governo argentino de restringir a exportação de trigo para controlar o preço do alimento no país já não pesa tanto na inflação do produto no Brasil. Diante da quebra da safra do país vizinho — principal fornecedor de metade das cerca de 10,5 milhões de toneladas de trigo consumidas aqui — o governo autorizou a compra de dois milhões de toneladas de Estados Unidos e Canadá, sem a tarifa de importação de 10% que incide sobre o produto e sobre o transporte. A medida amenizou o custo para os moinhos e supriu a falta do trigo argentino.

— A Argentina é sempre uma surpresa, mas nosso problema hoje não é falta de trigo. A safra russa foi muito boa, os preços no mundo não vão subir. O que está pressionando no Brasil é o câmbio. Estamos comprando trigo em dólar e não há como repassar para o preço da farinha — diz Lawrence Pih, presidente do Moinho Pacífico e conselheiro da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo).

— E os preços vão continuar subindo a não ser que haja um pacto do governo para que o dólar volte a ficar em torno de R$ 2. A gente está importando hoje e paga na hora. De julho de 2011 até agora, a moeda já subiu 45% e isso impacta toda a cadeia de alimentos — finalizou Pih.

Safra brasileira será maior
Este ano, a safra brasileira do grão deve chegar a 5,7 milhões de toneladas, contra 4,2 milhões de 2012. Ainda assim, o câmbio deve pressionar os preços, já que o trigo é cotado em dólar, e o Brasil é exportador. Isso acontece porque nem todo o trigo tem qualidade para ser usado na produção de pão. Boa parte é destinada à fabricação de massas e biscoitos e, como não há demanda suficiente no mercado interno para este tipo, parte é direcionada ao mercado externo. (O Globo)

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