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Blog da Cláudia Collucci | Folha de S.Paulo

Médicos em sala de cirurgia | Foto: Wikimedia Commons

Médicos em sala de cirurgia | Foto: Wikimedia Commons

Em um caso raro e inédito na medicina, um doador de órgãos transmitiu câncer para quatro receptores. Três deles, que receberam diferentes órgãos, morreram. A história começa em 2007, quando uma pessoa de 53 anos morreu vítima de AVC (Acidente Vascular Cerebral). Seus pulmões, fígado, rins e coração foram doados. Entre 16 meses e seis anos após os transplantes, quatro receptores foram diagnosticados com câncer. Três dos quatro morreram após a propagação da doença, de acordo com o estudo de caso publicado no American Journal of Transplantation. O paciente restante sobreviveu após os cirurgiões removerem o rim que ele recebeu. Ele também passou por quimioterapia. Os autores do estudo, da Universidade de Tübingen, na Alemanha, e do VU University Medical Center (Amsterdã ), classificaram o caso como “extraordinário” e dizem que o doador tinha câncer de mama que não foi detectado na hora da remoção dos órgãos. Porém, eles não especificam se era homem ou mulher. Ambos podem ter câncer de mama. Os autores acreditam que armazenar órgãos quentes sem um suprimento de sangue poderia ter ajudado as células tumorais a se espalharem. Os imunossupressores (medicamentos que evitam a rejeição dos órgãos) que os pacientes tomaram também podem ter permitido que a doença crescesse sem ser detectada. O caso é considerado raro. Estima-se que a chance de se contrair câncer de um doador fique entre 0,01% e 0,005%. De qualquer maneira, serve de alerta para as equipes de transplante. As atuais triagens de doadores de órgãos envolvem basicamente testes sorológicos para descartar doenças como Aids, sífilis e hepatite C. No futuro, quem sabe, testes genéticos rápidos também podem vir a ser incorporados na rotina dos transplantes.

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