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Queimadas: PM presta homenagem a soldados mortos em 1929 pelo bando de Lampião (fotos)

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Queimadas: PM presta homenagem a soldados mortos em 1929 pelo bando de Lampião

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A Polícia Militar em parceria com a prefeitura de Queimadas realizou, nesta segunda-feira (22), uma solenidade cívico militar para render homenagem a sete policiais militares executados no ano de 1929, pelo bando do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, popularmente conhecido como Lampião. O evento aconteceu na praça onde fica a Cadeia Pública, local da chacina.

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No ato, o Comandante Geral da PM, Coronel Alfredo Castro, e o Prefeito Tarcísio de Oliveira reinauguraram o Destacamento da PM, batizado com o nome de um dos mártires, Aristides Gabriel de Souza. Após a solenidade, que contou com discursos, resumo histórico e desfile de tropa, a multidão acompanhou as autoridades em cortejo até o Cemitério Municipal, onde, no túmulo dos heróis, havia sido afixada uma placa em memória deles e foram depositadas corbelhas, em seguida foi executado o toque de silêncio e feitas orações.

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“Um dever que estava em minha consciência, resgatar a História de Queimadas. Sinto-me gratificado”, definiu o Coronel Souza Neto, cidadão queimadense e idealizador da homenagem, ao falar de seu sentimento. Em suas palavras, o Coronel Castro enalteceu a importância de homenagear os heróis e agradeceu o reconhecimento da sociedade ao sacrifício deles: Aristides Gabriel de Souza, Olímpio B. de Oliveira, José Antonio Nascimento, Inácio Oliveira, Antonio José da Silva, Pedro Antonio da Silva e Justino Nonato da Silva.

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O fato – Na tarde do dia 22 de dezembro de 1922 a cidade de Queimadas foi palco de uma tragédia de grandes proporções. Seguindo sua trajetória errante nos sertões, o bandido Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, à frente de um numeroso grupo de cangaceiros, invadiu a sede do município para perpetrar uma das maiores barbaridades de sua história recheada de crimes sanguinários.

Utilizando-se dos mesmos métodos empregados em centenas de cidades do interior dos sete estados que atormentou durante quase três décadas, Lampião cortou as linhas de transmissão do telégrafo da cidade, único meio de comunicação com o mundo externo à época. A seguir, dirigiu-se à sede do destacamento da Força Pública, atual Polícia Militar da Bahia, situado na Praça da Bandeira, no centro da cidade. Lá, surpreendeu o efetivo de serviço, composto naquele momento pelos soldados Aristides Gabriel de Souza, Olímpio B. de Oliveira, José Antonio Nascimento, Inácio Oliveira, Antonio José da Silva, Pedro Antonio da Silva e Justino Nonato da Silva, libertando os presos e trancafiando os policiais militares. O sargento Evaristo Carlos da Costa, comandante do destacamento, atraído pelo silvo de um apito, expediente utilizado para convocar os policiais militares ao quartel, também foi preso pela quadrilha.

Com a aterrorizada cidade sob seu domínio, Lampião passou a saquear aqueles que possuíam algum recurso financeiro, exigindo quantias pré-estipuladas de acordo com suas próprias impressões. O sargento Evaristo foi colocado entre o bando e obrigado a percorrer as ruas da cidade durante o saque, desarmado, sem chance de esboçar qualquer reação.

Terminada a operação criminosa, Lampião e seu bando passaram a se dedicar a mais odiosa das ações encetadas naquele fatídico domingo: retornaram ao destacamento, posicionaram-se em frente à sede e retiraram, um a um, os soldados presos. Ao saírem, foram baleados e, com requintes de crueldades, friamente abatidos a golpes de punhal. Mesmo diante de tão trágicos destinos, registraram-se cenas da mais enraizada coragem, a exemplo do soldado Aristides Gabriel de Souza que desafiou o chefe dos criminosos a encará-lo sem a cobertura dos demais cangaceiros. Por esse ato de bravura, sofreu uma morte mais dolorosa que os outros, sendo executado com redobrada intensidade.

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Poupado em razão de um pedido feito por uma moradora da cidade, D. Santinha, esposa do coletor federal, Sr. Anfilófio Teixeira, a Lampião, em função da admiração que esta nutria pelo policial militar, haja vista a identificação positiva construída com a comunidade, o sargento Evaristo não conseguiu assistir à chacina pedindo para morrer primeiro ou se retirar do local, tendo o líder da súcia lhe ordenado a retirada imediata.

Encerrado o trucidamento dos policiais militares, Lampião, como prova do seu completo desprezo à vida, ainda permaneceu na cidade até a madrugada, promovendo, inclusive, um baile para o qual forçou o comparecimento de inúmeras famílias, em que pese o estado de choque que tomou conta dos moradores de Queimadas diante dos acontecimentos.

Por fim, abandonou a cidade deixando para trás uma população traumatizada pelas barbaridades presenciadas, profundamente enlutada pelo infeliz destino daqueles que a protegiam.

Redação Notícias de Santaluz | Fotos: Cidicleiton Souza (Zé Bim)

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Motor de sisal da década de 40 resiste na Bahia; mutilados passam de dois mil

por Henrique Mendes | G1 BA
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Com investimento de R$1,2 milhão, projeto para ‘máquina segura’ falhou | Foto: Reprodução/G1

Edson Oliveira, trabalhador rural de 26 anos, perdeu a parte superior de um dos dedos da mão esquerda quando operava uma máquina desfibradora de sisal. O acidente ocorreu em 31 de dezembro de 2013, dia de festa de réveillon para milhões de brasileiros e de trabalho pesado nas roças do município de Conceição do Coité, a cerca de 210 quilômetros de Salvador. Psicologicamente, o desastre deixou traumas. “Não gosto nem de lembrar. Quando me dei conta, já não tinha nada a fazer. É triste”, lamenta.

Apesar da trágica lembrança, nada mudou na vida profissional do jovem cevador. Quase um ano após o acidente, o trabalho de risco persiste diante de um equipamento que já mutilou mais de 2.000 produtores de toda região sisaleira, que é composta por mais de 30 municípios. “Eu tenho medo que ocorra de novo, mas não tenho outro meio de sobreviver”, explica o motivo de ainda se arriscar meio à vegetação seca do semiárido baiano.

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Edson Oliveira, de 26 anos, perdeu parte de um dos dedos em 2013 | Foto: Henrique Mendes/G1

As vítimas do motor do sisal estão espalhadas pelas comunidades de Conceição do Coité. Morador do “Assentamento Nova Palmares”, a 12 quilômetros do centro do município, o próprio Edson Oliveira relata que não foi o primeiro da família a ter sido vítima do equipamento. “Eu tenho um tio que cortou até aqui”, disse apontando para o antebraço. Em caso próprio e sobre o parente, o cevador comenta que os acidentes ocorreram durante descuidos de segundos. “Eu vacilei. Num momento de distração, a minha mão desceu. O trabalho exige muita atenção”, explica o produtor que desfibra sisal há 10 anos. 

Diante da vegetação seca, o som alto e persistente do motor do sisal indica os caminhos para histórias de outras vítimas. Rodeado por jovens cevadores, o trabalhador rural Antônio da Silva Cardoso, de 54 anos, guarda as marcas de um acidente traumático. Em 1976, quando tinha apenas 16 anos de idade, perdeu quatro dedos da mão esquerda quando operava a máquina desfibradora. Era o primeiro ano de trabalho com o equipamento e dez anos posteriores de afastamento das atividades do campo.

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Antônio da Silva Cardoso, de 54 anos, teve dedos mutilados em 1976 | Foto: Henrique Mendes / G1

“Nesse período, meu pai ainda era vivo e ele me deu sustento até quando eu consegui, assim, um custo. Aí, depois que eu consegui, meu pai parou de me ajudar. Sempre agradeço a meu pai, que foi quem me ajudou quando eu me acidentei”, disse emocionado. Após décadas, ainda é difícil para Antônio lembrar dos momentos do desastre. Seus olhos marejam ao reaver os traumas de uma adolescência perdida.

“Eu passei um ano e meio que não aguentava nem passar nem perto do motor trabalhando assim, que eu me lembrava. Ficava naquele pensamento. Fui indo, fui indo, fui indo. Pedi por Deus e fui esquecendo. A gente trabalhador de roça vê muita coisa, né? Foi passando esse tempo, mas de vez em quando me lembro ainda”, desabafa.

Hoje em dia, Antônio ainda opera o motor mutilador. “Mas faço de tudo para não lembrar daquele dia”, ressalta a força que empreende para dar continuidade ao serviço que possibilita a manutenção de mais de 700 mil pessoas em toda região sisaleira.

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Bráulio Oliveira, de 49 anos, é dono de motor de sisal | Foto: Henrique Mendes / G1

Antônio trabalha na máquina de Bráulio Oliveira, de 49 anos. O produtor rural herdou o equipamento do pai, em 1974, sendo que o produto foi adquirido pela família em 1949. O trabalho do dono e do cevador se misturam. Eles atuam juntos na colheita, transporte e desfibração do sisal.

“As máquinas que usamos são muito antigas. O problema é que os melhores técnicos não veem na região para criar uma máquina. Lá nos Estados Unidos mesmo, lá não tem sisal. Então, eles não têm como criar uma máquina, uma tecnologia para trazer para cá. E se também fizer vai vender a quem? Porquê uma máquina dessa deve ser cara”, argumenta.

‘Tecnologia’ de 40
Coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Sintraf) de Conceição do Coité, Urbano Carvalho, de 55 anos, explica que a máquina utilizada para desfibrar o sisal é a mesma operada pelos trabalhadores rurais há mais de 60 anos.

Ele detalha que a segunda etapa de beneficiamento da planta – quando é feita a seleção da fibra nas batedeiras industriais-, já evoluiu bastante. Antes, os fardos eram carregados nos ombros. Hoje, há elevadores que sustentam a produção. “Apesar disso, nada evoluiu no setor primário. Nada mudou na vida do pequeno produtor. São mais de seis décadas utilizando a mesma máquina”, critica.

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Urbano Carvalho, de 55 anos, diz que falta investimentos no campo | Foto: Henrique Mendes / G1

Mesmo diante do risco que persiste após gerações, Urbano esclarece que o número de acidentes diminuiu na região graças às orientações de manuseio empreendidas pelos sindicatos locais, como também pela adaptação dos produtores com os equipamentos. Foram três casos registrados na cidade nos últimos dois anos.

Outro motivo apontado para a redução dos acidentes está relacionado à própria queda na produção de sisal – mais de 50% desde a década de 90. A produção que chegou a ser de 160 mil quilos por ano no município, hoje não passa de 70 mil. Urbano destaca que a queda está relacionada a três grandes motivos: a seca que atinge a região – que só este ano levou os produtores a perder mais de 80% da safra de inverno; a praga conhecida como ‘Podridão Vermelha ‘ – fungo que afeta a qualidade da planta; além do baixo preço de repasse da fibra que durante muito tempo girou em torno de R$0,60/ Kg. Hoje, o custo médio é R$2,60/Kg.

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Máquina “Paraibana” responsável por mutilações na região sisaleira | Foto: Henrique Mendes / G1

A máquina que há décadas mutila milhares de produtores tem aparência rudimentar. Chamada popularmente de “Paraibana”, ela é composta por uma charrete com motor a diesel e uma máquina desfibradora acoplados. O produto tem 12 canaletas que funcionam como cevas. A folha do sisal passa, justamente, no espaço entre o giro das canaletas e uma pedra de limar. Os produtores estimam que a velocidade do motor chegue a 40 Km/h.
Sem trava de proteção, a mão do cevador se aproxima das canaletas. Quando a planta está seca, a fibra pode se prender à máquina e puxar a mão do operador que não estiver atento.

Frustração no campo
Em 2010, uma parceria entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e a Secretaria de Ciência Tecnologia e Inovação do Estado (Secti) viabilizou a produção e distribuição de mais de 100 unidades de uma nova máquina desfibradora de sisal.

Conhecida como “Faustino”, o equipamento surgiu como esperança de “mutilação zero” nos municípios da região sisaleira da Bahia. A distribuição dos produtos foi realizada na cidade de Valente, a 26 quilômetros de Conceição do Coité, que é considerado o maior polo industrial de sisal do país. A produção e compra dos novos produtos custou R$1.294.897,80.

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Máquina “Faustino V”, que não tem produtividade para cevadores | Foto: Henrique Mendes / G1

O Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Sintraf) disponibilizou ao G1 o projeto do novo equipamento publicado em agosto de 1999. Os dados disponibilizados no documento apontavam um cenário eminentemente animador.  Sobre o novo produto, as informações divulgadas diziam que um dispositivo de segurança impediria o risco de mutilações. Os documentos também indicavam que a “Faustino” teria uma produção mensal média de 4 mil quilos,  2,4 mil a mais que a “Paraibana”. A diferença de produção implicaria em um acréscimo de R$1 mil na renda mensal do dono da máquina, que até aquele momento era de R$96.

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Adevaldo Oliveira, de 40 anos | Foto: Henrique Mendes / G1

Apesar de ter oferecido segurança aos operadores, o novo equipamento não atendeu às expectativas dos trabalhadores em termos de produtividade. “Os produtores não aprovaram o equipamento. O rendimento não era o mesmo e o custo era alto. A máquina velha ficou”, garantiu o gerente administrativo da Fundação de Apoio à Agricultura Familiar do Semiárido da Bahia (FATRES), Adevaldo Oliveira, de 40 anos.

No Povoado do Junco, a 10 quilômetros do centro de Valente, o produtor rural José Elias Lima, de 57 anos, confirmou a frustração. Ele ressalta que a produção do novo equipamento é mais de 50% inferior à antiga. “A produção da mais velha chega até 600 Kg por dia. Na nova, ninguém até hoje conseguiu produzir mais de 300 Kg”, argumenta.

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José Elias Lima, de 57 anos, não aprovou nova máquina desfibradora | Foto: Henrique Mendes / G1

O posicionamento é reiterado por Bráulio Oliveira, que é dono de uma máquina “Paraibana” em Conceição do Coité. “Trabalhando de 5h às 12h, a máquina mais velha produz 425 kg, por aí. A outa [mais nova] produz 150 Kg. Em vez de levar para frente, ela levou a gente para trás. O governo jogou dinheiro fora”, reclama.

Diante dos riscos oferecidos pela máquina “Paraibana” – que persistem há quase 70 anos -, o ex-produtor rural Neivaldo Oliveira, de 59 anos, preferiu deixar o trabalho no sisal. Ainda assim, guarda marcas da profissão de risco. Em 1983, ele perdeu quatro dedos da mão esquerda no motor mutilador. “Eu tinha 28 anos. Na hora que acontece, vem muita coisa na cabeça. Logo, você pensa: como vou sobreviver? Na época acontecia muito. A região tinha muito mutilado”, destaca.

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Neivaldo Oliveira, de 59 anos, teve dedos mutilados em 1983 | Foto: Henrique Mendes / G1

Mesmo com o acidente, Neivaldo detalha que voltou ao trabalho seis meses após ter os dedos amputados. “Fiquei até 1992. Tinha que trabalhar e não havia muita saída”, explica. Hoje, distante dos trabalhos do campo, ele atua numa oficina de Valente como alinhador de jante de moto. Ainda assim, as marcas da tragédia ressoam. “Fica o trauma, mas a vida precisa seguir”, conclui. 

Investimentos perdidos
Por meio de nota, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) informou que a aquisição das novas máquinas foi resultado de um contrato com a Secretaria de Ciência e Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia (Secti), por meio da Ação de Apoio à Infraestrutura em Territórios Rurais (Proinf), em 2007.

Conforme o MDA, o programa previa a aquisição de 112 máquinas desfibradoras de sisal, beneficiando diretamente 120 agricultores familiares e indiretamente 3.500 agricultores. Foram investidos R$1.294.897,80, sendo que R$1 milhão de repasse do MDA e R$294.847,80 da Secti.

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Meio à vegetação, produtores trabalham na máquina antiga de sisal | Foto: Henrique Mendes / G1

Apesar do investimento R$1.294.897,80,  o MDA destaca que o valor executado no projeto foi de R$ 573.241,80. Por isso, o órgão atesta que houve devolução de recursos no valor de R$426.758,20 referente ao repasse do MDA e R$174.897,80 de rendimentos de aplicação. “Estes valores foram devolvidos à União em 14 de agosto de 2012. A Secti prestou contas da execução física e financeira à Caixa Econômica Federal, mandatária da União. A aprovação da mesma ocorreu em 21 de agosto de 2012 e está registrada no SIAFI sob o número 2012NS001294”, informa nota.

O MDA ressalta que, até o momento, não consta nos arquivos da Secretaria de Desenvolvimento Territorial qualquer denúncia acerca da utilização irregular dos equipamentos adquiridos no contrato do Proinf. Deste modo, o órgão afirma que irá solicitar posicionamento da Secti sobre o assunto.

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Produção de sisal é afetada pela seca que atinge a região do semiárido | Foto: Henrique Mendes / G1

“A execução do contrato e a correta utilização dos equipamentos adquiridos em benefício da agricultura familiar é uma atribuição da Secti. Entretanto, com vistas a garantir que os equipamentos adquiridos sejam devidamente utilizados pelo publico beneficiário e em consonância com o objetivo do projeto apoiado, o MDA está solicitando informações complementares à Secti”, destaca o Ministério.

Também por meio de nota, a Secretaria de Ciência Tecnologia e Inovação do Estado (Secti) confirmou a destinação de algumas máquinas para região sisaleira, mas ressaltou que elas não foram aceitas pelos produtores por serem muito pesadas e de difícil movimentação.
Devido à rejeição dos produtores, a Secti afirmou que, em agosto deste ano, contratou junto ao Senai/Cimatec – instituição de referência nacional em engenharia mecânica -, um projeto de protótipo máquina desfibradora de sisal desenvolvido pela instituição, que se encontra em fase de execução, com estimativa para testes em março de 2015. “Nesse projeto serão investidos R$ 1.567.500,00”, ressalta nota.

Sisal: importância econômica
De acordo com Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura (Seagri), a cultura do sisal gera a renda que possibilita a sobrevivência de aproximadamente 700 mil pessoas em mais de 260 mil hectares da cultura, distribuídos em mais de 40 municípios do semiárido baiano, englobando os territórios do Sisal, Chapada da Diamantina, Piemonte da Diamantina, Semiárido Nordeste II, Sertão do São Francisco, Piemonte do Paraguaçu, Bacia do Jacuípe, Irecê, Vale do Jiquiriçá e Piemonte Norte do Itapicuru. Sendo que em mais da metade destes, o sisal é a fonte de renda mais importante.

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Sisal é colocado para secar após planta ser desfribrada | Foto: Henrique Mendes / G1

Segundo a Seagri, o Brasil é o maior exportador de sisal do mundo, com uma produção anual de 119 mil toneladas, o que corresponde a 56% da safra mundial. É também o maior produtor mundial de sisal, com uma fatia de 40% do mercado. A Bahia é o principal produtor de sisal do território brasileiro, contribuindo com 94% da produção nacional.

No estado, representa o segundo produto na pauta de exportação agrícola, tendo uma grande importância social por envolver aproximadamente 150 mil famílias, que encontram no sisal a única fonte de renda. Os grupos reunidos em Arranjos Produtivos Locais (APL) são apoiados pelo programa estadual Progredir, coordenado pela Secti.

O sisal é uma planta que produz uma fibra natural e biodegradável e pode ser utilizada na fabricação de tapetes, bolsas, chapéus, artigos de decoração em geral, todo tipo de cordoaria e até peças plásticas para automóveis.

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Transporte de sisal colhido é feito por jegues até máquina desfibradora | Foto: Henrique Mendes / G1

Queimadas: Chuvas castigam município e causam prejuízos aos moradores

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Santaluz: ‘Famsluz’ participa do XI Torneio Intermunicipal de Bandas e Fanfarras da Bahia; ordem de apresentações

Seminário de jiu jitsu reúne atletas de Valente, Itaberaba, São Domingos e Santaluz

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Foto: Divulgação

Na manhã deste domingo foi realizado um seminário de Técnicas Competitivas de Jiu Jitsu, pelos Faixas Pretas: Leandro Carvalho e Ericson Dias, ambos da Equipe Nova União de Itaberaba-Ba. O evento aconteceu ba sede da equipe GFTeam Santaluz. Os professores apresentaram técnicas de passagem de guarda, raspagens e finalizações para aproximadamente cinquenta amantes da arte suave. Novo aprendizado, com “ricos” detalhes. Os professores Leandro e Ericson foram atenciosos e cuidadosos no desenvolvimento das posições passadas. O sensei Erlon Andrey e Sensei Udson organizadores do evento ficaram felizes e orgulhosos com a reunião de atletas de Valente, Itaberaba, São Domingos e Santaluz em prol da evolução do “Jiu Jitsu e da boa amizade”.

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Santaluz: Caso de sucesso de empresário luzense será usado como vídeo motivacional pelo Sebrae (fotos)

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Juazeiro: Após descobrir traição, mulher mata marido e se suicida em seguida (carta)

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Fotos: WhatsApp

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Santaluz: Colégio José Leitão culmina fase final do projeto ‘Literaturas Luzenses’ com a Literatura Musical

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Foto cedida pelos monitores do projeto.

Na tarde desta quinta-feira (17), no auditório do Colégio Estadual José Leitão, foi culminada a etapa final do projeto pedagógico ‘Literaturas Luzenses’. O evento contou com a presença do público alvo (estudantes das primeiras séries dos turnos vespertino e noturno) de professores, de egressos, de alunos de outras séries, de estudantes universitários e de outros ouvintes. Além do corpo docente ter sido representado pela professora Luciana Martins e do corpo discente pelo aluno Thierly Araújo, a mesa foi composta pelo palestrante oficial desta etapa (Literatura Musical), o cantor, compositor e músico Junnior Nunes e por todos os escritores luzenses estudados nas três etapas precedentes: Anedy Belisário (Literatura Poética), Rondinelly Rios (Literatura Religiosa, estudo que ganhou destaque por ter sido abordado no tema do Enem) e Tayane Sanschri (Literatura Prosaica). Como assinalou o aluno Anderson de Carvalho Santos: “Foi um encontro de Gigantes luzenses”.

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Foto cedida pelos monitores do projeto.

Fazendo um breve histórico acerca do projeto ‘Literauras Luzenses’, o professor Hamilton, explicou: “Esta ação pedagógica surgiu da necessidade de suscitar a valorização das obras literárias de autoria de luzenses, objetivando, no geral, oportunizar ao aluno o estudo acerca das obras literárias de autoria dos autores da terra, bem como a apropriação ao acervo de informações e saberes nelas contidos. Em suma, o projeto se desenvolveu através de uma metodologia que primou pela aplicação de oficinas didáticas com os alunos das 1ªs séries A, B, C, D, E, F (turno vespertino) e 1ª A (noturno), do Ensino Médio, sob a minha orientação e supervisão. Dessa forma, tivemos o prazer de estudar quatro nuances da literatura local (supracitadas), a iniciar pela Literatura Poética e estar finalizando com a Literatura Musical. Cada etapa foi marcada pela palestra do escritor e/ou representante do tipo de literatura trabalhada. Todavia, trazidos pelo alunado, grande número de escritores luzenses (mesmo não tendo publicações oficiais) tiveram suas obras exploradas e, também, privilegiadas em nosso projeto: poetas, na 1ª etapa; escritores de prosas poéticas, na 2ª; produtores de literatura religiosa, na 3ª; e compositores musicais nesta última. Um aspecto que merece muito destaque é o auxílio dos monitores que atuaram divinamente em cada fase, fazendo com que o nosso projeto se consumasse de fato. Nesta última etapa, o projeto contou com a colaboração de 31 monitores”. Este momento foi marcado pela apresentação de slides que pontuavam toda a trajetória do projeto com textos escritos e imagéticos.

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Foto cedida pelos monitores do projeto.

Este ciclo do projeto teve como tema ‘A Literatura musical e a presença da mulher’, e, “Mostrar a importância do texto musical e valorizar a sua autoria, reconhecendo a música como elemento de comunicação importantíssimo para a formação de leitores proficientes e de cidadãos proativos, foi o nosso objetivo específico”, afirmou o professor Hamilton. Na oportunidade, o cantor e palestrante Junnior Nunes, como os palestrantes anteriores, foi aplaudido de pé, cantou e presenciou suas composições serem interpretadas pelos alunos e, de forma interativa, foi sabatinado, contando detalhes biográficos seus como o fato de ter vindo de uma família humilde, formada por pais precoces (por terem o concebido muito novos). Junnior declarou que teve uma infância bastante conturbada, mas graças aos seus avós paternos (Mário Pereira e Antônia Nunes Pereira, falecidos), conseguiu atravessar a fase mais difícil da sua vida, que foi a separação dos seus pais e que, por ser o primogênito, isto é, primeiro de sete irmãos (dois homens e seis mulheres, ao todo), vivenciou as fases mais difíceis enfrentadas por sua família: foi o mais cobrado, o que menos usufruiu de conforto, o mais castigado pelas represálias da vida em diversos sentidos, fatos que o levaram a um amadurecimento prematuro.

Quanto aos seus aspectos psicológicos, Junnior assinalou que, como mostram as suas composições, é uma pessoa muito sensível, que é um jovem apaixonado pela vida e que acredita muito nas pessoas (até que elas lhe provem o contrário). Para ele, o ser humano é a obra mais perfeita que Deus fez, resta todos (no sentido amplo da palavra) entenderem que possuem uma alma que vibra por paz e um coração que clama por amor à vida: sua e do outro. Junnior declarou ser brincalhão em grande escala e responsável em demasia. Cumprir seus compromissos com excelência é uma das suas maiores qualidades. Sua palavra de ordem é profissionalismo. Seu foco chama-se comprometimento. Seu hobby é curtição. Seu Norte é Deus.

Sobre as percepções acerca da árdua vida de músico, Junnior enfatizou: “Logo percebi que os artistas de 99% das cidades pequenas da Bahia ainda não conseguem viver da sua arte (e porque não dizer do Brasil), mas mesmo assim persigo este sonho: de um dia ser um músico reconhecido nacionalmente e, quem sabe, internacionalmente. O músico luzense enfrenta vários problemas, como: a falta de uma associação que os representem; a baixa valorização por parte de alguns que acham que o ‘santo da casa não faz milagre’ e estendem este pensar para os artistas da terra, que, por tocarem até em pontas de ruas, constantemente, são taxados como desgastados, chatos e até como ‘beiju de massa, que em todo canto se acha’, (como se Ivete Sangalo, Luan Santana, Wesley Safadão e Marília Mendonça – dentre outros não tivessem sofrido esta mesma rejeição); a inconsciência por parte de alguns contratantes que quebram tanto o preço do show, que, pelo visto, querem que o músico se apresente de graça; a falta de apoio cultural (patrocínios) para que o músico que pouco recebe pelo seu trabalho possa lançar e socializar suas obras em CD, DVD, etc. e consumar aparições perfeitas (de produção e de vestimentas), que é de lei”.

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Foto cedida pelos monitores do projeto.

Junnior Nunes frisou, também que o maior aliado do artista da atualidade são as redes sociais, espaço onde este socializa as suas obras, como dizia a sua avô-empresária: ‘na tora’ e que, apesar da pouca idade (comparado a outros músicos que já têm grande tempo de carreira e muito chinelo gasto na estrada), o que mais prima é pelo casamento entre a sua arte e a vida. Por este motivo, sempre presta a sua contribuição em shows beneficentes (e não deixa de comparecer a nenhum, respeita-os da mesma forma que respeita os shows pagos, porque sabe do anseio do beneficiado pela sua presença e do seu estado de baixa autoestima por conta do problema vivenciado).

Sobre o CD ‘Aquele Moleque’, o cantor informou que é uma obra composta por 14 faixas. As músicas variam entre românticas, sertanejas, arrochas, axés pop rocks e pops. Este é o seu primeiro álbum autoral, em parceria com o Studio Ases. Por esse motivo, Junnior considera este álbum como um divisor de águas em sua vida, por tê-lo como o marco inicial do seu trabalho autoral diante do público. Em consonância com o músico, a ideia de projetar tal obra surgiu em março de 2013, quando ele decidiu contar um pouco dos seus anseios amorosos (vividos ou imaginários) em forma de canções. Daí começou a ouvir as suas primeiras composições e sentiu vontade de compartilhá-las com o seu público. Dessa forma, nasceu a ideia de formar o seu primeiro álbum, então, reuniu-as e formou o CD ‘Aquele moleque’.

Ao refletir sobre o tema da palestra ‘A Literatura musical e a presença da mulher’, falou Junnior Nunes: “A mulher é motivo de inspiração para a maioria dos poemas e, porque não incluir as composições musicais, já que elas são poemas musicalizados? Sempre procurei motivações reais para as minhas composições, como: exaltar a beleza feminina, da natureza e da vida; descrever o amor como ele é (cheio de alegrias e dores, altos e baixos); bem como o quanto é gratificante amar e ser correspondido (fase boa demais). Vejo muito a mulher como o equilíbrio do amor latente no peito de um homem e acredito piamente que sem a presença da mulher a literatura musical não seria tão rica em detalhes como ela é”.

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Foto cedida pelos monitores do projeto.

O ponto alto da culminância foi o foco pré-final, ocasião em que, de forma sucinta, foram mostrados os resultados do projeto através de homenagens feitas aos autores representantes de cada fase, com textos de autoria dos alunos (motivados pelos escritores e tipo de literatura de cada fase): Anedy foi homenageada pelo aluno Thierly Araújo, com o poema ‘José Leitão’; a aluna Rebeca Santos mostrou seus dotes e dedicou o texto religioso ‘A importância de ler a Bíblia Sagrada’ ao autor Rondinelly; Milaine Leite reverenciou a escritora Tayane com a prosa poética ‘Estrelinha’ (emocionando a plateia) e o músico Junnior Nunes foi condecorado pelos alunos Deize Góes e Clebson Vitório, com a música ‘Foi ele’. Cada escritor das três fases anteriores deixou as suas impressões acerca do projeto ‘Literaturas luzenses’, sempre parabenizando ao professor Hamilton pela iniciativa de priorizar o estudo dos escritores de Santaluz.

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Foto cedida pelos monitores do projeto.

Doravante, o palestrante destaque, o músico Junnior Nunes fez as suas considerações finais, recheadas de agradecimentos e dando dicas a todos aqueles que sonham em seguir a carreira de músico, quer seja como compositor (a), cantor (a) ou tocando algum instrumento. O músico parabenizou o professor Hamilton por priorizar o estudo da literatura local e por ter socializado a sua obra e de tantos artistas luzenses num âmbito tão consistente como a escola. Enfim, professor Hamilton deu o evento como encerrado e entre aplausos, todos os autores presentes, carinhosamente, atenderam aos anseios do alunado, passando para as sessões de fotos, abraços e afagos.

Redação Notícias de Santaluz

Maior reservatório do Nordeste, Sobradinho tem seca histórica

Agência Brasil
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Barragem de Sobradinho | Foto: Arquivo/ Chesf

Maior reservatório do Nordeste, a Barragem de Sobradinho passa por uma das piores secas da história, que afeta a geração de energia elétrica, o abastecimento dos municípios da região e preocupa agricultores que dependem da água da barragem para a irrigação da produção de frutas.

Nessa segunda-feira (16), o nível da barragem atingiu 2,5% do volume útil, o mais baixo da história. Esse número vem caindo dia a dia. No dia 10 deste mês, por exemplo, estava em 2,9%. O nível mais baixo havia sido registrado em novembro de 2001 (5,46%).

“A barragem de Sobradinho é usada para tudo. A nossa principal preocupação sempre foi fazer com que a água do reservatório atenda às necessidades no maior tempo possível. Mas, hoje, estamos dependendo da chuva”, disse o diretor de Operações da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), José Aílton de Lima.

A previsão é que entre o fim de novembro e início de dezembro a barragem atinja o volume morto – reserva de água abaixo do ponto de captação. Isso significa a parada total de geração de energia na hidrelétrica. Inaugurada em 1979, a represa de Sobradinho tem capacidade de armazenar 34,1 bilhões de metros cúbicos de água e corresponde a 58% da água usada para a geração de energia no Nordeste.

Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), não há, no entanto, risco de racionamento no Nordeste, pois é possível usar fontes alternativas – como térmicas -, e transferir energia de outras regiões. O órgão diz ainda que os reservatórios da Bacia do São Francisco estão sendo operados prioritariamente para outros usos da água que não a geração de energia.

Para manter mais água na represa, a Agência Nacional de Águas (ANA) determinou a redução da vazão de Sobradinho para 900 metros cúbicos por segundo (m³/s). A ANA estuda reduzir a vazão para 800 m³/s. “Se tivéssemos mantido a vazão em 1.300 m³/s, o reservatório hoje já estaria seco. Agora, vai ser preciso reduzir ainda mais. Ninguém quer que reduza, mas toda a população da região deve poupar água”, diz Aílton de Lima.

Irrigação

A produção de frutas também pode ser prejudicada diante da possibilidade de racionamento no Distrito de Irrigação Nilo Coelho, o maior das áreas irrigadas. Entre Pernambuco e a Bahia, o projeto tem produção anual de R$ 1,1 bilhão. Mais de 2 mil empresas, entre pequenas e grandes produtoras, usam o sistema.

“A previsão é que até o fim do mês a gente chegue a uma cota em que não seja possível mais captar água. Algumas culturas, como a uva, não sobrevivem durante muito tempo sem a irrigação. Se isso acontecer, os prejuízos serão milionários. Além disso, mais de 130 mil pessoas usam esse sistema para consumo”, afirma o gerente executivo do Distrito de Irrigação, Paulo Sales.

Para permitir o aproveitamento da água, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), ligada ao Ministério da Integração, iniciou em setembro obras de instalação de bombas flutuantes e a construção de um canal de captação. A conclusão da obra, que deve custar em torno de R$ 30 milhões, está prevista para dezembro.

“O grande problema é o tempo. Esse sistema de bombas flutuantes já deveria estar pronto. A gente espera ter nível de captação até lá. Mas se o volume para captação acabar antes, será desastroso”, afirma Sales. Todo o Vale do Rio São Francisco tem 100 mil hectares irrigados e produz 2 milhões de toneladas de frutas por ano.

Abastecimento

A seca também prejudica as comunidades do entorno da barragem de Sobradinho, que estão sendo abastecidas com caminhões-pipa. A falta de chuvas interfere ainda na criação de animais. Com o nível de Sobradinho tão baixo, as ruínas das cidades baianas de Casa Branca e Remanso, inundadas na época da construção do reservatório, estão visíveis.

Para o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, Anivaldo Miranda, além das mudanças climáticas, houve falhas na gestão dos recursos hídricos na região. “Tivemos um amplo processo de crescimento de demanda pela água, ao mesmo tempo que aumentou o uso irracional, por ausência de implementação de instrumentos de gestão hídrica, de responsabilidade sobretudo dos governos dos estados que compõem a bacia”.

Segundo ele, desde 2013 se observava uma tendência de redução do nível dos reservatórios. Miranda diz que a crise da falta de água se estende por toda a Bacia do São Francisco. “Precisamos  avançar para um pacto das águas, onde haja convergência de interesses e de tarefas entre os estados da bacia, o governo federal, os usuários e a sociedade civil, para construir a sustentabilidade de uma área que é das mais vulneráveis e importantes do Brasil”.



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