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Por g1

Em 2016, Roma fez exposição inédita das ‘bulas’ papais dos arquivos do Vaticano | Foto: Tiziana Fabi/AFP

O Vaticano repudiou formalmente nesta quinta-feira (30) a “doutrina da descoberta” utilizada na era colonial para justificar as conquistas européias da África e das Américas, dizendo que “não faz parte do ensinamento da Igreja Católica”.

O Vaticano reconheceu em comunicado de seus departamentos de cultura e desenvolvimento humano que documentos papais do século 15 foram usados por potências coloniais para dar legitimidade a suas ações, que incluíam a escravidão.

Os departamentos mencionaram especificamente as bulas papais Dum Diversas (Até Diferentes) de 1452, Romanus Pontifex (O Romano Pontífice) de 1455 e Inter Caetera (Entre Outras Coisas) de 1493.

“A pesquisa histórica demonstra claramente que os documentos papais em questão, escritos em um período histórico específico e ligados a questões políticas, nunca foram considerados expressões da fé católica”, diz o comunicado.

O documento diz que “foram manipulados para fins políticos por potências coloniais concorrentes para justificar atos imorais contra os povos indígenas que foram realizados, às vezes, sem oposição das autoridades eclesiásticas”.

Os departamentos do Vaticano admitiram que as bulas, que deram cobertura política às conquistas espanholas e portuguesas na África e nas Américas, “não refletiam adequadamente a igual dignidade e direitos dos povos indígenas”.

“É justo reconhecer esses erros, reconhecer os efeitos terríveis das políticas de assimilação e a dor vivida pelos povos indígenas e pedir perdão”, disseram.

O Papa Francisco, nascido na Argentina e primeiro pontífice das Américas, fez vários gestos de sensibilização para os povos indígenas. No ano passado, ele viajou para a região ártica do Canadá para se desculpar pela opressão do povo Inuit.

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