“Jararaca do Lula” vira símbolo em manifestação em Brasília
Valor Econômico
Há duas semanas, quando foi alvo de condução coercitiva no âmbito da Operação Lava-Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso a militantes em São Paulo transmitido pela TV no qual disse que os investigadores “se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo, e a jararaca está viva como sempre esteve”. Neste domingo, a serpente virou símbolo de manifestantes pró-impeachment em Brasília. Dezenas de pessoas carregam cartazes com referência à cobra. “Pau na cabeça da jararaca”, diz a cartolina preparada por Lurdes Oliveira, 56, secretária-executiva aposentada do setor privado. “Quero mostrar que ele vai receber a paulada”, diz a manifestante, que afirma não ter partido político e já ter votado em Lula em 2002, quando ele foi eleito pela primeira vez. “Já fui petista, depois vi que as coisas estavam diferentes, todo o mundo vê a falsidade. Comecei a ler sobre o Foro de São Paulo, Cuba, Lênin e comunismo”, diz Lurdes sem especificar mais detalhes. Ela diz apoiar o impeachment e que está pensando sobre intervenção militar, “mas ainda não estou convencida disso. O Brasil precisa de amor rigoroso, educação, amor à bandeira e ao hino”.
O padeiro Leci Dias Soares, 38, foi de Valparaíso, cidade satélite, protestar na Esplanada dos Ministérios com uma jararaca de tecido com a cabeça de um boneco de Lula. O brinquedo, com menos de um metro de comprimento, virou atração e manifestantes pedem para tirar fotos. Ele diz que ficou com pena de arrancar a cabeça do boneco Pixuleco — uma bexiga de Lula vestido de presidiário que surgiu no protesto de setembro em Brasília, patrocinada pelo Solidariedade, partido de Paulinho da Força, aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Leci diz que nunca votou no PT, que não tem partido político e votou em Marina Silva (Rede) e no tucano Aécio Neves na última eleição presidencial. “Gosto de propaganda partidária”, diz Leci, segurando a jararaca de brinquedo.