Santaluz: polícia não tem pistas de autores de crime contra professores
Do G1 BA
Manifestação de professores reuniu multidão em Santaluz | Foto: Notícias de Santaluz
Há seis dias, os moradores do município de Santaluz buscam explicações para o crime que acabou com dois homens carbonizados dentro do porta-malas de um carro. Uma das vítimas, que já foi identificada, é Edivaldo Silva de Oliveira [conhecido como Nino], de 32 anos. A segunda, que segue no Departamento de Polícia Técnica de Feira de Santana (DPT), ainda não teve a identidade descoberta. A suspeita da polícia é de que seja Jeovan Bandeira, que está desaparecido. “Eram muito amigos, só andavam juntos desde crianças. Eram tipo irmãos”, conta o jovem Kaykson Santos, de 21 anos, sobrinho de Edivaldo Silva. Os amigos eram professores e moradores da cidade desde a infância. Para os familiares da vítima já identificada, trata-se de uma perda chocante. “Não temos a noção do que aconteceu. Ninguém imagina qual possa ser o motivo desse crime bárbaro”, disse o sobrinho de Edivaldo Silva em entrevista ao G1 nesta quinta-feira (16).
Segundo a polícia, os depoimentos de familiares e amigos afirmam que os professores eram gays. Em protesto contra a morte, que reuniu uma multidão na cidade na segunda-feira (13), bandeiras com arco-íris que representam o público LGBT lançavam luz sobre a possibilidade do crime ter motivação homofóbica. Marcelo Cerqueira, presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), espera que a hipótese de crime por homofobia seja investigada. “Todos os crimes cometidos que envolvem homossexuais com vítimas, a orientação sexual pesa de forma desfavorável na decisão de matar ou não. Existe uma cultura que considera homossexuais indivíduos de segunda categoria. Tudo vira ódio”, atesta. O ativista destaca que 18 gays foram assassinados na Bahia somente neste ano.
Em entrevista ao G1, na manhã desta quinta-feira, o delegado de Santaluz, João Farias, disse que a autoria e a motivação do crime ainda são desconhecidas. “A Polícia Civil está empenhada. Estou ouvindo pessoas íntimas das vítimas, mas ainda não sabemos como o crime foi cometido. Não sabemos se foi latrocínio, se foi crime passional, se foi crime por homofobia. Não sabemos”, relata. João Farias destaca que as dificuldades de encontrar os autores e motivações do crime estão principalmente relacionadas ao fato de que não existem, até o momento, testemunhas oculares do caso. O delegado acrescenta que nenhum familiar ou amigo ouvido aponta que os professores tenham alguma inimizade. “Todos os relatos mostram que são pessoas do bem”, disse. Conforme o Departamento de Polícia Técnica da Bahia (DPT), o segundo corpo encontrado no carro, que a polícia suspeita ser do professor Jeovan Bandeira, ainda não foi identificado devido o grau de carbonização do corpo. Não há prazo definido para finalização dos exames.