A praça é nova, mas a história é velha: nome de vice fica de fora de placa e aliados comparam Arismário ao ex-prefeito Júnior do Max

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Placa exibe apenas os nomes do prefeito Arismário e do secretário de Infraestrutura, sem menção ao vice-prefeito Joelcinho | Foto: Redes sociais

É como aquela história da pessoa que passa a vida inteira dizendo que não gosta de manga com leite… mas, um dia, alguém vê ela tomando um copão gelado e dizendo que “sempre achou gostoso”. Pois é. Foi mais ou menos esse o sentimento que ficou no ar — e não só entre os moradores — depois da entrega da Praça Teodoro Martins Oliveira, na sexta-feira (11), no povoado Lagoa Escura, zona rural de Santaluz.

O clima desconfortável atingiu até os aliados mais próximos do prefeito Arismário Barbosa Júnior. Gente que caminhou com ele nas duas campanhas, que comprou o discurso de renovação, bateu na tecla da mudança de postura, e que agora olha pro cenário atual com uma pergunta engasgada: “Mas ele não era o diferente?”

Arismário, que subiu duas vezes ao poder criticando o chamado coronelismo do ex-prefeito Júnior do Max, acabou protagonizando um episódio que lembrou — e muito — o estilo que ele jurava combater. Na placa de inauguração da praça, só aparecem os nomes dele e do secretário de Infraestrutura, Joilson Garcia da Mota. E o vice-prefeito Joelcinho? Nenhuma menção. Nenhuma linha. Um silêncio que falou alto. Especialmente pra quem lembrou do que aconteceu anos atrás, quando o então vice-prefeito Marcinho Oliveira — hoje deputado estadual — também teve o nome deixado de fora de uma placa quando fazia parte do grupo político liderado por Júnior do Max. Coincidência demais pro pessoal que tem boa memória política.

Um aliado do grupo não escondeu a decepção: “Ele se elegeu dizendo que era o oposto do coronelismo… e agora faz exatamente a mesma coisa. Parece que, depois de subir a escada do poder, esqueceu quem segurou o corrimão com ele.”

Só que o incômodo não parou por aí. Outro integrante da base governista contou que a placa foi só o estopim de algo maior. Segundo ele, tem muita gente no governo — inclusive em cargos importantes — que não tá conseguindo nem falar com o prefeito. “Tem gente na linha de frente que não consegue nem ser ouvido. Só dois ou três têm acesso direto. O resto, mesmo quem tá do lado dele desde o começo, fica no escuro, sem resposta, sem diálogo”, disse, visivelmente frustrado.

E se no Executivo o clima anda pesado, no Legislativo a situação não é muito diferente. O segundo mandato de Arismário mal começou e já virou palco de embates com a Câmara Municipal. Apesar de ter sido reeleito com uma base ampla — dez dos treze vereadores eleitos são de partidos aliados — o que se vê hoje é um prefeito que, na prática, só conta com apoio fiel de uma minoria. É como se tivesse o número… mas não tivesse o time. A relação anda travada, cheia de ruídos, e até quem ajudou a garantir a vitória nas urnas já não esconde a insatisfação.

E aí, a pergunta que muita gente faz, baixinho, mas faz: como é que alguém que prometeu fazer diferente acaba se comportando exatamente como quem criticava? Em Santaluz, tem gente dizendo que, no fim das contas, a tal mudança foi só discurso de campanha. E que agora, quem defendeu esse discurso, tá tendo que engolir o gosto amargo de ver a história se repetir — com placa e tudo.

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Praça Teodoro Martins Oliveira, no povoado Lagoa Escura, foi inaugurada na última sexta-feira (11) | Foto: Prefeitura de Santaluz/Reprodução