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Ex-catador de papelão vira dono de mercado em Santaluz; conheça a história do empresário Rodrigo Santana
Do UOL
Aos 8 anos, Rodrigo de Jesus Santana já vendia pães e picolés nas ruas de Santaluz (a 258 km de Salvador) para ajudar a pagar as contas de casa. Dos 10 anos aos 15 anos, recolhia papelão e materiais recicláveis. Hoje, aos 27, ele é dono de um mercado de 108 m², com seis funcionários e 3.000 itens à venda.
A aproximação de Santana com o comércio veio cedo por conta do divórcio de seus pais. Ainda criança foi obrigado a ajudar no orçamento doméstico. Todos os dias, às 7h30, o menino saía com um carrinho de mão para recolher sucata. A venda do material rendia quase um salário mínimo por mês à família.
A rotina dura o levou a abandonar a escola sem completar o ensino fundamental. “Tive de escolher entre o estudo e o dinheiro. Na época, precisava mais do dinheiro”, diz Santana.
Aos 15 anos, deixou de recolher materiais recicláveis para vender produtos caseiros de limpeza em sua casa. Mais rentável, o negócio permitia que ele ajudasse com os gastos domésticos e ainda guardasse dinheiro. Cinco anos mais tarde, Santana comprou um terreno.
No espaço de 9 m², o baiano construiu uma loja e passou a vender produtos da cesta básica, como açúcar, arroz e feijão, em 2007. A variedade de mercadorias, no entanto, era pequena, apenas 20 itens.
Cursos de gestão e crédito o ajudaram a virar empresário
Para ampliar os negócios, o empreendedor buscou ajuda do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e fez cursos de gestão. Foi aconselhado também a pegar empréstimo em uma cooperativa de crédito local para ampliar o estoque da empresa.
“A cooperativa de crédito oferece menos burocracia para emprestar dinheiro. Como, na época, eu não era formalizado, nenhum banco me emprestou o recurso”, afirma. O primeiro empréstimo foi de R$ 2.000. Em sete anos, outros nove financiamentos foram feitos. O último no valor de R$ 25 mil, que o empresário ainda paga.
“Aos poucos aumentei meu espaço e meu estoque até chegar ao negócio que tenho hoje. Dos 20 itens que vendia, passei a 3.000 produtos diferentes”, declara. Segundo o empresário, o mercado Comercial Super Bom Preço nasceu oficialmente em 2009. O faturamento não foi revelado.
Santana conta que, hoje, mora em uma casa mais confortável e tem duas motos, uma de uso pessoal e outra para entregar compras. Além disso, sentiu uma mudança na forma como as pessoas o enxergam. “Antes, eu era motivo de piada por recolher sucata. Agora, sou respeitado como empresário”, afirma.
Empréstimo é passo que precisa ser estudado, diz especialista
Para o técnico do Sebrae na Bahia José Raimundo Santos, o crescimento da empresa só foi possível porque o empresário procurou ajuda, tanto para adquirir conhecimento como para investir no negócio. No entanto, ele ressalta que recorrer a um empréstimo é um passo que precisa ser estudado.
Bancos e cooperativas de crédito oferecem empréstimos em condições bem diferentes. “Os bancos dificultam muito o empréstimo para empreendedores informais ou do interior”, diz.
Apesar de as cooperativas de crédito concederem empréstimos com menos burocracia que os bancos, Santos alerta que os juros podem ser maiores.
Controlar os gastos e não misturar as contas do negócio com as da casa são as principais dicas do técnico do Sebrae para evitar contrair dívidas de empréstimos. “O valor emprestado pelas cooperativas de crédito, geralmente, é baixo e com um planejamento financeiro simples é possível pagar sem dores de cabeça”, declara.
Afinal, onde estão os teus tesouros? – por Enézio de Deus
“Pobres são aqueles que precisam de muito para viver. Esses são os verdadeiros pobres. Eu tenho o suficiente. O problema não são as coisas; são as pessoas.” (José Mujica, atual Presidente do Uruguai)
“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Antes, ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam; porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” (Jesus Cristo, Mt 6, 19-21)
Vejo uma nítida correlação entre as palavras de Jesus e as de Mujica, que me inspiraram este ensaio: a de que pobreza e riqueza NADA têm a ver com a quantidade de bens materiais; mas com o valor/sentido a eles atribuído, quanto ao seu uso ou à ânsia do seu acúmulo.
Afirmação, aqui igualmente pertinente, que alguns atribuem a Jô Soares; outros, a Chico Xavier, mas de autoria comprovada do comediante, ator e radialista Pedro de Lara, conduz, também, a necessárias reflexões: “tem gente que é tão pobre, mas tão pobre, que só tem o dinheiro.” Realmente. Quem coloca suas âncoras de tranquilidade ou de prazer no dinheiro é muito pobre, porque padece da ilusão ou ingenuidade de que ele garanta a cura de todos os males, os melhores relacionamentos, contatos sociais “de alto nível” e a estabilidade existencial. Ledo engano!
Se não houver uma base amoroso-valorativa de zelo, de profunda gratidão e de desapego do ser humano para tudo que integra a existência, devidamente re-significada pela maturidade que se espera dos homens e mulheres com o passar dos anos, o mais que possuam só materialmente NUNCA será suficiente para lhes preencher lacunas, frestas e abismos íntimos ou problemas relacionais.
Pouco antes do São João, na estrada entre Salvador e Retirolândia (minha terra natal), indo descansar em casa dos meus pais, uma amiga me confessou ter ouvido estupefata, de uma conterrânea nossa, o seguinte: “meu amigo é o meu dinheiro. Só ele!”. E eu lhe respondi: “Que pena! Para mim, ouvir isto é quase uma tragédia. Ainda bem que não fui eu quem escutou diretamente dos lábios dela. Tenha certeza, minha amiga, que ‘fulana’, assim afirmando, padece de sérias carências existenciais e sabe muito bem os males que ‘este seu melhor e único amigo’ não cura. Haja vista a gente analisando a própria vida social e relacional dela como um todo…”
Com a licença dos ateus, agradeço, profundamente, a Deus, porque não nasci, como se diz, “em berço de ouro”; sempre tive o mínimo necessário para o meu conforto e tudo que os meus pais me deram/davam (até brinquedos mais caros na infância, por exemplo), faziam-no, demonstrando-me, sem alegações, mas com sabedoria, que aquilo era motivo de eu reconhecer o esforço deles (ou seja: esclareciam-me que não me deram simplesmente porque eu quis ou no momento exato que eu lhes manifestei o desejo, mas quando puderam me dar, no tempo certo; o que, hoje, eu bem sei valorizar). Por isto, embora jamais eu me sinta apegado a bem material algum, valorizo/zelo tudo que conquisto e, desde criança, especialmente estimulado pelo meu saudoso avô Evaristo, tracei uma meta de, quando adulto, passar em um concurso público (e passei), para não depender, nem de me submeter aos caprichos de absolutamente ninguém. Meu avô me dizia: “Júnior, se você puder, estude para ser, como eu, funcionário público. Mal ou bem, há um ‘dinheirinho’ garantido, todo final de mês, na conta.” E daí, ele sorria, como sempre espirituoso, aconselhando-me a seu modo.
É obvio que o dinheiro, quando bem investido, sempre traz conforto, excelentes frutos/investimentos, reforça a respeitabilidade social (em uma sociedade capitalista e ainda tão materialista, que infelizmente mais vê o que TEMOS do que o que SOMOS ou desejamos SER) e nos proporciona momentos que, sem ele, viveríamos com restrições ou nem viveríamos.
Mas a saúde psíquica e emocional de sentirmos gozos impagáveis na vida (a felicidade de contemplarmos a beleza da natureza – que, para muitos, passa despercebida; a dádiva de amizades realmente verdadeiras, sadias e desinteressadas materialmente; o bálsamo de amores – de alma e corpo, integrais – que nos admiram pelos nossos valores e bagagens emocional-imateriais) o dinheiro não garante, nem de longe. Se garantisse, a depressão, doenças outras (as psicossomático-emocionais, por exemplo), suicídios, surtos e “loucuras quase incuráveis” variadas não estariam atingindo tantos ricos ou “abastados pecuniários”, como se detecta na atualidade.
Os poucos conhecidos meus, de sairmos juntos, que têm muito dinheiro (digo conhecidos porque, apesar de eu frequentar os chamados “círculos restritos”, nunca tive e, por ora, não tenho amigo(a) categórica ou propriamente rico(a) material; os(as) poucos(as) amigos(as) íntimos(as) que tenho são, para mim, o mais raro: “abastados(as) emocionais”) transmitem-me, com suas palavras ou comportamentos, que o maior desafio das vidas deles é “filtrarem”/”separarem” as pessoas se aproximam ou procuram intimidade com eles por interesse no que têm (bens materiais ou influências, por exemplo) das que se achegam, natural e progressivamente, por reais afinidades, visando a outras possibilidades relacionais: frutos e partilhas mais profundas, sadias, não-maculadas de interesses vis ou mesquinhos.
Conheço “ricos só financeiramente” e “ricos só pelas influências sociais ou familiares” que, além das rotineiras e cansativas demandas inerentes ao excesso de conforto ou intimidade com influentes (como a contínua atenção para com as seguranças pessoal e familiar, por exemplo), alimentam, neuroticamente (em alguns casos, quase psicoticamente), “armamentos” e desconfianças emocionais indisfarçáveis, com relação a todos(as) que deles ou “dos(as) seus(suas) imaginariamente protegidos(as)” se aproximam. São exemplos alguns familiares de famosos(as), com a eterna “neura” de que todas as pessoas (sem exceção!), que se aproximam da família, estão querendo se promover ou ter “minutos de fama”; e, em alguns casos, a vida prova, bem adiante, que tal “armadura”, além de uma pobreza enorme, revelou-se totalmente desnecessária, porque havia lastro de justificação valorativa para a aproximação, a afeição e a eterna gratidão, que acabam se sedimentando inevitavelmente e sendo, realmente, comprovadas com o tempo; algumas – não todas, eu sei – por laços/forças de afinidade que transcendem a matéria (espirituais, por exemplo. E, aqui, não há “blindagem” que evite o “encontro das águas/almas”).
O foco prioritário da humanidade, infelizmente, tem sido, em sua maior parte e especialmente nos países de tradição capitalista, o acúmulo material desmedido por si só e, pois, sem sentido, como uma espécie de fim em si mesmo, sem um fim justificável racionalmente. Aí, o tempo passa rápido e constatamos: os males que o dinheiro não cura (doenças gravíssimas; síndromes raras – ainda inominadas pela Medicina – ou comprometimentos súbito-terminais de órgãos, que não têm milhões nem bilhões que sustentem a permanência da vida física); a paz que a moeda também não compra (a exemplo de uma consciência verdadeira e plenamente tranqüila – porque muita gente apregoa, mente e disfarça tranqüilidade de consciência, para cobrir atos e omissões antiéticas lamentáveis); a felicidade, no sentido do bem-estar ou gozo psíquico mais regular ou perene (que gordas contas bancárias ou aplicações jamais asseguram) e, com o tempo, vamos constatando muitos(as) fartos(as) materialmente e/ou famosos(as) se tratando com psiquiatras, neurologistas, equipes interdisciplinares, etc. Os portadores de síndromes raras degenerativas, por exemplo, no geral, são reflexos encarnados das próprias correrias desenfreadas; das suas “sangrias” por dinheiro, por poder; são reféns da própria falta de sentido altruístico/valorativo (que deveriam ter dado às suas vidas) e dos lixos emocionais que acumularam ao longo dos anos. Aqui, não há dinheiro que resolva rapidamente. Só a reforma íntima, que demanda tempos maiores.
Como cristão-espírita, oro para que esta pobre fatia humana reveja tal rumo com urgência. Apesar do sábio lema kardequiano “fora da caridade não há salvação”, os ensinamentos da Doutrina Espírita JAMAIS condenam o ter muito dinheiro. Simplesmente, alertam para que, conforme a Bíblia, “a quem muito for dado – não só materialmente – muito será cobrado.” Assim como há pobres ou humildes materiais de alma riquíssimas, elevadas (conheço muitos e sou amigo íntimo de alguns, graças a Deus!), há ricos materiais que não deixam a mesquinhez de alma, nem conseguem se desapegar em uma só encarnação. E a vida em abundância, para a qual Jesus disse ter vindo, como herança/promessa para os seus eleitos, longe está das “megalomaníacas” – como as vejo – “teologias da prosperidade”, que prometem ascensão, conforto ou riqueza material aos(às) que se converterem aos princípios/discursos rasos de alguns pregadores ou “pastores midiáticos”, doando o que têm (e o que não têm, às vezes) a igrejas, que mais vejo como empresas, do que qualquer outra coisa.
Dinheiro é importante? Sem dúvida! Mas quem o prioriza acima da dignidade de uma vida plena e realmente bem vivida, sofre muito, independente se milionário ou carente de recursos materiais. Rico é quem, embora muito grato ao dinheiro, manda nesse, colocando-o no seu devido lugar/patamar. Quem se deixa conduzir pelas suas obsessões vive, de tempos em tempos, ou dia a dia, “montanhas russas emocionais” e fossos existenciais graves/gravíssimos, que comprovam a pobreza ou a miséria do seu temporário portador.
Anunciei estes dias, brincando com alguns amigos, que rezassem pelas minhas mãos, porque um dos meus smartphones caiu e rachou a tela (está remediado por película e capa, ainda funcionando plenamente) e o outro, “mergulhou” rapidamente na privada, quando nessa fui sentar – risos… Mas (esclareci logo!) estava tudo limpinho e pude socorrê-lo com agilidade. Risos… Mas “apagou” por completo, estou sem ele há dias e não estou ansioso pelo retorno do técnico. Eu deixaria de me comunicar por isto ou me abateria emocionalmente por conta das inevitáveis quedas de aparelhos? Jamais! Com todo respeito – porque são de fantástica tecnologia e me servem muito -, antes eles do que a minha saúde física ou emocional comprometida.
Lamento por quem, se encostar o mínimo do seu carro em algo, arranhando-lhe; se outro carro “beijar” o seu ou se alguém danificar um pouquinho ou muito da sua pintura propositadamente, perde, literalmente, o dia. O mau humor invade: um misto de ódio, de repetição de lamentações e os níveis de cortisol só aumentando. Era engraçado quando eu chegava de viagem para descanso em Retirolândia e minha mãe, com o olhar sempre clínico, via algum “arranhãozinho” ou leve amasso no meu carro. Ela já me disse, com palavras assemelhadas, em diversas ocasiões no passado (hoje, quase não faz; conformou-se): “onde foi isto aqui perto da porta do seu carro?” Eu lhe respondia: “Não sei, mãe. Alguém deve ter encostado ou eu mesmo posso ter encostado sem me dar conta…” Antes de eu terminar a explicação, ela já vinha com vários “puxões de orelha”: “você não vai juntar nada nesta vida; não tem cuidado com suas coisas!” / “Ah não, Júnior! Que desvalorização com o que você tem, meu filho! Tenha mais cuidado!” E etc, etc. Risos… Numa dessas ocasiões, eu lhe disse, como sempre em tom leve, mas sério: “Mãe, se este carro, sua “lataria” ficar alguns séculos exposta ao tempo, a sol e chuva, resiste incontáveis anos! Se o meu corpo ficar sob o tempo ensolarado, basta um dia sem eu me hidratar, eu morro. A senhora acha que eu vou me preocupar com isto? Ah… Não vou mesmo! Vamos mudar o disco, já!”. Risos… E daí, eu sorria, até ela mudar de assunto ou se cansar e parar os “sermões”.
Foi o que ocorreu estes dias quando eu, transitando pela Av. Paralela, a caminho da SAEB, percebi a contagem do semáforo diminuindo de cinco para zero, e eu, obviamente, fui reduzindo a velocidade, porque, pela lógica, ficaria vermelho. Eu já percebia a rapidez de um caminhão que vinha atrás e pensei: “este caminhão pode bater no fundo do meu carro. A pista está úmida e vem em alta velocidade”. Não deu outra e o hilário: os segundos que decresciam, quando chegou a zero, o semáforo, simplesmente, com defeito, continuou verde e retomou a recontagem! Risos… Os motoristas, nestas horas, já descem “armadíssimos”, nervosos e eu respiro profundamente, posicionando-me “com baldes d’água para apagar os fogos”. O jovem motorista de uma firma desceu agitado, justificando e me perguntando se eu não sabia que, na Av. Paralela, vários semáforos estavam quebrados e não ficavam vermelhos… Eu lhe disse que não. Que aquela era a primeira situação pela qual eu havia passado (de um semáforo reduzir os segundos a zero e ficar verde); que ele errou em não reduzir a alta velocidade na qual vinha e que nada que ele tentasse justificar inocentaria a batida, porque, além de tudo isto (das fotos que eu tirei, da testemunha que estava comigo, etc.), ele bateu no fundo do meu veículo e isto já induz a caracterização da culpa do condutor que colide. Como o meu carro tem aqueles suportes de guincho (isto que salvou a traseira, para evitar sua quase, imagino, total destruição) e foi mínimo o amasso, eu resumi: “meu amigo, pegue aqui meu cartão, tome as medidas que entender cabíveis – porque não ficaremos parados aqui nesta avenida movimentadíssima -, que eu pensarei se tomarei alguma medida.” Ele me ligou ou tomou alguma medida? Lógico que não. Nem eu; porque, se eu fosse agir administrativa ou judicialmente por um amasso de tão pequena monta, eu me desgastaria emocionalmente muito mais do que desembolsar cerca de cem Reais para uma oficina desamassar.
Para algo de ordem material me tirar do sério, tem que ser, efetiva e racionalmente, muito preocupante. Há anos, não permito que o dinheiro mande em mim. Eu é que determino os seus limites em minha vida. Se uma eventual dificuldade material ou, como se diz, um “aperto temporário” (como o pelo qual passei quando da compra recente de um imóvel) não comprometer o meu essencial à cotidiana sobrevivência, eu não me privo de ABSOLUTAMENTE NADA – um bom jantar; uma viagem agradável; a aquisição do que mais gosto: livros, CDs e DVDs, por exemplo. Não sou irresponsável nos gastos, mas o Universo tem sido muito mais abundante para comigo quando faço o dinheiro circular pela minha vida, e não essa dançar conforme os seus ritmos imprevisíveis.
Por isto, vejo como verdadeiros humildes-milionários Jesus e Mijuca, que inauguram este meu ensaio; e prossigo, à luz das almas elevadas, agradecendo a Deus e orando com reverência, como agora peço licença para fazê-lo:
“Obrigado, Senhor, porque Tu bem sabes que, hoje e sempre, só me resta Te agradecer pelo digno trabalho que Te pedi, que me oportunizaste conquistar dignamente, que me oferta o mínimo do conforto a que almejei e de que, enfim, necessito. Quanto aos bens materiais, eu já Te pedi e Te renovo a súplica: que eu jamais esteja por estar num patamar de sobra material; que eu tenha o que for necessário à minha evolução e aos amparos desinteressados que devo prestar aos que clamam socorro. Agradeço-Te, meu Deus, porque os frutos mais impagáveis desta minha vida Tu já me deste e me dás: alguém a quem amo e que me ama, do mesmo modo, profundamente; os meus livros e os outros que virão; os dons artísticos, literários e todos os valores imateriais (integridade, educação, sensatez…) que aprendi a cultivar. Não há maior regozijo, Jesus, e estou certo de que Tu já me atendeste o pedido (que, desde a minha infância, saía do meu coração e eu vibrava para que chegasse aos Teus ouvidos): a graça de que, nesta encarnação, eu conquistasse o mínimo material para ser um cidadão plenamente independente, sem precisar ser, propriamente, um afortunado de bens físicos. Que a minha riqueza permaneça, até o meu desencarne, nas minhas bagagens ético-morais – que nada pesam, que deixarei como legado e que o meu espírito também levará consigo. Que, pois, mantenhas, em mim, o máximo bem que eu possa fazer e a minha consciência tranquila quanto aos meus deveres cumpridos e quanto a nunca eu ter desejado ou conscientemente feito mal a quem quer que seja. Eis, para mim, meu Deus, a minha maior riqueza; o meu maior legado: a vitória das vitórias da existência e o motivo de eu me sentir um homem muito feliz na terra. MUITO OBRIGADO, SENHOR! MEU DEUS, MUITO OBRIGADO!”
Assim, encerro este ensaio, voltando à questão inicial: “afinal, onde estão os teus tesouros?”
Enézio de Deus, escritor, médium e compositor baiano, é natural de Retirolândia-BA; Advogado, Mestre e Doutorando em Direito de Família pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL); autor de livros jurídicos, literários e mediúnicos.
Hotel Point do Val – (75) 9198-3825 / 81136191
Vamos à Parada? Não, muito obrigado! – por Enézio de Deus
Nunca me senti representado pelas chamadas “Paradas LGBTTT” (ou qualquer outro nome que já tiveram ou lhe sejam dadas) no Brasil. Ao contrário de um caráter cívico-político ou de ativismo realmente organizado para exigir respeito aos direitos (“nada menos; nada mais”), a exemplo de muitas que ocorrem em outros países, a forma “carnavalesca”, desnecessariamente exagerada como elas são estruturadas e têm se apresentado nos diversos rincões do nosso país somente me envergonham. Na época das edições do meu primeiro livro jurídico e quando membro da Comissão da Diversidade da OAB/BA (até quando pensei que essa também me representava; felizmente, pedi para sair), compareci, rapidamente, ou acompanhei, sobre trios, partes de pontuais edições de paradas em Salvador e em Feira de Santana, tendo-se em vista homenagem que nos prestaram pela nossa defesa do direito de adoção por casais homossexuais realmente estáveis e da pretérita atuação da incipiente composição da referida comissão da OAB.
Salvo motivo institucional ou de grande relevância diversa, nem eu nem meu companheiro comparecemos (felizmente, ele já comungava da mesma posição antes de nos relacionarmos), porque, apesar da importância de tais oportunidades de visibilidade e de militância sólida, as/os LGBTTTs sensatas/os não negam que a maioria se mobiliza mesmo para a “festa” (para a dança, a “aparição”, os flertes, paqueras, para o sexo – quanto mais ilimitado, melhor/melhor mesmo? -, para os flashes, etc) e, por ela, pela festa, para conhecerem “pessoas novas”, para viajarem país afora, movem “céus e terra” – alguns/mas que conheço, mesmo sem poderem financeiramente; mas se “endividam ou dividem” nos cartões, se for o caso.
Os eventos que se propõem sérios, que quase sempre precedem ou integram as paradas, como seminários acadêmicos, atos políticos públicos, dentre outros, não tem mais que ínfima parte dos/as milhões (muitas/os aparentemente “ensandecidos/as”) percorrendo, com seu baixíssimo senso crítico ou de conhecimento sobre sua própria realidade (com exceções, é lógico, porque há gente sensata/séria que ainda vai, expondo-se), as ruas, ao som de trios elétricos. Encontros para debates centrados/fundamentados/
Os vistos como conservadores e homofóbicos continuarão falando e bradando – em alguns pontos – com certa razão? Lógico! Não é querendo que a sociedade “engula” imagens ridículas a todo custo, que essa o fará ou respeitará/admirará as diversidades sexuais e de (trans)generidade humanas. Apesar da procedência/relevância da nossa luta pública em prol de tal respeito às diversidades (luta da qual não desistiremos nem abriremos mão – haja vista as nossas palestras, participações na mídia, pesquisas, livros e outras publicações), justamente como pessoa centrada e como pesquisador não “afetado” pelos desvarios de alguns/mas militantes, prosseguiremos esclarecendo – a tantos/as quantos/as for necessário – que estes eventos, no geral, NÃO me representam (à exceção de atividades realmente científicas, políticas e/ou outras sérias que os precedam), assim como, tenho certeza – porque ouço de incontáveis outras/os LGBTTTs o mesmo – não representam outro grande sem número de homossexuais e transgêneras/os.
Nenhuma posição é absoluta, porque o bom senso comporta/identifica sempre contrapontos e exceções. Mas, no geral, é isto. Por exemplo: será que alguma lésbica ou gay cristã/ão, em mínima “sã consciência” e harmonizada/o com a sua livre fé, sentiu-se bem ao ver representações absurdas, de baixíssimo nível, relacionadas ao nosso Amado Mestre Jesus? Lógico que não. Sentiram-se ofendidos num evento que diz estimular o “respeito à diversidade”. Será mesmo que as paradas têm conseguido tal respeito ou têm gerado mais efeitos contrários? Para que elas têm servido mesmo, afinal? Se se cogitasse uma representação religiosa deturpada e ofensiva à base/fé de matriz africana, ao Candomblé mais especificamente, que desconfigurasse o que tal matriz ensina, duvido que tal fosse inserido nas paradas, porque também virou, de há muito, uma espécie de “tendência ou moda”, no meio LGBTTT, dizer-se do Candomblé, da Umbanda ou ser “sincrético” (porque, afinal, a “diva” artista – cantora em especial tal e qual – o é assumidamente há anos, canta sua fé tão bela, assume, fala e, então, também seremos ou nos daremos a oportunidade de também sermos ou dizermos que somos/admiramos o Candomblé!).
De outro lado, por conta de haver certo número de cristãos radicais ou fundamentalistas (que também jamais nos representam; a maioria evangélica), assumir-se, harmoniosamente, lésbica, gay ou travesti e cristã/cristão, atualmente, passou a ser alvo de preconceitos vindos de tantos/as próprios/as outros/as gays, lésbicas e transgêneras/os ou militantes. Se o discurso é em prol do respeito à diversidade, por que não testemunhá-lo realmente?
Concluo pelo incontestável: na histórica/complexa rede de absurdos desrespeitos a LGBTTTs, infelizmente, muitas/os deles/as – pelo que temos comprovado -, são bem menos vítimas e mais (lamentável!) colaboradoras ou provocadores daquilo que “dizem/dançam” combater.
Costumo repetir, aos/às mais próximos/as, que um gay (trazendo para o “meu espelho”) pode ter os bens materiais mais “invejados”; honoríficos ou acadêmicos títulos admiráveis do mundo: mas, assim como qualquer outra/o cidadão/ã, se não entender o seu papel e postura no mundo do respeito que tanto exige, dando o primeiro exemplo, JAMAIS será respeitado. Se o for, se-lo-á mais por hipocrisia/interesses outros alheios, do que, de fato, pela sua missão no mundo. Quem tem senso crítico/transformador/
Não me orgulho da minha orientação sexual, nem o faria se fosse/estivesse no rótulo “hétero”: ela é um fato tão medíocre (no sentido de trivial da vida), como eu me manter ou não com barba, por exemplo. Jamais me envergonhei de tudo que me compõe, mas cada parte é, igualmente, uma dentre tantas outras. Estar harmonizado e livre com os próprios desejos e com as escolhas na forma de experienciá-los é bom? Sim, é maravilhoso! – tão maravilhoso quanto eu escrever este ensaio (como diz um militante: “nem menos, nem mais” rsss).
Algo, porém, orgulha-me, sinceramente, no melhor sentido: ainda enfrentando alguns reveses, eu me manter honesto/íntegro num mar de tantas corrupções/”jeitinhos”, de todos os tamanhos, que nos cercam lado a lado. Orgulha-me, também, a minha livre/serena opção pela proposta ética de Jesus e ser, também assumidamente, um cristão neste mundo de calamidades. Tais posturas/traços são nobilíssimas/os para mim, porque só almas fortes combatem, com ternura, humanismo, dignidade e respeito, estes difíceis “bons combates”. Muitas outras almas, que se dizem “defensoras disto, daquilo ou combatentes”, estão bem mais combalidas, em verdade, ou, no mínimo, sobremaneira desarmonizadas – ávidas por câmeras e flashes, por exemplo, para, “em nome da defesa”, sentirem-se “importantes”, bajuladas ou úteis no “mundo midiático” ao qual amam com especial ardor; com muito mais problemas do que maior parte de vocês, leitores/as, às/os quais agradeço a oportunidade das reflexões, aqui por mim/por nós tomadas com a maior seriedade.
Enézio de Deus – Doutorando e Mestre em Família pela Universidade Católica do Salvador; Advogado e servidor público efetivo do Estado da Bahia.