‘É o crack do futuro, você fuma e fica viciado’, diz jovem sobre nova droga sintética
Por Profissão Repórter
Um novo tipo de droga sintética, conhecida por vários nomes – K2, K4, K9, Spice e Space são alguns deles – tem se espalhado pelas ruas e, na terça (4), o Profissão Repórter, da TV Globo, mostrou a situação em São Paulo. Durante vinte dias, a equipe de reportagem acompanhou a rotina dos jovens que vivem na Praça da Sé, no Centro da capital, e na Avenida Paulista.
No vão livre do Masp, o Museu de Arte de São Paulo, a repórter Danielle Zampollo recolheu várias cápsulas vazias que são usadas pelos traficantes para vender a droga e conversou com usuários. “Vários ‘menor’ vem se perdendo – papo reto – com essa droga aí. Os menores ficam lesados, ficam parecendo um zumbi. Os caras não conseguem fazer nada”, afirmou um deles.
Na Praça da Sé, um grupo de adolescentes também admitiu fazer uso do K2. Um deles, de 15 anos, usuário de drogas desde os 12, contou que chega a fumar 15 cápsulas por dia e que convenceu um amigo a trocar ‘mesclado’ – uma mistura de tabaco com crack – pela nova droga. “É o crack do futuro. Porque, praticamente, a tendência é a mesma. Você fuma, você fica viciado”, alerta um dos jovens.
Ao visitar a Divisão de Capturas da Polícia Civil de São Paulo, a repórter Danielle Zampollo também mostrou o desespero de mães que não sabem mais o que fazer. Uma delas, desesperada, mandou uma carta pedindo ajuda. Mãe de cinco filhos, Regina Aparecida enfrenta o vício do filho de 22 anos e também do ex-companheiro que ainda mora com ela. “O K2 veio pra devastar o mundo. Eu me sinto cada vez mais fraca, cada vez mais cansada dessa situação. Eu vejo eles se acabando e eu estou me acabando também”, lamenta Regina, que sustenta a casa com o dinheiro que recebe da aposentadoria.
Outra mãe ouvida pela reportagem, que não quis se identificar, contou que já foi roubada pelo próprio filho mais de uma vez. Para usar a droga, muitos jovens estão entrando no crime. “Celular ele já roubou dois meus. Para mim, se ele for preso, vai ser um alívio. Menos dor de cabeça. Porque ele sai pra rua pra fazer m* para conseguir o dinheiro do K2, e eu não sei se vai voltar. Pelo menos lá dentro a gente sabe que ele tá guardado”, afirma.
Já o repórter Guilherme Belarmino e a repórter cinematográfica Gabi Vilaça foram ao Laboratório de Entorpecentes do Instituto de Criminalística de São Paulo para mostrar a complexidade dos testes que tentam identificar os canabinóides sintéticos que estão nas drogas chamadas de K. Ao contrário do que acontece com maconha e cocaína, a análise de moléculas de drogas sintéticas exige equipamentos que custam milhões de reais e, para dificultar o trabalho da polícia e enganar os peritos, os traficantes sempre desenvolvem novas substâncias, o que exige uma constante atualização por parte das autoridades.