Marcelo Odebrecht diz que obras no sítio de Atibaia foram para ‘pessoa física do Lula’
Por Bahia Notícias
Os ex-presidentes da Odebrecht, Marcelo e Emílio Odebrecht, confirmaram em depoimento à juíza federal Gabriela Hardt, nesta quarta-feira (7), que a empreiteira custeou obras no sítio em Atibaia para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Marcelo, as intervenções foram destinadas à “pessoa física do Lula”. De acordo com ele, esta foi a primeira vez que a Odebrecht fez uma “coisa pessoal” para Lula. “Até então, por exemplo, tinha tido o caso do terreno do instituto, bem ou mal, era para o Instituto Lula, não era pra pessoa física dele”, relatou. Presidente da empresa na época em que as intervenções ocorreram, Marcelo disse que só ficou sabendo da obra no sítio quando ela tinha começado. Ele inicialmente resistiu por causa dos riscos de que a obra fosse descoberta. Ainda segundo o condenado na Operação Lava Jato, os valores gastos com as obras foram descontados da planilha gerenciada pelo ex-ministro Antônio Palocci, que reuniria pagamentos de propina ao PT. “Eu até combinei com o Palocci. Vamos fazer aqui um débito na planilha italiano de R$ 15 milhões, eu e você, que é para atender esses pedidos que nem eu e você ficamos sabendo que Lula e meu pai acertam”, disse Marcelo. Outro que prestou depoimento no processo do sítio de Atibaia foi o ex-diretor da empreiteira Alexandrino Alencar. Ele disse que as obras foram feitas a pedido da ex-primeira dama Marisa Leticia, que teria manifestado interesse em presentear Lula quando ele deixasse o comando do país. As obras tiveram início em 2010. “Emílio [Odebrecht] disse: ‘não, lógico’. Eu acho que nós temos uma retribuição a isso, a tudo que o presidente fez pela organização”, afirmou o ex-diretor, que, assim como Emílio e Marcelo, fez acordo de delação premiada. Já Emilio confirmou que aprovou o pedido de realização da obra no sítio feito por Marisa Leticia para Alexandrino. Contou também que recomendou ao diretor que fosse o “mais discreto possível” na execução das intervenções. Emilio afirmou que Lula “pessoalmente” nunca lhe pediu nada.