‘Parem de explorar a fragilidade humana’, diz papa Francisco aos gigantes de tecnologia
Por g1
O papa Francisco fez um apelo nas redes sociais neste sábado (16) para os gigantes de tecnologia pararem de “explorar a fragilidade humana, as vulnerabilidades das pessoas”. Ele também solicitou mudanças de outros grandes grupos de setores, como saúde, alimentação e armamento.
Segundo o papa, o mundo precisa dar “um rosto humano” aos “nossos modelos socioeconômicos”.
Ele pediu para a vacina ser acessível a todo mundo, para a natureza não ser destruída, para não haver incentivo a guerras e violência, para não explorarem a fragilidade humana etc. As mensagens do pontífice foram muito compartilhadas na internet.
Em setembro deste ano, o papa Francisco já havia manifestado preocupações com os avanços tecnológicos e solicitado aos gigantes do Vale do Silício para evitar uma nova forma de “barbárie”.
Leia abaixo a íntegra do que o papa Francisco escreveu:
“Devemos dar aos nossos modelos socioeconômicos um rosto humano, porque muitos modelos o perderam. Pensando nestas situações, quero pedir em nome de Deus:
Aos grandes laboratórios, que quebrem as patentes. Realizem um gesto de humanidade e permitam que todo ser humano tenha acesso à vacina.
Aos grupos financeiros e aos organismos internacionais de crédito, que permitam aos países pobres garantir as necessidades de seu povo e perdoar aquelas dívidas que muitas vezes contraíram contra os interesses daqueles mesmos povos.
Às grandes empresas de mineração, petrolíferas, florestais, imobiliárias, agroalimentares, que deixem de destruir a natureza, de poluir, de intoxicar os povos e os alimentos.
Às grandes empresas de alimentos, que deixem de impor estruturas de monopólio de produção e distribuição que inflacionam os preços e acabam por impedir o pão ao faminto.
Aos fabricantes e traficantes de armas, que cessem totalmente suas atividades que fomentam a violência e a guerra, muitas vezes no tabuleiro de jogos geopolíticos, cujo custo são milhões de vidas e deslocamentos.
Aos gigantes da tecnologia, que parem de explorar a fragilidade humana, as vulnerabilidades das pessoas, para obter lucros.
Aos gigantes das telecomunicações, que liberem o acesso a conteúdos educacionais e o intercâmbio com os professores através da internet, para que as crianças pobres possam receber uma educação em contextos de quarentena.
Aos meios de comunicação, que acabem com a lógica da pós-verdade, com a desinformação, a difamação, a calúnia e com aquela atração doentia pelo escândalo e o túrbido; que busquem contribuir à fraternidade humana.
Aos países poderosos, que parem com as agressões, os bloqueios e as sanções unilaterais contra qualquer país em qualquer parte da terra. Os conflitos devem ser resolvidos em instâncias multilaterais, como as Nações Unidas.
Aos governos e a todos os políticos, que trabalhem pelo bem comum. Não ouçam somente as elites econômicas e estejam a serviço dos povos que pedem terra, casa, trabalho e uma vida digna em harmonia com toda a humanidade e com a criação.
A todos nós, líderes religiosos, que jamais usemos o nome de Deus para fomentar guerras. Estejamos ao lado dos povos, dos trabalhadores, dos humildes e lutemos juntos para que o desenvolvimento humano integral seja uma realidade. Construamos pontes de amor.”