Santaluz: Colégio José Leitão culmina fase final do projeto ‘Literaturas Luzenses’ com a Literatura Musical
Na tarde desta quinta-feira (17), no auditório do Colégio Estadual José Leitão, foi culminada a etapa final do projeto pedagógico ‘Literaturas Luzenses’. O evento contou com a presença do público alvo (estudantes das primeiras séries dos turnos vespertino e noturno) de professores, de egressos, de alunos de outras séries, de estudantes universitários e de outros ouvintes. Além do corpo docente ter sido representado pela professora Luciana Martins e do corpo discente pelo aluno Thierly Araújo, a mesa foi composta pelo palestrante oficial desta etapa (Literatura Musical), o cantor, compositor e músico Junnior Nunes e por todos os escritores luzenses estudados nas três etapas precedentes: Anedy Belisário (Literatura Poética), Rondinelly Rios (Literatura Religiosa, estudo que ganhou destaque por ter sido abordado no tema do Enem) e Tayane Sanschri (Literatura Prosaica). Como assinalou o aluno Anderson de Carvalho Santos: “Foi um encontro de Gigantes luzenses”.
Fazendo um breve histórico acerca do projeto ‘Literauras Luzenses’, o professor Hamilton, explicou: “Esta ação pedagógica surgiu da necessidade de suscitar a valorização das obras literárias de autoria de luzenses, objetivando, no geral, oportunizar ao aluno o estudo acerca das obras literárias de autoria dos autores da terra, bem como a apropriação ao acervo de informações e saberes nelas contidos. Em suma, o projeto se desenvolveu através de uma metodologia que primou pela aplicação de oficinas didáticas com os alunos das 1ªs séries A, B, C, D, E, F (turno vespertino) e 1ª A (noturno), do Ensino Médio, sob a minha orientação e supervisão. Dessa forma, tivemos o prazer de estudar quatro nuances da literatura local (supracitadas), a iniciar pela Literatura Poética e estar finalizando com a Literatura Musical. Cada etapa foi marcada pela palestra do escritor e/ou representante do tipo de literatura trabalhada. Todavia, trazidos pelo alunado, grande número de escritores luzenses (mesmo não tendo publicações oficiais) tiveram suas obras exploradas e, também, privilegiadas em nosso projeto: poetas, na 1ª etapa; escritores de prosas poéticas, na 2ª; produtores de literatura religiosa, na 3ª; e compositores musicais nesta última. Um aspecto que merece muito destaque é o auxílio dos monitores que atuaram divinamente em cada fase, fazendo com que o nosso projeto se consumasse de fato. Nesta última etapa, o projeto contou com a colaboração de 31 monitores”. Este momento foi marcado pela apresentação de slides que pontuavam toda a trajetória do projeto com textos escritos e imagéticos.
Este ciclo do projeto teve como tema ‘A Literatura musical e a presença da mulher’, e, “Mostrar a importância do texto musical e valorizar a sua autoria, reconhecendo a música como elemento de comunicação importantíssimo para a formação de leitores proficientes e de cidadãos proativos, foi o nosso objetivo específico”, afirmou o professor Hamilton. Na oportunidade, o cantor e palestrante Junnior Nunes, como os palestrantes anteriores, foi aplaudido de pé, cantou e presenciou suas composições serem interpretadas pelos alunos e, de forma interativa, foi sabatinado, contando detalhes biográficos seus como o fato de ter vindo de uma família humilde, formada por pais precoces (por terem o concebido muito novos). Junnior declarou que teve uma infância bastante conturbada, mas graças aos seus avós paternos (Mário Pereira e Antônia Nunes Pereira, falecidos), conseguiu atravessar a fase mais difícil da sua vida, que foi a separação dos seus pais e que, por ser o primogênito, isto é, primeiro de sete irmãos (dois homens e seis mulheres, ao todo), vivenciou as fases mais difíceis enfrentadas por sua família: foi o mais cobrado, o que menos usufruiu de conforto, o mais castigado pelas represálias da vida em diversos sentidos, fatos que o levaram a um amadurecimento prematuro.
Quanto aos seus aspectos psicológicos, Junnior assinalou que, como mostram as suas composições, é uma pessoa muito sensível, que é um jovem apaixonado pela vida e que acredita muito nas pessoas (até que elas lhe provem o contrário). Para ele, o ser humano é a obra mais perfeita que Deus fez, resta todos (no sentido amplo da palavra) entenderem que possuem uma alma que vibra por paz e um coração que clama por amor à vida: sua e do outro. Junnior declarou ser brincalhão em grande escala e responsável em demasia. Cumprir seus compromissos com excelência é uma das suas maiores qualidades. Sua palavra de ordem é profissionalismo. Seu foco chama-se comprometimento. Seu hobby é curtição. Seu Norte é Deus.
Sobre as percepções acerca da árdua vida de músico, Junnior enfatizou: “Logo percebi que os artistas de 99% das cidades pequenas da Bahia ainda não conseguem viver da sua arte (e porque não dizer do Brasil), mas mesmo assim persigo este sonho: de um dia ser um músico reconhecido nacionalmente e, quem sabe, internacionalmente. O músico luzense enfrenta vários problemas, como: a falta de uma associação que os representem; a baixa valorização por parte de alguns que acham que o ‘santo da casa não faz milagre’ e estendem este pensar para os artistas da terra, que, por tocarem até em pontas de ruas, constantemente, são taxados como desgastados, chatos e até como ‘beiju de massa, que em todo canto se acha’, (como se Ivete Sangalo, Luan Santana, Wesley Safadão e Marília Mendonça – dentre outros não tivessem sofrido esta mesma rejeição); a inconsciência por parte de alguns contratantes que quebram tanto o preço do show, que, pelo visto, querem que o músico se apresente de graça; a falta de apoio cultural (patrocínios) para que o músico que pouco recebe pelo seu trabalho possa lançar e socializar suas obras em CD, DVD, etc. e consumar aparições perfeitas (de produção e de vestimentas), que é de lei”.
Junnior Nunes frisou, também que o maior aliado do artista da atualidade são as redes sociais, espaço onde este socializa as suas obras, como dizia a sua avô-empresária: ‘na tora’ e que, apesar da pouca idade (comparado a outros músicos que já têm grande tempo de carreira e muito chinelo gasto na estrada), o que mais prima é pelo casamento entre a sua arte e a vida. Por este motivo, sempre presta a sua contribuição em shows beneficentes (e não deixa de comparecer a nenhum, respeita-os da mesma forma que respeita os shows pagos, porque sabe do anseio do beneficiado pela sua presença e do seu estado de baixa autoestima por conta do problema vivenciado).
Sobre o CD ‘Aquele Moleque’, o cantor informou que é uma obra composta por 14 faixas. As músicas variam entre românticas, sertanejas, arrochas, axés pop rocks e pops. Este é o seu primeiro álbum autoral, em parceria com o Studio Ases. Por esse motivo, Junnior considera este álbum como um divisor de águas em sua vida, por tê-lo como o marco inicial do seu trabalho autoral diante do público. Em consonância com o músico, a ideia de projetar tal obra surgiu em março de 2013, quando ele decidiu contar um pouco dos seus anseios amorosos (vividos ou imaginários) em forma de canções. Daí começou a ouvir as suas primeiras composições e sentiu vontade de compartilhá-las com o seu público. Dessa forma, nasceu a ideia de formar o seu primeiro álbum, então, reuniu-as e formou o CD ‘Aquele moleque’.
Ao refletir sobre o tema da palestra ‘A Literatura musical e a presença da mulher’, falou Junnior Nunes: “A mulher é motivo de inspiração para a maioria dos poemas e, porque não incluir as composições musicais, já que elas são poemas musicalizados? Sempre procurei motivações reais para as minhas composições, como: exaltar a beleza feminina, da natureza e da vida; descrever o amor como ele é (cheio de alegrias e dores, altos e baixos); bem como o quanto é gratificante amar e ser correspondido (fase boa demais). Vejo muito a mulher como o equilíbrio do amor latente no peito de um homem e acredito piamente que sem a presença da mulher a literatura musical não seria tão rica em detalhes como ela é”.
O ponto alto da culminância foi o foco pré-final, ocasião em que, de forma sucinta, foram mostrados os resultados do projeto através de homenagens feitas aos autores representantes de cada fase, com textos de autoria dos alunos (motivados pelos escritores e tipo de literatura de cada fase): Anedy foi homenageada pelo aluno Thierly Araújo, com o poema ‘José Leitão’; a aluna Rebeca Santos mostrou seus dotes e dedicou o texto religioso ‘A importância de ler a Bíblia Sagrada’ ao autor Rondinelly; Milaine Leite reverenciou a escritora Tayane com a prosa poética ‘Estrelinha’ (emocionando a plateia) e o músico Junnior Nunes foi condecorado pelos alunos Deize Góes e Clebson Vitório, com a música ‘Foi ele’. Cada escritor das três fases anteriores deixou as suas impressões acerca do projeto ‘Literaturas luzenses’, sempre parabenizando ao professor Hamilton pela iniciativa de priorizar o estudo dos escritores de Santaluz.
Doravante, o palestrante destaque, o músico Junnior Nunes fez as suas considerações finais, recheadas de agradecimentos e dando dicas a todos aqueles que sonham em seguir a carreira de músico, quer seja como compositor (a), cantor (a) ou tocando algum instrumento. O músico parabenizou o professor Hamilton por priorizar o estudo da literatura local e por ter socializado a sua obra e de tantos artistas luzenses num âmbito tão consistente como a escola. Enfim, professor Hamilton deu o evento como encerrado e entre aplausos, todos os autores presentes, carinhosamente, atenderam aos anseios do alunado, passando para as sessões de fotos, abraços e afagos.
Redação Notícias de Santaluz