Shopping de Lauro de Freitas é alvo de ataques na internet após instalação de placas contra transfobia em banheiros
Por TV Bahia e g1 BA
O Parque Shopping Bahia, localizado em Lauro de Freitas, na Região Metropoliana de Salvador, foi alvo de ataques na internet após instalar placas contra a transfobia em banheiros do centro comercial. A ação foi promovida por causa do Dia do Orgulho LGBTQIAP+, celebrado em 28 de junho, e tem como objetivo reafirmar os direitos da comunidade.
As placas contavam com a seguinte mensagem: “Todos são bem-vindos. No Parque Shopping Bahia você é livre para usar o banheiro correspondente ao gênero com que se identifica. Transfobia não!”. Elas foram retiradas depois da polêmica levantada na internet.
Nas redes sociais, grupos conservadores criticaram a ação com mensagens como: “Absurdo mulher dividir banheiro com trans! Quem lacra, não lucra!” e “Já imaginou sua filha de 5, 7, 10 anos entrar no banheiro com um marmanjo de 40, 50, ou seja lá qual idade for, porque diz se achar mulher?”.
Por meio de nota, o Parque Shopping Bahia disse que as placas com a mensagem afirmativa em relação ao uso do banheiro integravam a primeira etapa desta campanha. O centro de compras afirmou ainda que respeita os direitos adquiridos e combate todo tipo de preconceito.
Para representantes da comunidade LGBTQIAP+, as mensagens não são apenas críticas, mas sim crimes de LGBTfobia.
“Estamos encarando como violência, agressão e LGBTfobia. A LGBTfobia abrange a homofobia, [a bifobia], a lesbofobia e a transfobia, que é o que está em questão, justamente por conta do shopping ter colocado a placa e os conservadores virem e atacarem, não só o estabelecimento, mas a nossa comunidade”, disse a ativista Tetê Carrera.
O ativista Onã Rudá destacou que a retirada da placa não anula o direito da comunidade. “Tirar a placa tira o direito? Não tira. Nesse caso, pela forma como a placa foi retirada é perigoso, porque alguém pode achar que isso tira o direito e aí, de fato, diante disso, agredir uma pessoa trans”.
Apesar da polêmica levantada nas redes sociais, o uso do banheiro conforme a identidade de gênero é um direito garantido pela Justiça para pessoas trans e travestis há pelo menos sete anos.
A resolução federal de nº 12, de janeiro de 2015, estabelece que deve ser garantido o uso de banheiros, vestiários e demais espaços segregados por gênero, quando houver, de acordo com a identidade de gênero de cada pessoa, tanto em espaços culturais, quanto de educação.
A advogada Janaína Abreu, representante da comissão de diversidade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), explicou que negar esse direito também vai contra a Constituição Federal e salientou que qualquer pessoa que se sentir discriminada deve denunciar. “Esse é o direito das pessoas trans, garantido pela Constituição Federal, e já reconhecido pela jurisprudência brasileira”.