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:: ‘Destaque2’

‘A saúde social deve ter o mesmo status da saúde física’, diz médica

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Por Bem Estar, via g1

Homem e mulher em frente a moradia depois de enchente: determinantes sociais afetam a saúde | Foto: Rafael Urdaneta Rojas para Pixabay

O nome é comprido: determinantes sociais de saúde (SDOH em inglês) e vem ganhando cada vez mais espaço nas discussões de políticas públicas para a população. Trata-se do conjunto de fatores relevantes para o bem-estar de um indivíduo, englobando segurança financeira; acesso a educação e saúde; a moradia e seu entorno; o contexto social. Exemplos não faltam: como receitar um medicamento que necessite de refrigeração se a pessoa não tem geladeira ou vive num local com frequentes interrupções de energia? Como recomendar que o paciente caminhe e faça exercícios se ele mora numa área violenta? Esse foi o tema de um seminário on-line que acompanhei no dia 9 de março, cuja estrela foi Nichola Davis, professora da faculdade de medicina da New York University. Ela coordena o sistema público hospitalar da região – o maior do país – e diz que vivemos um momento crucial no exercício da medicina:

“A saúde social deve ter o mesmo status da saúde física. Exames e diagnósticos respondem por 20% do tratamento, o restante está atrelado a determinantes sociais”.

Nichola defende que a atuação do médico seja ampliada, de forma que ele também investigue o perfil social de seus pacientes, mas afirma que o sistema de saúde não pode se limitar a identificar as necessidades: “precisamos dar suporte para que as pessoas encontrem caminhos para diminuir sua insegurança alimentar, ou tenham acesso a apoio legal para conseguir benefícios”.

A assistente social Erin McAleer, diretora do Projeto Bread, se dedica a combater a fome que, segundo ela, atinge 21% das famílias no rico estado de Massachusetts, onde atua:

“Um problema sistêmico demanda uma solução sistêmica. Por exemplo, despensas ou bancos de alimentos em hospitais públicos”.

Erin lembrou a trajetória da mãe, que deu fim a um casamento abusivo e criou três filhos sozinha: “depois de pagar o aluguel e as contas, às vezes faltava dinheiro para o supermercado. Eu gostaria que, há 35 anos, o serviço de saúde nos perguntasse sobre os desafios que enfrentávamos para nos alimentar”.

Caroline Fichtenberg é professora da University of California, em San Francisco, e diretora de uma rede que pesquisa e avalia intervenções sociais (Social Interventions Research and Evaluation Network). Sua proposta é atuar em quatro frentes, sendo que o mais urgente é investir em mão de obra qualificada:

“Os trabalhadores do sistema de saúde deveriam ajudar os pacientes a realizar as conexões para suprir suas necessidades. Os problemas vão da falta de documentos à dificuldade de lidar com a tecnologia. Sabemos que lidar com indivíduos que enfrentam grandes dificuldades é fator de estresse e burnout para a equipe. Poder ajudar mais efetivamente melhorará o ambiente de trabalho”.

Um outro passo importante seria integrar os dados da saúde, para que profissionais de diferentes setores possam compartilhar informações. Isso possibilitaria a criação de soluções personalizadas para cada caso. A terceira frente seria aumentar a integração com a comunidade: “temos que criar pontes que facilitem o endereçamento de questões como a falta de moradias ou bancos de alimentos”. Por último, ela apela para que ninguém tente “reinventar a roda”: “já dispomos de informações e expertises de sobra, agora é hora de criar alianças”.

Seth Berkowitz, professor associado da faculdade de medicina da University of North Carolina, enfatizou que, embora o sistema de saúde tenha avançado bastante no campo da prevenção, se limita a responder às condições existentes: “ainda estamos mitigando problemas, sem reformular nada. E precisamos ser humildes e ouvir as pessoas para entender qual é a melhor forma de ajudá-las”.

Jovem compra iPhone pela internet e recebe perfume para bebê

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Por g1 PE

Biomédico recebeu uma colônia no lugar do celular que havia comprado | Foto: Reprodução/WhatsApp

O biomédico Lucas Portela, morador do Recife, tomou um susto ao receber a embalagem contendo uma encomenda feita pela internet. Ele informou que comprou um iPhone em um site de vendas. Quando abriu o pacote, no entanto, havia apenas um perfume para bebês.

Lucas usou as redes sociais denunciar o que aconteceu. Ele afirmou que queria, ao menos, uma resposta da Amazon, onde comprou o celular. O modelo de telefone custou R$ 3.201.

Nesta segunda (20), ele contou ao g1 que, inicialmente, a entrega da encomenda estava prevista para o dia 16 de março, mas o processo atrasou.

“Entrei em contato com o serviço de atendimento ao cliente e me informaram que a distribuidora tinha feito alguma coisa errada no sistema. Eles informaram também que estava constando que o produto tinha saído, mas não tinha”, disse Lucas.

No sábado (18), ele recebeu várias encomendas em casa. Por causa da quantidade de embalagens, disse não ter notado nada de “anormal” nos pacotes.

“Pelo peso, achei que realmente tinha sido a embalagem do produto que eu tinha comprado. Mas, quando eu abri, era um perfume”, afirmou.

O biomédico disse que o serviço de atendimento ao cliente o orientou a devolver o produto pelos Correios e que a devolução do dinheiro seria avaliada.

“E agora eu estou nesse aguardo. Caso não devolva, vou entrar com medidas jurídicas, né? Porque mesmo eles devolvendo o dinheiro eu já fui lesado como consumidor”, afirmou Lucas. Ele também contou que o nome da transportadora não informado pelo site.

O que fazer em casos assim

De acordo com o Procon Recife, em casos como esse, é indicado que o consumidor faça fotos da embalagem e do produto e, imediatamente, entre em contato com a loja e com a transportadora para registrar a reclamação.

O órgão de defesa do consumidor disse também que é importante que o comprador guarde todas as provas, como protocolos de contato e registros de mensagens de texto.

Além disso, a pessoa também deve registrar boletim de ocorrência na delegacia. Caso o problema não seja resolvido, o consumidor poderá abrir reclamação no Procon Recife contra os fornecedores.

Fentanil: droga que mais mata nos EUA é apreendida com traficantes pela primeira vez no Brasil

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Por Fantástico

Fentanil: droga que mais mata nos EUA é apreendida com traficantes pela 1ª vez no Brasil | Imagem: Reprodução/TV Globo

A droga que mais mata nos Estados Unidos foi apreendida com traficantes pela primeira vez no Brasil: o fentanil, um anestésico 50 vezes mais viciante que a heroína e 100 vezes mais forte do que a morfina.

A apreensão foi feita pela Polícia Civil do Espírito Santo e chamou a atenção das autoridades americanas. A maior agência de combate às drogas do mundo, a DEA, falou com exclusividade ao Fantástico.

Pessoas vagando sem rumo nas ruas, episódios de overdose nas calçadas: o Fantástico mostrou em 2022 o poder devastador do fentanil nos Estados Unidos.

Quando surgiu, esta semana, a notícia de que a droga foi encontrada com traficantes no Brasil, dois agentes americanos foram para o Espírito Santo. De acordo com a polícia, o dono da droga não é um traficante que domina pontos de vendas em periferias das cidades, e sim um fornecedor do traficante.

Como e onde os traficantes tiveram acesso a essa substância? A polícia afirma que ela veio de Minas Gerais, foi produzida lá e seria oficialmente entregue em um hospital do Espírito Santo. Agora, a polícia quer saber se o fentanil foi desviado durante o transporte ou se ele chegou até o hospital e foi vendido para os traficantes.

A polícia acredita que os traficantes possam estar usando o fentanil para batizar outras drogas. O que aconteceu no caso da apreensão é que eles não tiveram tempo de fazer a mistura.

“A principal linha de investigação indica que o fentanil seria utilizado para misturar em outras drogas, a exemplo da cocaína, mas, também, possivelmente em drogas sintéticas, como LSD e ecstasy”, diz o delegado de Polícia Civil, Tarcísio Otoni Perusia.

A chefe do escritório da Agência Antidrogas dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, Ivone Schon, falou com exclusividade ao Fantástico sobre a preocupação com a entrada do Fentanil no país:

“É a primeira vez que ficamos sabendo que teve uma apreensão de fentanil no Brasil com traficantes de drogas. Estados Unidos e Brasil têm uma parceira de trabalho para facilitar e trabalhar conjuntamente, para conscientizar sobre a ameaça de fentanil. Atualmente, nos Estados Unidos, fentanil é a maior ameaça para os nossos filhos, nossas famílias e nossa comunidades”.

Estudo indica que quase 15% dos estudantes brasileiros são vítimas de violência sexual antes dos 18 anos

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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Um levantamento realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostra que a violência sexual tem elevada prevalência entre estudantes de 13 a 17 anos no Brasil. De acordo com os dados, divulgados na última terça-feira (14), 14,6% relataram já ter sofrido abuso sexual alguma vez na vida e 6,3% relataram já ter sofrido estupro.

A análise da UFMG utilizou informações da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), de 2019, realizada em escolas públicas e privadas do Brasil, com 159.245 adolescentes de 13 a 17 anos.

Como noticiou a CNN, nessa edição do levantamento, as questões sobre violência sexual foram reformuladas, com detalhamento das vivências de abuso e de estupro, e também foi acrescentada uma pergunta para que o adolescente identificasse o responsável pelas violências.

O estudo traz definições acerca do que é violência sexual. De forma ampla, o termo diz respeito a qualquer ação na qual uma pessoa obriga a outra a ter, presenciar ou participar de alguma maneira de interações sexuais, valendo-se de uma posição de poder ou fazendo uso de força física, coerção, intimidação ou influência psicológica.

Ela se distingue em dois tipos: o abuso sexual e o estupro. Estupro seria a situação em que “alguém ameaçou, intimidou ou obrigou a ter relações sexuais ou qualquer outro ato sexual contra a sua vontade”, enquanto o abuso sexual é definido como a situação em que “alguém o(a) tocou, manipulou, beijou ou expôs partes do corpo contra a sua vontade”.

Os pesquisadores da UFMG identificaram que as maiores prevalências de violência sexual ocorrem com adolescentes do sexo feminino, da faixa etária de 16 e 17 anos, informa o estudo. Além disso, a pesquisa conclui que as agressões são, em sua maior parte, de pessoas do núcleo familiar e das relações íntimas e de afeto da vítima.

Segundo a pesquisa, os agressores mais comuns, tanto para o abuso sexual quanto para o estupro, foram namorado, ex-namorado ou ficante. Além disso, entre os escolares que sofreram estupro, mais da metade relatou ter sido vítima dessa violência antes dos 13 anos de idade.

Mulher trans é morta a tiros dentro de casa no interior da Bahia

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Por g1 BA e TV São Francisco

Mulher trans é morta a tiros dentro de casa no norte da Bahia | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Uma mulher trans, conhecida como Laila, de 27 anos, foi morta a tiros dentro de uma casa, na noite de quinta-feira (16), na cidade de Jaguarari, no norte da Bahia. Segundo a Polícia Civil do município, ainda não se sabe a motivação do crime, já que ela foi encontrada sozinha no imóvel. Laila chegou a ser socorrida por equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levada para o Hospital Municipal de Jaguarari, mas não resistiu aos ferimentos. A polícia investiga a autoria do assassinato.

Nova regra fiscal vai expor queda de braço no governo

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Por blog da Julia Duailibi

Fotos: Evaristo Sá/AFP; Marcelo Camargo/Agência Brasil

A aguardada reunião sobre o novo arcabouço fiscal com o presidente Lula vai expor uma queda de braço cada vez menos discreta entre os ministérios da Fazenda e da Casa Civil.

Integrantes da equipe econômica temem que a nova regra seja bombardeada por Rui Costa, hoje considerado o homem mais forte do governo e colecionando, a ritmo acelerado, inimigos na Esplanada.

Há expectativa sobre o grau de afrouxamento e exceções para investimento, que devem ser demandadas pela Casa Civil.

Os detalhes da nova regra serão apresentados na tarde desta sexta-feira, mas já se sabe que ela deve propor um crescimento menor das despesas em relação ao crescimento da arrecadação, zerar o déficit fiscal em 2024 e um mecanismo anticíclico, que permitiria mais afrouxamento da regra de gastos em tempos de baixo crescimento.

A Fazenda costurou estratégias nos últimos dias diante da visão de que a Casa Civil seria o polo de maior resistência.

Fecharam o apoio de outros ministros ao novo ordenamento (Geraldo Alckmin e Simone Tebet receberam exposições sobre os detalhes da regra antes de seus pares e, inclusive, antes do presidente), costuraram o apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira, que nos últimos dias virou fã número 1 de Haddad, e articularam a apresentação a Lula antes de expor a regra à Junta Orçamentária na semana que vem.

Nessa reunião, a Casa Civil chegaria com aliados na discussão, em razão do alinhamento, pelo menos programático, com Esther Dweck (Gestão).

‘Já caiu o preço da picanha?’, pergunta Lula durante brincadeira com criança em evento

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Por g1

Foto: Reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) brincou com uma criança durante cerimônia na sede da hidrelétrica Itaipu Binacional, na fronteira do Brasil com o Paraguai. Abordado por um menino, Lula perguntou a ele se o preço da picanha já havia caído no Brasil.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço da carne vermelha no Brasil recuou 1,22% em fevereiro, a maior queda nos últimos 15 meses.

Durante a campanha à presidência da República, Lula disse várias vezes que, se fosse eleito, o povo voltaria a comer picanha e a tomar cerveja aos finais de semana. As falas foram alvo de críticas de adversários.

Lula brincou com o garoto durante cerimônia de posse do ex-deputado federal Enio Verri (PT-PR) como novo diretor-geral brasileiro da hidrelétrica Itaipu Binacional. O evento ocorreu em Foz do Iguaçu (PR).

O presidente do Brasil discursava quando foi interrompido por um menino, que falou algo sobre o preço da picanha.

O petista, então, perguntou ao garoto em tom de brincadeira: “Já caiu o preço da picanha?”.

A plateia riu e aplaudiu. Na sequência, Lula explicou a brincadeira ao presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, que estava presente ao evento.

“Para o presidente do Paraguai entender, eu, durante a minha campanha, eu dizia que o povo brasileiro ia voltar a comer carne, que o povo brasileiro ia voltar a comer picanha. Cadê esse garoto? Pode ficar certo que, quando o pai dele comprar a primeira picanha, ele vai ter que me ligar e falar: ‘Oh, Lula, estou comendo a primeira picanha'”, afirmou o petista.

“Porque vai baixar o preço da carne neste país. Precisa baixar. Vamos dar um tempo aí, também porque as coisas não podem acontecer do dia para a noite”, completou Lula.

Jovem é preso suspeito de agredir ex-companheira com cabo usado para carregar celulares

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Por g1 BA

Crime é investigado na Delegacia de Eunápolis, na Bahia | Foto: Reprodução/Google Maps

Um jovem de 20 anos foi preso em flagrante suspeito de agredir a ex-companheira com um cabo usado para carregar celulares, na madrugada desta quarta-feira (15), na cidade de Itapebi, no sul da Bahia. Segundo a Polícia Civil, o suspeito foi levado para a Delegacia Territorial (DT) de Eunápolis, onde foi autuado por lesão corporal dolosa no contexto de violência doméstica e por descumprimento de medida protetiva de urgência. Não há informações sobre o estado de saúde da vítima.

Homem é preso por suspeita de agredir esposa e atear fogo na casa onde vivia com a vítima na Bahia

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Por g1 BA e TV Sudoeste

Carro pipa foi chamado para debelar fogo | Foto: Polícia Militar da Bahia

Um homem foi preso por suspeita de bater na esposa e atear fogo na própria casa em Piripá, no sudoeste da Bahia. Segundo a Polícia Militar, o crime aconteceu na noite de domingo (13) e o suspeito já foi encaminhado ao Conjunto Penal de Vitória da Conquista, também no sudoeste do estado.

Conforme foi informado pela PM, os agentes faziam rondas no bairro Califórnia, quando foram acionados para o caso. Vizinhos da vítima contaram à polícia que o casal brigou, ele agrediu a mulher e depois colocou fogo na casa onde os dois viviam juntos.

Quando a polícia chegou no local, a casa estava em chamas e o casal ainda estava no imóvel. Foi preciso a ajuda dos vizinhos e um caminhão-pipa para o fogo ser debelado.

A vítima foi encontrada com ferimentos causados pelas agressões. Não se sabe se ela foi encaminhada para alguma unidade de saúde, nem o estado de saúde dela.

O suspeito foi preso em flagrante e responderá por violência doméstica e incêndio criminoso.

Congresso terá valor recorde de emendas com Lula, que ainda busca ter base sólida

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Por Folhapress

Pacheco, Lula e Lira no dia da posse do presidente da República | Foto: Ricardo Stuckert/PR

Após o fim das chamadas emendas de relator, usadas como moeda de troca no governo Jair Bolsonaro (PL), o Congresso Nacional negociou com o PT, alterou o Orçamento e terá um valor recorde em emendas neste ano. São R$ 46,3 bilhões para os parlamentares.

Os números vultosos para atender a projetos de parlamentares não garantiram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a formação de uma base de apoio sólida no Congresso. Sinalizam um estreitamento na margem de negociação do Executivo, com deputados e senadores menos dependentes do Palácio do Planalto para executar obras em seus redutos eleitorais.

Os recursos para 2023 superam o montante de 2020, ano de ampliação dos gastos públicos por causa da pandemia. Os valores inéditos foram obtidos neste ano apesar de o STF (Supremo Tribunal Federal) ter banido o uso das emendas de relator no fim de 2022, alegando inconstitucionalidade nesse tipo de despesa.

Havia R$ 19,4 bilhões em emendas desse tipo para serem distribuídas pela cúpula do Congresso em negociações políticas em 2023. Surpreendidos pela decisão da corte, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e líderes do centrão passaram a costurar um acordo com Lula.

Na prática, o resultado é que o Congresso manteve o controle sobre todo o dinheiro que iria para as emendas extintas pelo Supremo.

Uma parte da verba foi usada para inflar as emendas individuais —a que todo deputado e senador tem direito. A outra fatia passou para as mãos dos ministérios de Lula.

O PT apresentou esse acordo como uma divisão igualitária. No entanto, articuladores políticos do governo admitem, nos bastidores, que os R$ 9,8 bilhões que foram herdados pelos ministérios após a decisão do STF serão usados para atender pedidos de parlamentares —ou seja, como se fossem emendas também.

O governo não é obrigado a executar esses R$ 9,8 bilhões segundo os pleitos de membros da Câmara e do Senado.

Mas, para tentar ampliar o apoio de Lula no Congresso, o Palácio do Planalto já prevê usar parte do dinheiro para cumprir promessas de emendas feitas por Lira para se reeleger à Câmara e acordos políticos feitos no ano passado, antes da decisão do STF.

Além de manter poder sobre os recursos das emendas de relator, o Congresso ainda turbinou outro mecanismo: as emendas de comissão.

Esse tipo de recurso saltou de cerca de R$ 400 milhões no ano passado para cerca de R$ 7,6 bilhões. Isso significa que a cúpula da Câmara e do Senado assegurou mais uma fatia do Orçamento para os interesses parlamentares. Foi uma reação à decisão do STF, dizem integrantes influentes do Legislativo.

O dinheiro será dividido segundo alianças políticas, e a operação será comandada pelo senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator do Orçamento e presidente de uma comissão que detém quase todo o bolo dessas emendas.

Na última segunda-feira (6), Lira expôs a fragilidade das alianças políticas do petista em conversa com empresários. Afirmou que Lula foi eleito democraticamente, mas com uma margem mínima.

Ele disse ainda que o governo não tem votos para aprovar leis por maioria simples, muito menos para avançar em propostas constitucionais, como é o caso da reforma tributária —uma das prioridades do governo para 2023.

Para tentar ampliar sua base no Congresso, o Palácio do Planalto tem oferecido também cargos de segundo e terceiro escalão, principalmente, a deputados.

Apesar de Lula ter dado ministérios a partidos de centro, como MDB, PSD e União Brasil, parlamentares dessas siglas ainda não firmaram uma aliança sólida com o governo.

Essa operação tem sido comandada pelo ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais).

Integrantes do Planalto reconhecem que a reconstrução da base é mais difícil diante de um Congresso eleito mais à direita e com líderes que foram alinhados a Bolsonaro.

Há queixas no Congresso sobre a demora na liberação de indicações políticas para cargos no governo. Mas, segundo auxiliares de Lula, a estratégia é atender aos pedidos de acordo com a necessidade de aprovar propostas de interesse do Planalto no Congresso.

No caso das emendas, quase metade da verba reservada para parlamentares é de emendas individuais. Elas somam R$ 21,2 bilhões neste ano e são divididas igualmente entre todos os deputados (R$ 32 milhões para cada um) e entre senadores (R$ 59 milhões).

Esses valores representam um forte aumento em relação ao padrão das emendas individuais de anos anteriores. Em 2021 e 2022, por exemplo, eram de aproximadamente R$ 18 milhões por parlamentar, com valores iguais para deputados e senadores.

Isso foi resultado da negociação com Lula no fim do ano passado em relação à divisão da verba das extintas emendas de relator. Como os senadores tinham uma cota maior no mecanismo amplamente usado no governo Bolsonaro, eles passaram a ter direito a um valor maior.

As individuais, que agora foram infladas, são de execução obrigatória. Isso significa que o governo precisa realizar os projetos e obras indicados pelo congressista, mesmo que ele seja da oposição.

O Planalto tem pouca margem de manobra com essa verba. Consegue, por exemplo, priorizar emendas de aliados e deixar as de opositores para dezembro, ou seja, o pagamento fica para o ano seguinte.

Além disso, o plano de articuladores políticos é apresentar projetos de cada ministério para tentar convencer deputados e senadores que usem as emendas (individual, de bancada estadual, de comissão ou dos R$ 9,8 bilhões reservados a eles) em políticas públicas do governo Lula.

Dessa forma, manteria o crédito ao parlamentar, que continuaria como padrinho da iniciativa no próprio reduto eleitoral.



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